O Movimento proTEJO considera um desastre ecológico e social a estratégia “Água que une”. Em comunicado, o movimento alega que a estratégia apresentada pelo governo tem “uma visão de curto prazo que continua a favorecer o crescimento dos setores do agro-negócio, da banca, da construção civil e do imobiliário à custa da degradação de uma ecologia do planeta favorável à sustentabilidade da vida”.
“Esta estratégia é essencialmente apressada, eleitoralista, economicista e megalómana face à circunstância de um Governo demissionário cujas propostas estão objetivamente focadas, em termos de prazos de execução no curto prazo, na construção de inúmeras novas infraestruturas hidráulicas (barragens, transvases e açudes) que conduzem a um desastre ecológico e social, apresentam um risco elevado de ficarem rapidamente subutilizadas sem o retorno económico esperado, e que não foram consensualizadas com a sociedade portuguesa e com as pessoas que vão ser diretamente afetadas”, lê-se no comunicado.
Mais concretamente, o proTEJO considera, quanto à estratégia “Água que une”, que não concilia os valores económicos com os valores ecológicos e sociais, por não assegurar nem a sustentabilidade económica de médio-longo prazo, nem a sustentabilidade ambiental, só possível através de uma ação urgente sobre a conservação e o restauro da natureza e que, na realidade, conduz a um desastre ecológico e social pelos graves danos causados pelos seguintes projetos.
Na mira do Movimento proTejo estão os transvases de ligação de bacias hidrográficas distintas, nomeadamente, do Douro e do Mondego para o Tejo e do Tejo para o Guadiana com as denominadas “autoestradas da água” (ex: ligação Sabugal-Meimoa), e considera que os mesmos “vão afetar populações” e “vão permitir a transferência de poluição e de espécies entre estas bacias provocando alterações nos seus ecossistemas”.
Três projetos para o Médio Tejo
Quanto ao Médio Tejo esta estratégia propõe a concretização de três projetos: o novo açude no rio Tejo em Constância / Praia do Ribatejo (VN Barquinha), o estudo da ligação da bacia do Tejo à bacia do Guadiana, e a construção de uma nova grande barragem no rio Ocreza.
Para o proTejo estes projetos “são danosos para o funcionamento dos ecossistemas, a paisagem natural e cultural, a economia local, os espaços de vivência social e, portanto, para a Vida das pessoas, de gerações atuais e vindouras, pelo que, nos comprometemos hoje, no “Dia Internacional de Ação Contra as Barragens pelos Rios, pela Água e pela Vida”, a lutar ao lado das pessoas que venham a ser afetadas pela construção destas novas infraestruturas hidráulicas, sejam barragens, transvases ou açudes”.