
O Entroncamento obteve a 160ª posição a nível nacional no Portugal City Brand Ranking (PCBR) de 2019 incidente sobre o conjunto dos 308 municípios portugueses, um ranking que, com base em indicadores quantitativos e estatísticos diversos, mede, analisa e compara anualmente o desenvolvimento e a competitividade dos municípios nacionais. Este posicionamento corresponde a uma nova descida da cidade ferroviária neste critério de avaliação dos territórios urbanos do Continente e das regiões autónomas, promovido pela consultora especializada Bloom Consulting, que inclui as dimensões de atração ao investimento, aos turistas e ao talento, e leva em consideração também o aumento da proeminência e das exportações. No ranking de 2018, o quinto editado pela empresa, a nossa cidade havia conseguido a colocação de ordem 154, que culminava já então uma queda em cascata de sucessivas descidas de competitividade de acordo com o critério mencionado, e que aborda o desempenho dos municípios nas áreas designadas por Negócios, Visitar e Viver. Nestes segmentos de análise do desempenho, o Entroncamento, observado agora no contexto dos cem municípios da Região Centro, ocupa a 46ª posição em Visitar, a 79ª em Visitar e é o 30º município em Viver. Comparativamente com os lugares conseguidos no ano passado, o Entroncamento melhorou nos Negócios (era 49º do contexto), decaiu ligeiramente em Viver (era 29º) e levou um tombo muito preocupante no segmento Visitar, onde ocupava o lugar de ordem 70 no ano passado e era 47º em 2017. Tem agora um desempenho francamente medíocre, não tirando sequer partido da sua situação geográfica e das extraordinárias acessibilidades a que teve direito. Há algo que está a falhar globalmente na estratégia do Entroncamento, cujos indicadores objetivos disponíveis apontam para uma decadência progressiva da comunidade local, e que confirmam, aliás, aquilo de que o senso comum vai tomando conta no dia a dia. É preciso encontrar uma estratégia de desenvolvimento local que acerte os seus ponteiros com os tempos modernos. Com o declínio, aparentemente irreversível, dos caminhos de ferro, da era de ouro castrense na região, que incluía as unidades militares agora em modo de ocaso de Tancos e Santa Margarida, e da exaustão do período em que a cidade prosperou como centro comercial a céu aberto, o Entroncamento precisa não só de reencontrar a sua identidade, como de descobrir um desígnio maior e que seja um foco criador de novas atitudes e de atração de empresas e serviços. O que é indesmentível é que no setor turístico a município precisa de rever o seu plano e de conseguir sinergias para contemplar a sua imagem e marca no exterior. Há erros crassos e absurdos. Por exemplo, a quase omissão de placas de informação indicativas da existência e localização do Museu Nacional Ferroviário (MNF), o único museu nacional do distrito de Santarém e integrante desde há duas semanas da Rede Portuguesa de Museus, nas principais estradas e autoestradas da região, que lhe dedicam um apagão, é bizarro e ultrapassa o inteligível. Por outro lado, por que não a dinamização de comboios históricos ao longo da linha da Beira Baixa ou do Leste, e até Badajoz; ou temáticos, com atrações como as cerejeiras em flor, na Serra da Gardunha, entre outros? Ou reforçar a identidade ferroviária, que se está a perder entre as novas gerações, ligando o MNF às escolas da cidade e da região?
A verdade é que a aposta do Entroncamento deve passar por um conceito ou conceitos relevantes e diferenciadores. E não é preciso criá-los, mas apenas reinventá-los, dando-lhes uma dimensão crítica, roupagens modernas e projeção relevante para o exterior. E, nestes aspetos, o Entroncamento, longe de se impor como uma marca com memória num mundo em crescente competição, vive entusiasmado com o seu umbigo: a esmagadora maioria das iniciativas tem um alcance paroquial e é incapaz de interessar e atrair públicos mais amplos ou especializados. Iniciativas, que ilustram formas de os municípios se tornarem marcas e criarem movimentos capazes de suscitar vigorosa adesão de públicos específicos mas fortes, há bastantes. E os respetivos municípios podem ser procurados nos lugares cimeiros (mesmo não sendo os mais obviamente proeminentes) deste PCBR, que assim os distingue por não se limitarem a navegar com a costa à vista…
Em relação à região, onde a cooperação intermunicipal é residual para não carregar muito nas cores da crítica, o PCBR da Bloom Consulting atribui a Tomar a posição 54 no contexto nacional; Ourém é o 68º município neste índice de competitividade; Abrantes está colocada em 88º lugar; Torres Novas é 90º; Alcanena, 196º; Vila Nova da Barquinha, 199º; Golegã, 209º; Constância, 218º; Chamusca, 220º; Mação, 263º; e, já entre os concelhos que ardem mais intensamente no inferno lento do Interior, Sardoal está na 295ª posição e Vila Velha de Ródão na 304ª.