Manuel João Vieira iniciou este domingo, na Feira de Natal do Tramagal, no concelho de Abrantes, a sua pré‑campanha para as eleições presidenciais de 2026. Entre bancas, curiosos e o habitual humor provocador, o músico e artista plástico apresentou‑se como “uma espécie de Pai Natal, mas da política”, defendendo o interior como centro do país e recuperando algumas das propostas surrealistas que o tornaram uma figura singular no panorama político português.
A escolha do Tramagal, explicou, não foi casual. Vieira afirmou que Portugal sofre de “congestionamento” nas grandes cidades e que é urgente “deslocar o centro de Portugal para o seu centro”, defendendo o interior como espaço de futuro e de reencontro com o país real. O candidato disse já conhecer bem a localidade, fruto de atuações anteriores, e destacou a “receptividade” da população.
Entre as propostas que o acompanham desde candidaturas anteriores, o vinho canalizado voltou a ser tema central — desta vez com “sabor local”. Questionado sobre a possibilidade de o vinho chegar às casas da região a partir da Coelheira, respondeu que “o vinho será sempre vinho local”, seja verde no Minho ou ribatejano no Ribatejo. A promessa de Ferraris para todos os portugueses, patinadoras, dançarinos e felicidade distribuída em larga escala também marcou presença, num registo que mistura crítica política com absurdo propositado. “Vamos tentar fazer. Vamos tentar encomendar”, disse, defendendo que, apesar do tom humorístico, “os portugueses merecem mais”.

Vieira, que surge em quinto lugar no boletim de voto, mostrou‑se indiferente à posição. “As pessoas são suficientemente inteligentes para encontrar aquilo que procuram”, afirmou, recusando previsões sobre adversários ou eventuais segundas voltas: “Previsões só depois do jogo”.
Candidato pela quinta vez a Belém, Manuel João Vieira garante que só desiste “se for eleito”. O objetivo, afirmou, é mostrar que Portugal “pode ser um país com ambições outra vez”, num discurso que alterna entre o irracional e o sério, procurando expor “o absurdo da política”.
Um percurso marcado pelo ‘nonsense’ e pela crítica social
Segundo a informação divulgada pelo mediotejo.net e pela agência Lusa, Manuel João Vieira, nascido em Lisboa em 1962, é uma figura conhecida do entretenimento e das artes plásticas. Estudou Ilustração na Fundação Calouste Gulbenkian e licenciou‑se em Belas‑Artes, seguindo o percurso do pai, o pintor João Rodrigues Vieira.
Foi líder dos Ena Pá 2000, banda marcada pelo humor absurdo e por vezes provocatório, e integrou projetos como Corações de Atum e Irmãos Catita. Criou várias personagens icónicas, como Lello Universal ou Catita, que deram origem à série televisiva “Um Mundo Catita”, de Filipe Melo e João Leitão.
Nas suas candidaturas presidenciais anteriores — 2001, 2006, 2011 e 2016 — defendeu que a política e a arte deviam estar mais próximas e que é necessário desconstruir “as frases absurdas da política”. Entre as propostas mais polémicas, mantém a ideia de fontes de bagaço nas ruas, patinadoras russas para todos os homens, dançarinos cubanos para todas as mulheres e um Ferrari para cada português. Sobre imigração, propõe tratamentos para uniformizar o tom de pele de todos os residentes em Portugal, numa crítica direta ao discurso da extrema‑direita.
A candidatura “Candidato Vieira” entregou 12.500 assinaturas no Tribunal Constitucional, acima das 7.500 exigidas.
As eleições presidenciais realizam‑se a 18 de janeiro, com 14 candidatos e mais de 10,9 milhões de eleitores chamados às urnas para escolher o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa.
Notícia baseada em informação do mediotejo.net e da agência Lusa



















