PUB

Era um ícone da noite. E do dia também. Para os amigos. O Joaquim Vieira, de Vila Nova da Barquinha, que era o ajuntador de memórias da vila, faleceu em 2015. Neste dia, 5 de fevereiro.

Muita gente acorria à sua cave, onde tinha o Bar 21, e o abafado, e as figuras de barro, e todas as suas criações artísticas. Entrar no seu bar, na sua cave, debaixo da sua casa cheia de livros antigos e mais recentes, música, sinfonias, era um prelúdio da noite longa.

PUB

Joaquim Vieira primava por ser distópico, lia cada um dos seus fregueses e apunhalava-os com conhecimento. Deleitava-se com o desconhecimento e alimentava-se com o seu próprio desconhecimento.

Durante muitos anos, décadas, recebeu documentos, fotografias, cartas, que alguém lhe deixava à sua porta. De fugida, contou-me certa vez.

Tinha muito cuidado com a informação que recebia. Ainda mais com a informação que transmitia.

Vila Nova da Barquinha é, hoje, vila de muitos encantos. Restaurantes, arquitetura, arte.

Tudo isso o Quim do 21 albergava. O Entroncamento era uma constante naquela cave.

Joaquim Vieira morreu mas a sua herança mantém-se viva.

Texto e foto: Ricardo Alves

PUB