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Além das várias dimensões do nosso existir, a vertente religiosa é importante para o nosso bem-estar enquanto seres humanos. Porém, nem todos aceitam tal posição. Contrariamente àqueles que negam a religião e até afirmam que a religiosidade limita a liberdade do homem, não aceitam que a Igreja tem no mundo uma missão de libertação, contribuindo, com outros agentes sociais, para a educação e formação da pessoa humana.
Têm motivos que sustentam a descrença no trabalho evangelizador da Igreja. Esta que é portadora de uma mensagem bem precisa: exigência de proceder bem, falando a verdade e ajudar os crentes e incrédulos no seu desenvolvimento intelectual e moral. Deveria estar ao serviço das pessoas, ajudando-as a compreender Deus. É que a fé também é objecto de desenvolvimento, caso contrário que sentido tem apelar, constantemente, para uma fé cega que só vem dar ânimo aos incrédulos.
Se a religiosidade é sentir, bem fundo, essa realidade que se liga ao sagrado; é cumprir essa ressonância psíquica, essas emoções feitas de reverência, de obséquio, de adoração, então, que sentido tem o cumprimento de deveres que consistem no dizer de fórmulas exteriores que não são sentidas, mas ditas mecanicamente? Sendo Deus, também, Sentido absoluto fundamental, como entender na Religião condutas carentes de sentido?
A despeito de alguns esforços por parte dalguns responsáveis da Igreja, a dúvida, a indiferença e até a contestação, ganham terreno dia-a-dia. Somos livres nas crenças que escolhemos; podemos até em nada crer, mas aqueles que dão motivos para em nada crer, apoiando-se na autoridade do seu saber, no ascendente da sua posição, e que se estão nas tintas para os mandamentos humanos e até canónicos, esses que semeiam na sociedade sementes de perturbação; ao serviço do sublime materialismo e das luxuriantes paixões humanas, incorrerão em grande responsabilidade, no futuro.
Neste tempo de positivismo, procura-se compreender antes de crer e se houve tempos em que o grau de desenvolvimento intelectual e moral era suficiente para satisfazer a doutrina da Igreja, hoje, pretende-se compreender antes de crer, essa posição já não é adequada. Hoje, à luz do mais elementar raciocínio lógico, não faz qualquer sentido pagar o céu na terra e resgatar a alma dos defuntos pagando dinheiro. É que cada nome de defunto dito na missa, rende quinze euros, valor variável de paróquia para paróquia. Isto mais me parece o negócio das almas.
Isto não é “Religião”, ou será? Antes do avança da ciência do espaço, sabíamos, porque nos diziam, onde ficava o céu. Nos tempos que correm, onde está o céu? Apoiando-me naquilo em que acredito, porque acreditar faz parte da natureza humana, o céu, ou seja, a cidade celeste coincide com a cidade terrestre. O Reino de Deus; do amor, da concórdia, da justiça, do respeito… edifica-se na terra e, como tal, o cidadão do Reino de Deus é, também, um cidadão da sociedade humana. Viver na cidade divina não será mais do que viver no mundo dos homens, resolvendo os problemas à luz da lei,da fé no divino e do amor. Viver segundo esta dimensão é encontrar o “divino” na mente, sentindo a emoção e a espiritualidade de forma mais intensa. Nota-se bem esta intensidade quando estamos em grupo com o mesmo propósito, desde que tudo seja vivido verdadeiramente e não mecanicamente ou, pior ainda, com objectivos meramente sociais ou políticos.
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