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Cinco anos após o lançamento de Ohms, os Deftones estão de volta com Private Music, o seu décimo álbum de estúdio, que chega às plataformas esta sexta-feira, dia 22 de agosto. Produzido por Nick Raskulinecz — colaborador habitual da banda em discos como Diamond Eyes e Koi No Yokan — o novo trabalho promete ser um dos mais introspectivos e atmosféricos da carreira dos californianos.

O disco foi precedido por dois singles que já deixaram marcas na crítica e nos fãs. “My Mind Is a Mountain”, lançado a 10 de julho, é uma faixa densa e melancólica, onde a voz de Chino Moreno se move entre o etéreo e o visceral. Já “Milk of the Madonna” revela uma faceta mais experimental, com camadas de sintetizadores e uma estrutura menos convencional, que reforça a tendência da banda para explorar territórios sonoros fora da norma.

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A expectativa em torno do novo álbum foi amplificada pelo regresso da banda a Portugal, no passado mês de junho, com um concerto arrebatador no Primavera Sound Porto. Após 24 anos sem atuar no norte do país, os Deftones subiram ao Palco Vodafone e conquistaram o público com um alinhamento “best of” que percorreu toda a sua discografia. A atuação foi descrita pela Arte Sonora como “uma das mais singulares da edição”, com uma avaliação geral de 9.3/10 e destaque para a “moldura humana surpreendente” que encheu a encosta do Parque da Cidade. Já a NiT elogiou a entrega emocional de Chino Moreno e a química intacta entre os membros da banda, sublinhando que “o metal alternativo da velha guarda mantém-se relevante e magnético”.

Formados em Sacramento, Califórnia, em 1988, os Deftones nasceram da amizade entre Chino Moreno (voz), Stephen Carpenter (guitarra) e Abe Cunningham (bateria), todos ligados à cena de skate e punk local. A banda começou por tocar em garagens e bares, até chamar a atenção da Maverick Records, selo fundado por Madonna, que lançou o álbum de estreia Adrenaline em 1995. Desde então, construíram uma discografia marcada por constante reinvenção, misturando metal, shoegaze, post-rock e eletrónica com uma assinatura emocional e estética muito própria.

O nome “Deftones” foi criado por Carpenter, combinando a gíria hip-hop “def” com o sufixo “-tones”, comum em bandas dos anos 50. A escolha reflete a intenção da banda de não se limitar a um estilo musical — uma filosofia que se mantém até hoje. A formação atual inclui Chino Moreno, Stephen Carpenter, Abe Cunningham, Frank Delgado (sintetizadores e samples) e Sergio Vega (baixo), que substituiu Chi Cheng após o trágico acidente que deixou o baixista original em coma em 2008. Cheng viria a falecer em 2013, deixando uma marca profunda na história da banda.

Private Music não é apenas um novo capítulo na discografia dos Deftones — é uma afirmação de maturidade artística, uma viagem sonora que une peso e beleza, caos e contemplação. Para os fãs do Entroncamento e arredores, este lançamento é mais do que uma novidade musical: é um convite à introspeção e à celebração de uma banda que continua a moldar gerações.

Ricardo Alves

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