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Assinala-se esta terça-feira o Dia Europeu da Internet Mais Segura, uma iniciativa da rede INSAFE com o apoio da Comissão Europeia, que procura contribuir para a consolidação de uma internet mais segura para todos.

A internet assume-se como uma ferramenta cada vez mais facilitadora da gestão do dia a dia, sendo quotidianamente utilizada de forma transversal por toda a população e todas as faixas etárias, seja para realização de pagamentos de serviços ou compras, participação em atividades letivas e de formação, interação com a administração pública, conexão social e até situações de teletrabalho. No contexto desta mudança, os riscos associados à internet ganham um alcance mais vasto, entrando no campo da cibercriminalidade.

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As burlas constituem um fenómeno criminal em crescendo, em contraciclo com a tendência da criminalidade geral no nosso país. Apesar da existência de um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio.

Os idosos continuam a ser as principais vítimas de vários tipos de burlas praticadas pelos suspeitos. Contudo, nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, estes têm atingido outro tipo de vítimas.

Nos últimos 4 anos a Polícia de Segurança Pública (PSP) registou mais de 36 000 denúncias de burlas praticadas através de meios digitais:

Em 2020 constatou-se um aumento significativo das denúncias deste tipo de burlas, coincidente com o primeiro confinamento decorrente da aplicação do Estado de Emergência, durante o qual a população fez as suas compras, especialmente, através de plataformas digitais.

De entre os potenciais riscos a que, inevitavelmente, os utilizadores se expõem com o uso das novas tecnologias, a PSP destaca este ano a burla que ficou conhecida por “Olá pai, olá mãe”, cujo número de ocorrências tem vindo a aumentar.

Para a prática deste crime os suspeitos, através de mensagem escrita em aplicação de comunicação (maioritariamente WhatsApp), remetida de um número de contacto identificável, apresentam-se como um familiar muito próximo (filh@) da potencial vítima, seguindo usualmente duas variantes de abordagem:

Refere que o telemóvel do filh@ avariou, ou que se perdeu, e que o contacto telefónico agora utilizado será o seu único contacto até reparação ou aquisição de novo equipamento, ou refere que alterou o contacto telefónico e que o número utilizado para remeter a mensagem passará a ser o seu habitual e único número.

A partir desta abordagem inicial o diálogo através de mensagens continua, para dar credibilidade à história, considerando e confirmando que se tratará de uma relação familiar próxima e estruturada, até chegar ao propósito pretendido, solicitar a transferência ou envio por intermédio de plataforma de uma quantia monetária, com a justificação de que se destina ao pagamento da reparação ou aquisição de um novo telemóvel, ou pedido de “empréstimo” para liquidar uma despesa urgente.

As ocorrências sinalizadas registam-se por todo o território nacional, com especial incidência nas zonas urbanas de maior densidade populacional. Ao contacto inicial, sempre através de mensagem escrita, segue-se uma conversação que poderá manter-se durante horas, com conteúdo informal e registos do dia-a-dia, com o intuito de avaliar a relação de proximidade entre a potencial vítima e o seu descendente.

É importante salientar que, quando a vítima tenta o contacto através de chamada de voz, a mesma não é atendida e é remetida mensagem escrita com uma justificação e incentivando o contato só por mensagem escrita.

Por esta razão, o contacto através de chamada de voz é a primeira e mais rápida forma de prevenção e de despiste de que poderá estar a ser alvo de uma tentativa de burla. Ligue sempre para o número original dos seus filhos e, caso consiga falar com eles e confirmar que se trata de uma tentativa de burla, reporte a situação de imediato à PSP.

Com o intuito de reduzir o risco de vitimização, a PSP aconselha:

– Não realize qualquer transferência de dinheiro sem, pelo menos, previamente conseguir falar de viva voz e reconhecer a pessoa com quem pensa estar em conversação;

– Despiste possíveis tentativas de burla com perguntas simples que, em princípio, o seu familiar conheça (quais as datas de aniversário de ambos, qual o curso e a universidade que frequentam ou frequentaram, qual a matrícula do carro da família, etc);

– Se não se sente seguro a utilizar plataformas de comunicação ou de pagamento/transferência de dinheiro, solicite apoio a outra pessoa da sua absoluta confiança ou, igualmente, inscreva-se em programas oficiais de inclusão digital, como o EUSOUDIGITAL, da qual a PSP é entidade parceira.

Ainda no âmbito deste programa, e para assinalar o Dia da Internet Mais Segura, amanhã a PSP irá realizar, no Auditório do Comando Metropolitano de Lisboa, em Moscavide, pelas 9h, uma sessão de capacitação a mais de 30 idosos.

Existem 397 Polícias mentores deste programa, a nível nacional, que contribuem para que a internet seja um facilitador do quotidiano dos cidadãos, minimizando os riscos de criminalidade. Este programa é gratuito e encontra-se permanentemente aberto a todos, podendo as sessões de mentoria ser agendadas por intermédio do sítio oficial do programa.

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