A escalada de catástrofes naturais e crises humanitárias registada nos últimos anos, exemplificada pelos terramotos devastadores em Marrocos em 2023 e pelas intensas inundações que assolaram Espanha em 2024, sublinha a imperatividade de preparar as novas gerações para enfrentar cenários de emergência. Contudo, será que o sistema educativo nacional está a assumir plenamente a sua responsabilidade na construção de uma cultura de resiliência coletiva?
A resposta reside na implementação robusta de uma verdadeira Educação para o Risco. Este conceito, reiterado por entidades como o Conselho Nacional de Educação, deve transcender a esfera de complemento curricular para se afirmar como um imperativo estratégico e social. A incorporação de iniciativas pedagógicas que ensinem crianças e jovens a reconhecer, prevenir e reagir a situações de perigo não se limita a protegê-los individualmente, pois também fomenta comunidades mais informadas e resilientes e cimenta os alicerces de uma cultura abrangente de segurança.
O trabalho desenvolvido por programas como os Clubes de Proteção Civil é particularmente elucidativo, pois os dados indicam que os alunos envolvidos demonstram maior preparação e uma consciência aprofundada dos riscos que os rodeiam. Esta abordagem, no entanto, deveria ser a norma e não a exceção. Para tal, é imprescindível garantir que os docentes, enquanto agentes transformadores, sejam dotados de formação contínua e de ferramentas pedagógicas inovadoras e eficazes.
Parcerias estratégicas com entidades como os corpos de bombeiros, autarquias e organizações especializadas, podem enriquecer substancialmente este processo, promovendo a verdadeira articulação entre a teoria e a prática. A realização de simulações e campanhas educativas, bem como de dinâmicos workshops interativos, constitui um exemplo paradigmático de técnicas, métodos ou ações de formação que podem amplificar a capacidade de resposta das escolas perante a ocorrência de emergências.
Salvaguardar o presente através de políticas públicas educativas, visionárias e inclusivas corresponde ao passo estrutural para assegurar um futuro mais seguro e equilibrado para todos.
Pedro Gomes: Coordenador Municipal de Proteção Civil do Entroncamento