RUI MADEIRA | Por onde anda a reserva moral da política local?
Depois dos ecos, na comunicação social e nas redes sociais, relativos à última Assembleia Municipal (AM), não podemos deixar de fazer várias observações sobre a mesma.
No melhor pano cai a máscara
Na reunião da AM, realizada em 23-02-2023, às 21h00m, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Entroncamento (CME), assistimos a um momento de infeliz demagogia política, de alguns deputados da bancada do Partido Socialista.
Imediatamente após a intervenção de uma deputada do PSD, um deputado socialista pediu a palavra e, surpreendentemente, fez observações pouco apropriadas, deixando cair a máscara e reforçando a velha máxima de que: as ações ficam com quem as pratica.
Reserva moral precisa-se como pão para a boca
Rejeitamos este estilo de comportamento e consideramos que foi uma resposta desproporcionado à deputada do PSD, a qual fez uma intervenção conforme a conduta exigida aos deputados presentes nas reuniões da AM.
Somos adeptos da necessidade de uma forte reserva moral, para fazer cumprir o normal funcionamento das Assembleias Municipais. Só assim serão evitadas intervenções onde a trica política azeda deixará de ser o “prato” principal do “menu”.
Um chorrilho de divagações ofensivas
Quanto aos factos o deputado socialista denegriu gratuitamente os eleitos do PSD com vários “mimos”, desde: ignorantes, sem vergonha e atrevidos com falta de vergonha.
Não só pelo conteúdo, mas também pela vulgaridade do tom, foram afirmações desmesuradamente ofensivas, onde o deputado parecia deslocado da bancada socialista, fazendo lembrar os políticos locais mais radicais da “nova vaga”.
Talvez resquícios da célebre traquitana, onde o PS local não olhou a meios, para atingir os fins – que é sempre bom recordar: lugares de vereadores; delegação de competências; aprovação do orçamento. Como na altura a atitude era “usar e deitar fora”, a traquina foi descartada, depois do PS local ter concretizado os seus interesses e os interesses dos seus eleitos no executivo municipal.
A ofensa aos familiares falecidos dos eleitos do PSD: É isto socialismo?
No seu imaginário de “heroico justiceiro” local, capaz de punir com as próprias mãos, o deputado do PS condenou ainda, à boca cheia, os eleitos do PSD a burgueses de 2ª geração. oi uma forma de humilhação, dando a entender tratarem-se de pessoas de 2ª classe e de baixo nível, sem os mesmos direitos de todas as outras pessoas. É isto socialismo?
Desrespeitosamente atacou também os familiares falecidos dos eleitos do PSD (que nalguns casos vão até à 4ª geração de naturais do concelho). Esqueceu-se que os nossos antepassados contribuíram para o desenvolvimento do concelho (mesmo sem terem beneficiado de financiamentos europeus, como hoje acontece), permitindo o destaque do Entroncamento no distrito, sendo que hoje, infelizmente, é uma pequena amostra desses saudosos bons tempos.
É crime trabalhar por conta própria?
Alguns dos nossos familiares trabalharam por conta própria, como trabalhadores
independentes, é verdade. Mas isso é crime? Muitos outros familiares fizeram-no por conta de outrem, sendo trabalhadores dependentes. Uma coisa é certa: tanto uns como outros não precisaram de pertencer a partidos políticos, para ganharem o seu pão.
O que é que o deputado, da bancado do PS na AM, fez pelo concelho, para se referir aos
eleitos do PSD como burgueses de 2ª geração e denegrir os seus familiares falecidos?
Nem os mortos têm descanso com a bancada do partido socialista na AM
O respeito pela memória dos antepassados é um ato de dignidade perante quem partiu deste mundo e não se pode defender de atoardas pacóvias, vindas de quem está irresponsavelmente na política e cria inimigos artificiais (quais moinhos de vento), perante os quais carrega como um antiquado Dom Quixote.
Haja respeito!
É triste a difamação gratuita, com objetivos de manipulação da opinião pública e lavagem cerebral das pessoas do concelho, pelo recurso à deturpação da verdade, sem que esse comportamento cause qualquer problema de consciência.
Não entraremos no lodaçal que o PS pretende criar
Mas voltando à reunião: o deputado em causa, apresentou uma mirabolante teoria da
conspiração, lançando uma rebuscada atoarda, sem pés nem cabeça, sobre o problema da escola Sophia de Mello Breyner Andresen (ESMBA).
Para manipular a situação, lançou boatos à moda da política-espetáculo, tão caraterísticos das táticas rasteiras de Trump, que, como se sabe, só se sente bem num lodaçal, para onde tenta atrair tudo e todos. Não alimentaremos esse “circo”.
O deputado da bancada socialista na AM, enviou ainda um recado aos eleitos do PS, na CME, fazendo uma jogada de antecipação e prevendo a inabilidade destes, para
“levarem a carta a Garcia”, devido ao “engulho” em que se colocaram na ESMBA.
No final, após baralharem novamente: a montanha pariu mais outro rato
Perto do final da intervenção, qual não é a nossa surpresa, quando a bancada do PS propôs a mesma solução que os eleitos do PSD já tinham proposto, por diversas vezes e em várias reuniões da CME, para a ESMBA. Uma vez mais, a montanha pariu outro rato, mesmo depois de tanta baralhação.
Pena só agora terem tirado esta conclusão. Na verdade, chegaram tarde. Mas diga-se que também mais vale tarde do que nunca.
Tudo exprimido, em vez de optarem por propostas positivas, no tempo certo, divagaram
gratuitamente sem qualquer solução prática, para os assuntos em discussão e para os
problemas e necessidades das pessoas do concelho. Só mesmo “folclore”.
Quando um camião TIR entra a todo o gás numa loja de loiças e de bibelôs
Repudiamos a forma descabida das afirmações de que os eleitos do PSD foram alvo e
consideramos que resultaram da condução escolhida pelo deputado socialista, utilizando manobras de alto risco, descabidas para a ocasião e mal calculadas, tentando humilhar os eleitos do PSD.
Numa situação onde era aconselhada moderação a opção foi entrar a todo o gás, como um camião TIR, numa loja de loiças e de bibelôs, deixando tudo em cacos e com um prejuízo onde todos são afetados e de onde ninguém sai bem. E já não é a primeira vez.
Qual o sentimento de ser o alvo a abater?
Como não bastavam os alucinados impropérios com que temos sido “brindados” por outras forças políticas, também o PS tem vindo, provocadoramente, a chocar de frente com os eleitos do PSD. Isso só demonstra uma coisa: somos o alvo a abater para muita “boa gente”.
Trata-se de uma atitude estranha? Não. O PS local não consegue dizer bem si próprio, apesar do seu legado poder ter sido diferente. Assim, resta-lhe dizer mal dos outros, revelando o seu carácter. Dizer mal é fácil. Difícil é fazer…
A caricata história das reinaugurações do Secretário de Estado dos mirtilos
A seguinte história é um exemplo caricato da necessidade do PS mostrar a “obra” (que não fez), nos últimos mandatos. Tudo se passou quando o atual presidente reinaugurou as piscinas e a pista de atletismo, descerrando placas na companhia do Sr. Secretário de Estado do Desporto que, estranhamente, “acumulava” o cargo público com a gestão de uma empresa privada (dedicada à plantação e cultivo agrícola do mirtilo), onde era sócio.
Esta situação seria “normal” não fosse o Sr. Dr. Secretário de Estado ter-se (convenientemente) esquecido de a ter declarado ao Tribunal. Como refere a Lei.
Onde já vimos esquecimentos seletivos, de Ministros e Secretários de Estado do PS?
A resposta são outros 500, ou como quem diz uma outra história que fica desde já prometida para análise num futuro próximo.
Passa-se tudo “nas barbas” do Presidente-Zen da AM
Por tudo isto, repudiamos o declínio dos valores que necessariamente devem presidir a uma reunião da AM e que começam a ser a imagem de marca da bancada do Partido Socialista na AM (e não só).
As intervenções descritas são reprováveis, para a bancada em referência, mas também para quem dirige a AM, permitindo um clima de bota-abaixo, pouco favorável às necessárias atitudes respeitadoras da participação democrática na vida do concelho.
Estes comportamentos passaram-se “nas barbas” do presidente da AM. Apreciamos atitudes serenas, mas não aceitamos que o presidente da AM fique cego, surdo e mudo perante o comportamento da bancada do Partido Socialista na AM. Essa atitude quase[1]Zen não nos parece uma decisão adequada, para uma atuação com isenção, pois, como se sabe, quem cala consente.
Arrepiar caminho e acertar o passo
Há que arrepiar caminho nas reuniões da AM, pois apenas têm sido objeto de observação e reparo os comportamentos dos deputados do PSD.
Solicitamos ao presidente da AM que na condução dos trabalhos das próximas reuniões se mostre pró-ativo, acertando o “passo” aos deputados com estilos pouco ortodoxos (para dizer o mínimo), responsáveis por descabidas intervenções, capazes de pôr em causa o normal funcionamento da AM e com potencial para afetarem a dignidade recomendada para as sessões, como foi o caso da que aqui demos nota.
Há déficit democrático nos órgãos municipais
Tal como na CME, onde se verifica omissão de informações nas transcrições das declarações para as atas, na omissão de informações, relativas aos pontos das ordens de trabalho, sobre os quais se tem de deliberar, também agora na AM se verifica um déficit democrático inexplicável, com claro favorecimento do PS local.
Reuniões da AM à lupa do cronómetro
Basta verificar os tempos de intervenção das diferentes bancadas na última reunião da AM: os eleitos do Partido Socialista falaram 71 minutos, enquanto os eleitos de todos os outros partidos falaram 50 minutos. E no final quando a bancada do PSD quis fazer uma intervenção o presidente não permitiu, cortando-lhe ostensivamente a palavra.
Não há dúvida que o Presidente da AM, tomou o partido da bancada socialista.
É assim que se dirige uma reunião?
É assim que o presidente da AM zela pelo interesse maior de uma participação democrática equitativa? É assim que a democracia se torna exemplar? Não, não é!
Não é aceitável o comportamento do presidente da AM. Não é aceitável dirigir uma reunião da AM de forma parcial. Foi um caso isolado? Não, não foi. Tornou-se evidente a dificuldade do atual presidente tomar o “pulso” às reuniões.
Exortação final
Os eleitos do PSD devem exigir respostas à altura das atuais circunstâncias, para garantir que o funcionamento democrático seja uma realidade na vida do concelho, evitando atuações de total discricionariedade, ao sabor de interesses partidários e não zelando pelo interesse dos representantes de todos as pessoas do concelho, independentemente de ideologias, credos e estratos sociais.
Caso contrário todos ficaremos prejudicadas nas dificuldades do dia-a-dia, o que apenas serve para aumentar do descrédito da classe política local e, em especial, de alguns dos seus elementos. Mas o julgamento popular reconhecerá quem está de boa-fé na política (sem precisar dela para subsistir), e saberá separar o trigo do joio na altura certa.
Urgente: democracia precisa-se.
Viva o Entroncamento!