A Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento (SCME) chamou, no dia 20, os seus “irmãos” e “irmãs” a escolherem entre a continuidade do Provedor Firmino Marques Falcão ou um novo rumo com a lista encabeçada por António Manuel Henriques Miguel. Acabou por vencer António Miguel que, esta sexta feira, tomou posse como novo Provedor da SCME bem como a restante equipa que o acompanha nos órgãos sociais para o quadriénio 2025-2028.
António Miguel toma Posse
António Miguel com Firmino Falcão
A cerimónia de tomada de posse realizou-se na Unidade de Cuidados Continuados, uma das várias valências que a Santa Casa tem no concelho do Entroncamento.
Perante uma sala cheia de representantes de várias entidades do concelho e do país e trabalhadores da SMCE, o Provedor cessante, Firmino Falcão, agradeceu a “todos da equipa” e falou, em particular do período da pandemia, “ressalvar esta fase dos trabalhadores, com momento muito difíceis de ultrapassar. Como a crise mundial, a chegar quase ao esgotamento mas a resistirmos (…) numa instituição destas, com as várias valências, é normal ter essas dificuldades, mas foram superadas”
Firmino Falcão disse estar “honrado e reconhecido pelas pessoas que trabalharam comigo e pelas entidades, foi uma experiência de vida que marca”. Acabaria o seu discurso dando os “parabéns aos novos órgãos sócias com certeza de que se vão empenhar totalmente na instituição que agora vão representar. Num compromisso desta natureza o indivíduo cessa um pouco para se projetar em algo que está mais acima: a instituição”
O novo condutor do Alfa
Perante Paula Carloto, Diretora Distrital da Segurança Social, Jorge Faria, Presidente do Município, José Augusto Traquina Maria, Bispo de Santarém, Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos e Provedores de outras Misericórdias, o discurso de Maia Frazão, em representação da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) lembrou que a SCME é “a maior instituição social do distrito, a misericórdia com mais empregabilidade e maior intervenção social” e afirmou que “a estabilidade é uma garantia de serviços de excelência”.
“A mudança de órgãos sociais é sempre de alguma tensão. É fundamental que a partir do momento dos resultados saibamos ter uma relação fraterna na passagem dos testemunho. As misericórdias estão acima de qualquer promoção pessoal”, afirmou ainda Maia Frazão, finalizando com uma alusão ao novo Provedor António Miguel que chamou de “maquinista do Alfa, um Alfa que é altamente importante, porque todas as suas ações é acompanhada e criticada por todos, bem ou mal. Tudo o que fazemos tem intervenção na vidas das pessoas, exige muita determinação”.
Jorge Faria assinala a importância da Santa Casa
O edil entroncamentense começou por assinalar que “a SCME vai fazer 76 anos e formou-se com a ideia de dar uma resposta que não existia na área da saúde e tem o próximo grande projeto com a construção de uma nova creche”. Jorge Faria disse ainda que “a câmara sempre procurou trabalhar em projetos conjuntos e sempre tivemos a abertura da SCME”, aludindo à às finanças da instituição que “não estão numa situação brilhante, nenhuma está, mas com equilíbrio para que quem venha a seguir possa desenvolver os seus projetos.”
“Em nome da Câmara Municipal do Entroncamento, mantenho total disponibilidade e todo o interesse em trabalhar com os órgãos sociais” da SCME, finalizou.
António Miguel com confiança num futuro que o Bispo deseja de maior compaixão
“É com grande honra e grande sentido de responsabilidade que assumo este desafio”, começou por dizer António Miguel. “Ser provedor desta instituição é assumir o compromisso deste enorme legado. Juntos faremos desta Santa Casa uma instituição mais forte”, com o tónico na esperança e que esta seja “o farol. O novo Provedor lembrou um mote que o guia: “a liderança não é sobre cargos mas sobre serviços. Que este princípio nos guie”
A acabar a sua breve intervenção focou-se nos trabalhadores a quem pediu esperança e prometeu “reconhecimento pelo trabalho realizado”.
Bispo de Santarém, José Traquina
O último interveniente foi José Augusto Traquina Maria, Bispo de Santarém, pediu “compaixão”, elogiando o ex-Provedor ao mesmo tempo que felicitou o Entroncamento “por ter equipas interessadas para fazer parte dos órgãos sociais. Algo que não acontece em todo o país.”
Voltando à compaixão, o Bispo de Santarém afirmou que “estamos a desvalorizar o coração na sociedade, fascinados com tudo o que é intelectual mas acima de tudo com o desenvolvimento tecnológico. É bom e necessário? É. Mas sem compaixão? Com toda a tecnologia o homem usa-a para criar guerras”. “A compaixão é o que que estimula o indivíduo a apaziguar-se perante coisas desagradáveis”. José Maria Traquina alertou que a identidade das Santas Casas é muito importante e que a “pessoa humana tem de ser o centro da ação”.
Texto e fotos: Ricardo Alves