O arquiteto Tomás Reis partilhou nas suas redes sociais, imagens com um projeto para o castelo de Almourol que obteve eco na imprensa e motivou um comunicado da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha.
O Presidente da Câmara, Fernando Freira anunciou que “a proposta será presente a reunião de Câmara no próximo dia 27, do corrente mês, não estando qualquer verba prevista para este avultado investimento no orçamento municipal”, acrescentando que “esta proposta, na minha avaliação subjetiva não respeita o espírito do lugar. Lembro que já em 1857, aquando da construção da linha do Leste, houve quem defendesse que o caminho de ferro passasse por cima do Castelo de Almourol o que, afortunadamente, não veio a acontecer. O impacto ambiental que uma tal obra provocaria no ambiente e na sua envolvente, coartando os padrões de vida da fauna e flora seria razão bastante para não aceitar esta proposta. Almourol é um encantador mosaico de memórias, estórias e lendas, um monumento fértil em património cultural intangível, que marca a paisagem deste sítio ímpar em Portugal. No meu modesto entendimento, enquanto autarca, a grandeza temporal e intemporal do lugar, numa suavidade incomum em Portugal, deve ficar como está!”.
Em resposta ao responsável pelo executivo camarário, o autor, Arq. Tomás Reis, esclarece que “as imagens que partilhei fazem parte de um trabalho de visualização, feito a título individual. Mais do que um projeto fechado, de qualquer natureza, pretende-se lançar questões, a meu ver pertinentes, sobre a visibilidade do território e visões sobre património. Acredito, aliás, que a crítica pode melhorar os projetos. Imaginar, numa proposta de visualização, uma obra concluída, sem qualquer discussão, seria, também a meu ver, um exercício de ficção. Como sabemos, as intervenções no território estão, cada vez mais, sujeitas a um escrutínio maior. E, num quadro de participação cívica, e também da normal cooperação entre instituições, poderiam ser colocados vários cenários – até mesmo a ausência de intervenção. É nesse sentido que a integridade do lugar pode, e deve ser respeitada. Compreendo que atravessamos um ano desafiante, e que as intervenções na paisagem e no património podem tender para o consenso e para fortalecer o sentimento de pertença. Nestas condições, a apresentação do projeto a mais entidades deixa de ser necessária. Desejo que o castelo continue a ser vivido pelos Barquinhenses, num lugar onde também encontro paz e tranquilidade.”
Tomás Reis, mestre em Arquitetura e Design Urbano pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa refere que o desenvolvimento deste projeto se insere na comemoração dos 850 anos do castelo. A proposta cria uma nova estrutura de acesso ao castelo, com um percurso pedonal circular que envolve a ilha fluvial e as margens do rio Tejo conforme se pode ver pela figura.
Recorde-se que o Exército Português, através do Regimento de Engenharia Nº1, é titular da propriedade do Castelo de Almourol. A DGPC é a entidade de tutela dos monumentos nacionais, e a Câmara Municipal da Barquinha é o administrador do bem.
As últimas obras ali realizadas, com parecer favorável da DGPC, ocorreram de setembro de 2013 a maio de 2014, e em outubro de 2018 a dezembro de 2018. Tiveram como objetivo a intervenção na torre (sistema de iluminação, substituição do terraço, colocação de escada interior metálica de circulação vertical, musealização), beneficiação e conservação das muralhas e interiores do castelo, bem como impermeabilização e drenagem das águas, melhoria das condições de acesso do público ao castelo; requalificação do coberto vegetal da ilha do Almourol e requalificação da margem direita do tejo.





















