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Raúl Pires raul.pires@entroncamentoonline.pt

Das paixões que nos invadem; que dominam as inteligências e dirigem os comportamentos, há três que nos dividem: a desportiva, a religiosa e a política. Ser do Benfica, do Porto ou do Sporting é-me indiferente. Ser crente, agnóstico ou ateu tem a ver como cada um encara a existência aquém e além morte. Mas, quanto à Política, a coisa já é diferente. Quer queiramos quer não, fazemos parte de determinada comunidade política – Estado e sofremos, diariamente, as consequências das decisões políticas tomadas pelos órgãos directivos do Estado, começando pelo Governo.

Ainda há pouco tempo, vimos como os partidos políticos desceram às ruas; como se misturavam com o comum dos cidadãos na tentativa de os auxiliarem a tomar as melhores decisões perante as propostas políticas apresentadas, variando da extrema-direita até à extrema-esquerda, guiando-os na escolha dos mais capazes para governarem o país.

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Após as eleições, tudo muda. O regime democrático permanece nos campos, ruas e praças das aldeias, vilas e cidades, mas o sistema político refugia-se no convento de São Bento. O sistema político habita no nobre mundo do Poder que tem como residência um Palácio. Os processos de decisão e as relações de poder- os principais elementos do sistema político- parecem pertencer a outro mundo que não o do cidadão normal, que é, afinal, o verdadeiro detentor do poder democrático. Os fins e as funções do Estado são secundarizados em relação às ideologias reinantes no Palácio de São Bento.

As ideologias enquanto sistema de valores, princípios, pensamentos, atitudes e comportamentos, estão em constante evolução. Se não se adaptarem às exigências que os tempos lhes apresentam, ficarão desadequadas e caducas e, então, no vazio surgirão ideologias-respostas.

Porém, no dia-a-dia, o que os eleitores esperam dos governantes é uma coisa muito simples: trabalhem todos na prossecução do bem-comum. E fazê-lo é manter a segurança interna e externa dos cidadãos; é ter boas escolas, bons hospitais; é promover o bem-estar social e proteger o meio ambiente, zelando pela segurança de pessoas e bens. Que combata a corrupção e que contribua para tornar o cidadão mais honesto e culto.

É certo que para fazer face a estas obrigações, o Estado deve ter recursos humanos e materiais suficientes. Por isso, deve proceder à fixação dos salários e dos impostos. O bom governo, isto é, o governo inteligente parece-me ser aquele que é criterioso na fixação dos impostos, que é empreendedor na aquisição de fundos, mas que não sobrecarrega o contribuinte com uma pesada carga fiscal. É fácil reduzir os salários e as pensões, mas é bem mais difícil encontrar outras soluções que não onerem o contribuinte. Quanto menos o Estado intervier na minha vida, mais livre me sinto. O corpo e a direcção do Estado devem estar ao serviço do cidadão e não o contrário. Por isso gosto e defendo o regime democrático.

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