Em ano e meio de pandemia, as perspetivas económicas derraparam para o âmbito do imprevisível. Nem mesmo os maiores peritos e entidades responsáveis pelo setor se aventuraram em colocar demasiado otimismo ao longo destes largos e árduos meses.

Sem por momentos ignorarmos o impacto devastador que se fez sentir em inúmeros segmentos de atividade, outros conseguiram florescer muito para além de todas as perspetivas. Poucos como o imobiliário nacional seguramente, onde os números mais recentes denotam um crescimento sustentável que se deseja prolongado no tempo.

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Santarém não escapou a esta tendência, tendo registado um desempenho notável ao longo do último ano e o qual cobriremos em maior detalhe nas próximas linhas.

Um Aumento Considerável em 2021

Quem o indica é o mais recente barómetro do mercado imobiliário publicado pelo portal de referência Imovirtual.

Santarém registou um crescimento de 8,5% no preço de venda entre agosto de 2020 e 2021. O preço médio observado há apenas um ano era de €154.888 e fixa-se agora nos €168.060. Num olhar mais próximo e comparando o desempenho mensal, o aumento de julho para agosto foi de 0,5%.

A trajetória de crescimento mantém-se, assim, numa perspetiva positiva e que em muito deriva do que sucede em outros distritos onde o valor médio de venda é largamente superior. Esta pressão sobre o mercado imobiliário com preços elevados leva ao aumento de procura em outras zonas do país, inclusive com recurso a apoios destinados a esse fim.

Os Distritos Mais Impactantes

Ainda que o aumento de preços médios seja relevante, comprar casa em Santarém continua a ser económico quando comparado com outros distritos no seu redor, ou mesmo em outras zonas do país.

Lisboa é o mercado mais relevante a nível nacional e aquele que mais contribui para a realidade de elevados preços que se observam atualmente. O valor médio de venda em agosto de 2021 era de €585.837, o que se traduz num aumento de expressivos 8,8% em relação a agosto do ano passado, quando se fixava em €538.682.

Para colocar estes montantes sob perspetiva, o valor médio de venda em Portugal é atualmente de €365.264. Faro, com €485.145 ocupa o segundo posto da lista de preços mais elevados, seguida da Região Autónoma da Madeira, com €370.942 e Porto com €324.835.

País a Duas Velocidades

Por muito impressionantes que sejam os valores transacionados no topo da tabela, o extremo oposto conta uma história distinta, mesmo com uma tendência crescente por distritos onde a componente rural seja predominante.

A Guarda, com €113.201 situa-se no fundo da tabela de preços a nível nacional tendo inclusive registado uma quebra de -6,7% ao longo do último ano. Castelo Branco com €124.762 ou Portalegre com €128.870 e até Beja com €144.263 continuam a figurar como distritos onde o acesso ao imobiliário é ainda relativamente acessível.

Num mercado onde a escassez de materiais de construção resultou num aumento brutal de preços, o impacto é notório. Pressionado por outro prisma pelo crescimento do imobiliário de luxo nos principais distritos do país, é ainda incerto quando e se voltaremos a registar valores mais acessíveis em muitos dos distritos que se apresentavam habitualmente como acessíveis.

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