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A urgência de um acordo de contrapartidas para revitalizar a economia local

A praia do “Rio” e o melindre da solução provisória:
A praia fluvial do “Rio” foi criada apenas em 2022, como um recurso para valorizar o Zêzere junto à vila. No entanto, o projecto do açude no Tejo, que ainda está previsto, deverá inundar esta área, colocando em risco a própria existência da praia. Além disso, todos os anos são gastos valores consideráveis para repor a areia que se perde (cerca de 18 mil euros anuais), o que reforça o carácter provisório e pouco sustentável da infra-estrutura. E cerca de 20 mil euros anuais para assistência a banhistas. Sem contar com gastos de logística, animação e de manutenção de equipamentos e infra-estruturas(o campo de ténis e zona envolvente estão ao abandono).

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Recorde-se que o projecto do açude no Zêzere foi abandonado pelo governo socialista, enquanto, na autarquia socialista vizinha de Abrantes, o açude avançou. Esta situação mostra falta de prioridades, histórica, turística e de desenvolvimento, para Constância, o que se reflecte na dificuldade em aproveitar plenamente o seu maior recurso natural e turístico.

Existe a percepção de que os comerciantes enfrentam um Verão que passa ao lado, enquanto Câmara e candidaturas mantêm silêncio sobre medidas concretas.

O que se passa?

A praia fluvial do Zêzere, situada a apenas 200 metros do centro da vila, enche-se nos fins de semana de Verão. No entanto, a economia local ouvem-se vozes de que não se sente esse impulso. Há cerca de 7 restaurantes, 2 cafés e 2 lojas de artesanato que merecem particular atenção.

Quem estaciona junto à praia tem uma saída directa para a estrada nacional, e muitos visitantes não passam pelo centro. Trazem o farnel (e, alguns, os cães, à solta…), passam o dia e regressam a casa, sem consumir grande coisa no comércio local.

Há donos de restaurante que bem poderiam afirmar seguramente “Aqui no centro só vemos o movimento na estrada.”

Centro histórico quase deserto, lado do Tejo um “fantasma”

A criação, no Plano Director Municipal (PDM), de novas zonas de urbanização e a ausência de políticas estratégicas para revitalizar o centro histórico têm deixado progressivamente a vila quase deserta. Existem cerca de 20 alojamentos locais espalhados, mas com pouco impacto positivo no comércio, a julgar pelo que se ouve.

Na zona do lado do Tejo, que seria natural ponto de atracção para visitantes (atente-se nas potenciais ofertas da Casa-Memória de Camões, do Casa-Museu Vasco de Lima Couto, do Clube Estrela Verde, de um eventual bar no antigo talho municipal) não existe oferta comercial, salvo duas ofertas de restauração — um verdadeiro “lado fantasma” da vila. Sem contar com o alojamento local. Será crucial resolver os impasses das ofertas culturais citadas. Para tanto também há propostas a divulgar…

Será falta de estratégia?

Há a perceção de que a organização do estacionamento e da animação cultural não ajuda a atrair os visitantes para o centro, numa lógica de longo prazo.

Mesmo as eventuais iniciativas municipais ao final da tarde, que coincidem com o momento em que a praia começa a esvaziar, chegam a um público que já não é o mesmo: muitos já comeram em casa ou vêm só assistir ao evento, sem intenção de gastar no comércio local.

Cinco ideias para começar já

  1. Rever o estacionamento — diminuir os lugares junto à praia e criar soluções alternativas, gratuitas, mais próximo do centro. Onde estiveram as pessoas estará a vida económica e social.

  2. Sinalização apelativa — valorizar o percurso pedonal entre a praia e a vila, destacando pontos de interesse.

  3. Menus e produtos acessíveis — opções rápidas e económicas para incentivar o consumo.

  4. Animação sincronizada — eventos no centro ao final da tarde, alinhados com a saída gradual da praia, mas de forma mais intensa e concertada.

  5. Promoção directa na praia — distribuição de descontos e convites para os estabelecimentos do centro.

  6. Apostar numa marca turística municipal em parceria com a sociedade civil.

Ouvir antes de decidir

A solução não está apenas em regulamentos, mas na escuta activa da população, comerciantes e investidores. Se a estratégia municipal não estiver alinhada com a realidade local, corre-se o risco de asfixiar o comércio a médio prazo, mesmo sem intenção.

E as autárquicas, onde estão?

O silêncio pode ser preocupante. Das candidaturas autárquicas espera-se uma preocupação clara e concreta em aproveitar o potencial da praia do “Rio” para dinamizar o centro histórico. E repensar as restantes épocas do ano. Não se discutem medidas específicas, nem eventuais contrapartidas voluntárias da nova fábrica da Altri para apoiar a economia local?

Num momento em que as decisões municipais vão moldar o futuro da vila, seria legítimo esperar que as candidaturas mostrassem já uma atenção redobrada a estas questões essenciais para o desenvolvimento local.

Por que motivo esta fábrica é anunciada pela empresa quase como um dado adquirido, sem um debate aberto sobre os seus impactos?
E por que razão, ano após ano, Constância continua a ver… as suas ruas vazias?

Não se deveria empurrar com a barriga o problema da nova fábrica.

José Luz (Constância)

PS – não uso o dito AOLP

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