
manuel.faria@entroncamentoonline.pt
Passaram 4 meses desde a morte da pequena Beatriz no dia 28 de janeiro.
Já foram apresentadas e sugeridas muitas propostas, por muitos de nós, por esta via e através dos órgãos autárquicos competentes. Infelizmente, nada foi tido em conta, nada foi feito, nada mudou.
Perante a gravidade dos factos e manchada por muito tempo a imagem da cidade a nível nacional, o que se fez e considerou prioritário? Isso mesmo, optou-se por inundar a cidade de festas, feiras e feirinhas, contratar televisões e publicitar à “grande” as Festas da Cidade com um único objetivo: limpar, sobretudo, a imagem e responsabilidade de quem, por direito, deveria ter atuado com prevenção antes, e prontidão a seguir.
Com efeito, assumida a prioridade de tratar a imagem e a desresponsabilização de pessoas e entidades, nenhum de nós viu uma única medida implementada, por exemplo, uma única lomba para redução da velocidade em qualquer zona crítica e de risco da cidade. Uma única medida que fosse, foi realizada perante tamanha tragédia.
Com esta estratégia, pretendeu-se, ainda, que as pessoas esquecessem o que se passou e que continuem a “esquecer “o que se passa.
Ouviu-se muitas afirmações iguais a tantas outras quando há problemas: “estamos a par”; “já reunimos com…”; “já estamos a trabalhar”;…
Infelizmente, nada mais do que o mesmo discurso a que nos habituaram. Infelizmente, as coisas são como são e os factos são os factos, e não há sequer festa ou feirinha que os evite ou minimize.
Perante a evidente inação e impunidade, os problemas de segurança mantêm-se, e em alguns casos, até aumentaram, apareceram outros novos e mais complexos.
Ao nível da segurança rodoviária, as “corridas” continuam, os acidentes multiplicam-se em zonas reincidentes como o cruzamento do Santo António (uma zona transformada num risco público à espera de uma fatalidade anunciada) ou a Avenida da Estação. Atropelamentos, incidentes e acidentes nas ciclovias surgem com mais frequência e gravidade.
Estradas degradadas e estradas em obras mal sinalizadas e mal protegidas (muitas delas, nem um ano depois de terem recebido um tapete novo) são palco de vários riscos, acidentes e destruição de veículos.
O aumento do trânsito rodoviário para a zona industrial, degrada ainda mais, e torna ainda mais perigosa a saída do Entroncamento, em contraste absoluto com as obras realizadas de beneficiação da Nacional 3 até Torres Novas.
Estradas sem marcação devida, sinais de trânsito desgastados, passadeiras a necessitar de pintura urgente e ciclovias indevidamente identificadas e sinalizadas somam-se aos fatores de risco, cada vez em maior número, e cada vez mais graves.
Nos últimos meses, e mais especificamente nas últimas semanas, o número de assaltos e roubos aumentou significativamente. Os assaltos repetidos ao Grupo de Escuteiros CNE, ao Restaurante Trincanela, ao Parque do Bonito, Esplanada do Bonito, Clube dos Besteiros, lojas e estabelecimentos industriais e comerciais, e a residências, são os piores exemplos bem recentes.
Os desacatos e o ambiente “pouco seguro” em zonas de restauração e diversão noturna cada vez mais acentuados, mantêm as famílias em casa e movimentam, claramente, os nossos jovens para Torres Novas, Vila Nova da Barquinha e Golegã.
O novo perfil de residentes na cidade, por não ter sido estruturalmente planeado e por não ser devidamente acompanhado, começa a gerar novos conflitos sociais durante os dias e as noites, estratifica ainda mais os bairros, as zonas, a população e o sentido de comunidade, e contribui também para o sentimento de insegurança; mesmo com iniciativas, embora apenas circunstanciais solidárias e de suposta facilitação da integração.
Os vários incidentes de bullying, e outros igualmente graves, registados ao longo do ano nas nossas escolas e televisões, não podem ser esquecidos. Devem sim, ser evitados e tratados exemplarmente por todas as entidades intervenientes, competentes e responsáveis, de forma ativa, preventiva e corretiva para que não se voltem a repetir.
A ausência sentida de forma acentuada de policias na rua, em zonas críticas durante o dia e a noite são uma perceção generalizada da população.
A degradação e a falta de manutenção dos equipamentos e espaços públicos, como a registada no Parque Verde do Bonito e em alguns jardins, são um dos principais fatores dos comportamentos de incivilidade, de destruição dos mesmos e de criação de um ambiente propenso à criminalidade.
O tempo passa, fazem-se festas, mas os problemas acumulam-se e agravam-se, e nós não esquecemos, nem podemos esquecer.




















