Já vínhamos tentando, por esta altura há alguns anos, uma conversa com Carlos Dionisio. Homem nascido e residente no Entroncamento e que estava na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, na altura, onde se encontrava também o Capitão Salgueiro Maia.

O espaço temporal esbate as memórias, passados estes 50 anos, eram motivos para não termos esta conversa.

Casado com Filomena Vieira Dionísio, são pais do músico e professor Pedro Dionísio, ocupadíssimo neste momento com o seu projeto “50 Anos de 25 de Abril, 50 Escolas a cantar” “A História que um dia vais contar!”, também sobre o 25 de Abril, dirigida a todos os Agrupamentos de Escola do país e comunidades portuguesas no estrangeiro, estando esta iniciativa contemplada na programação oficial das comemorações.
Os argumentos mantiveram-se este ano, e não fora o lanche em local sossegado, não tinha sido possível esta pequena conversa, que no entanto, não pôde ser gravada em vídeo.
Contrariamente ao “Levantamento das Caldas”, ocorrido a 16 de Março do mesmo ano, o 25 de Abril de 1974 desenrolou-se muito bem, com as senhas a saírem na rádio a tempo e horas.
Com a saída da coluna militar, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia com destino a Lisboa, o Alferes miliciano Carlos Dionísio foi instruído para ocupar e “calar as transmissões da Rádio Ribatejo, o que foi feito sem qualquer oposição.
Com o nascer do sol, havia pouco conhecimento da evolução da situação em Lisboa, recebeu instruções para acompanhar as movimentações existentes nas instalações da “Pide”.
Posteriormente, nesse dia, colaborou na detenção dos elementos daquela polícia, bem como a ocupação das respectivas instalações com a recepção de armamentos e equipamentos existentes, sem qualquer incidente.
As horas seguintes, foram de enorme indecisão, intranquilidade e angústia, dadas as diferentes e contraditórias notícias que iam surgindo.
O Carlos Dionísio com 72 anos, ainda nos contou algumas histórias rocambolescas, cujas memórias, não são mais do que picardias de momentos incríveis.
E foi assim a coloquial conversa com Carlos Dionísio, uma semana antes do 25 de abril de 1974, comemorar 50 anos.
António Miguel














