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Tenho a certeza de que não vais gostar da afirmação que estou prestes a fazer.
Na verdade, vais achar que estou a escrever isto num dia mau e que estou a descarregar todas as minhas frustrações aqui.

O que não é inteiramente mentira, mas este não é o caso.

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Não é o caso porque o mundo carrega os motores a todo o vapor para romantizar o que não deve ser romantizado e isso torna-se perigoso quando tratamos a nossa verdade com tanta leveza.

Devemos ser mais leves connosco? Claro.
Iremos conseguir sê-lo sempre? Provavelmente não.

E é aqui que quero chegar.

A afirmação que trago hoje é extremamente dura. Ao início, não vais concordar.
Mas desafio-te a ficares até ao fim. Vou dizer isto de forma crua, como quem arranca um penso rápido:

Ser vulnerável não é bonito.

(Choquei-te? Bem, alguém tinha de o fazer.)

Ser vulnerável não é bonito, não é romântico e muito menos inspirador.

Não é aquela cena de filme onde alguém, com os olhos cheios de lágrimas, assume os seus erros perante uma plateia emocionada e recebe palmas.

Não, não é.

Pode vir a ser.

Mas quando estamos a vivê-lo? É feio.

É um corpo exposto ao frio sem saber se alguém lhe vai dar um cobertor ou atirar-lhe um tijolo.
É despir a armadura e perceber que, afinal, sempre foste feito de carne.
E ninguém gosta de ver carne exposta.
E se a deixamos demasiado tempo cá fora? Apodrece.

Dizem-nos que vulnerabilidade é força.
Mas esquecem-se de nos avisar que, antes disso, é dor.

É arriscar amar e, em troca, receber silêncio.
É admitir que não sabemos e ver o julgamento na expressão de quem esperava que tivéssemos todas as respostas.
É confiar em alguém e um dia perceber que, para essa pessoa, fomos apenas uma história temporária.

Ser vulnerável é expor-te ao risco real de perder.

Mas aqui está o ponto de viragem, a verdade que muda tudo:

Quem se fecha para não perder, acaba por se perder a si mesmo.

O medo de sofrer rouba-nos mais do que a própria dor.
A vergonha de falhar atira-nos para a mediocridade.
A resistência à verdade faz-nos viver uma vida que não nos pertence.

Se queres realmente ser forte, então para de fingir que és impenetrável.
Para de esconder a tua história como se ela fosse um crime.
Para de te proteger tanto porque vais acabar por viver numa fortaleza onde ninguém consegue entrar e nem tu consegues sair.

Protege-te menos. Vive mais.

Porque o que te vai destruir não é aquilo que mostras ao mundo.
É tudo aquilo que escondes dentro de ti.

E essa… essa é a verdadeira vulnerabilidade.

SANDRA MAY

Acompanha o trabalho da autora em:
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