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Li com atenção uma entrevista recente ao candidato do PS à Câmara de Vila Nova da Barquinha e vi, mais uma vez, passividade pela continuidade, vi o reflexo da inércia e da falta de ambição. Isto não é priorizar e respeitar quem aqui vive. A gestão continua a servir o espetáculo em vez de enfrentar os verdadeiros problemas. E o resultado? Um concelho parado, desigual e cada vez mais abandonado.

As casas sobem, os salários não.

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A Câmara responde com música. Os números são claros: em apenas um ano, o preço das casas em Vila Nova da Barquinha subiu 36,5%, é uma das subidas mais acentuadas em todo o país. Enquanto isso, as rendas aumentam fora de qualquer controlo ou fiscalização, muitas vezes sem respeitar o índice do preço ao consumidor (IPC) e as leis decretadas. Mas o que faz a Câmara? Contrata artistas, organiza festivais, ergue palcos. Como se um concerto resolvesse a angústia de quem não tem teto e de quem espera por uma melhoria da sua vida.

Será que quem não consegue pagar uma casa se resolve com mais uma festa da Bárbara Bandeira?

Dinheiro há. O que falta é visão e ação.

O orçamento de 2024 tinha previstos 4,4 milhões de euros para habitação, dos quais 3,1 milhões para construção e reabilitação de casas para famílias carenciadas. O Plano Local de Habitação foi assinado em 2021, com metas até 2025. Faltam meses para o prazo terminar. E o que foi feito exatamente? Senti e sinto uma dificuldade gigante em aceder de forma rápida e simples a dados públicos, nem via imprensa local nem relatados pela Câmara, que efetivamente nos indiquem de forma clara quantas casas foram efetivamente construídas, reabilitadas ou atribuídas em Vila Nova da Barquinha desde a assinatura do Plano Local.

A inovação e o desenvolvimento continuam por aparecer.

Não há uma ideia nova, um plano sólido de revitalização económica, nenhuma aposta na fixação e atração de talento, empresas ou serviços. As aldeias mais afastadas do centro do concelho estão ao abandono, sem transportes, sem respostas sociais, sem sequer presença institucional. É o retrato de uma gestão que governa apenas para o que é visível, para a fotografia no centro da vila. Quem vive na Atalaia, Cardal, Moita do Norte, Praia do Ribatejo ou Tancos também faz parte, ou não? A Barquinha tem no lazer e na cultura dois dos seus maiores atrativos, e é por isso que deixo claro: a aposta na cultura deve ser firme e inegociável. Mas importa distinguir entre uma valorização cultural consistente e o aumento pontual de gastos em anos eleitorais, que não pode servir para mascarar a falta de respostas aos verdadeiros problemas.

Oposição? Só para fingir que existe.

Até hoje, a oposição na Câmara resume-se a uma única vereadora, sem pelouro, sem meios, sem voz. E isto num concelho que se diz progressista. Mas que tipo de progressismo é este que cala quem pensa diferente e evita o escrutínio? Onde está a democracia se o contraditório é silenciado? Em outros concelhos, e dou como exemplo de Óbidos, Oeiras e Cascais, a oposição ou independentes são incluídos e governam com responsabilidade. Governar não é manter o status quo, é servir, proteger e transformar. E isso exige sair da zona de conforto! É urgente inverter prioridades. Não podemos aceitar que, num concelho onde há famílias a viver em situações indignas, se continue a investir desproporcionalmente em festas. A cultura é importante, sim! Mas não comprometendo o essencial: habitação, serviços, apoio social, desenvolvimento sustentável. Não há um plano sério para atrair jovens. Não há incentivo ao investimento. Não há nada que aponte um rumo claro. O pouco que existe é simbolico e sem resultados objectivos.

Dizer “não” também é um ato de amor à terra.

Eu, como cidadã, como militante e barquinhense de origem, que regressa agora ao seu concelho, recuso-me a aceitar esta política de adormecimento coletivo.

• Digo não a uma Câmara que governa com festas enquanto as aldeias definham.

• Digo não a uma gestão sem ambição, sem ideias, sem inovação.

• Digo não a um executivo que exclui quem questiona e que abandona quem vive longe dos centros.

Vila Nova da Barquinha precisa de mais: mais visão, mais ação, mais coragem. Precisamos de quem enfrente os problemas de frente, de quem ponha as pessoas primeiro e o futuro no centro da governação.

Exigir é um dever democrático.

Tenho esse direito. Tenho esse dever. Porque este concelho também é meu. Porque a democracia não é só votar de quatro em quatro anos. É participar, questionar, recusar o conformismo.

O tempo dos palcos já passou. Agora é tempo de construir. Construir com coragem, com ambição e com ação.

Por Tatiana Horta – Barquinhense, militante do Partido Chega

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