José Nogueira jose.nogueira@entroncamentoonline.pt
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Caros companheiros, aí estamos, infelizmente pior do que o conteúdo informativo. Pensando vós que sou mensageiro do diabo ou agoirento vamos reflecir sobre as Notícias da 1 às 20 h de hoje com um gráfico evolutivo dos infectados em Portugal dizendo que hoje se duplicou o número de há 5 dias. Mas eu reparei nos números… e há 5 dias os cerca de 2300 dão hoje lugar a 5900, ontem ficámos nos 5100. Com isto se determina com clareza que o referido dobro ou duplicação de há 5 dias, sim, não aconteceu hoje mas ontem e com mais 500 em cima. Peço desculpa pelo mau português mas lembrei-me dos conselhos da Autoridade de Segurança Rodoviária que ofendeu tanta gente pelo “exagero” que chocou meio povo em imagens reais.

Mas é mesmo assim, merecemos informação mas boa informação e acima de tudo autoridades que quem se perceba de facto como estamos, para onde vamos, que tapar o sol com rede não dá.

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Vimos de trás, mas há poucos dias, com certezas ou afirmações na 1ª pessoa da Directora-Geral da DGS que o pico já não ocorreria no princípio de Maio, 1ª alteração, mas mais para a frente, 2ª alteração, e que não seria um pico mas um planalto, 3ª alteração. O conceito de pico significa que cada infectado não transmite a doença a mais do que outro apenas pelo que o número acumulado não subirá mais. Mas onde quero chegar. Que hoje, a mesma DGS e pela mesma boca afirma que não mudará nada em termos das restrições de isolamento social, e bem, enquanto isto assim andar reiterando que está para durar; e aqui mal, mal porque há 3 dias não seria assim. Uma coisa é certa, ou o pico tem já previsão ou a tão poucos dias tudo muda drasticamente e depois de 3 ditos e recuos, afinal quando é que posso confiar no que me dizem hoje?

DGS: 29 Março de 2010, após actualização do dia

Que vai mudar, e espero como ontem dizer “oxalá me engane” e esteja a ouvir das boas de todos vós. Mas é gritante ver na ponte quem vá de Lisboa à Costa da Caparica e queira que a PSP pape que vai à farmácia levando a família toda no carro. É estupidez a mais.

A juntar a isto, temos furos graves na bolha que diz nos querer proteger e da qual fincamos pé para respeitar mas… os emigrantes entram sem controlo a não ser que voluntariamente informem os seus municípios que tudo fazem para que Ovar não seja uma realidade em mais locais. Mas mais, que no aeroporto de Lisboa entram cidadãos vindos da Europa, de locais de risco, sem controlo sanitário, tal como nas fronteiras… e não vá outro cruzeiro parar em frente aos sem-abrigo do porto de cruzeiros com centenas de irresponsáveis para repatriar por onde? Portugal, quem mais haveria de ser.

Funcionamos assim, todos nós estamos na nossa bolha e muito bem de um conjunto de bolhas como a nossa no meio de insurrectos armados de alfinetes. Um país de brandos costumes de fronteiras escancaradas mas portas de casa fechadas a sete chaves.

Em emergência e na catástrofe há uma máxima… NÃO SE MENTE NEM PODE MENTIR NEM OCULTAR NEM TRANSFORMAR VERBALIZAÇÕES EM INVERDADES OU OCULTAR PARCIALMENTE AS COISAS. Porque as contradições irão aparecer e as correcções sem explicação aparente que trazem mais perguntas junto com as necessárias, as respostas passam a ser procuradas que ninguém abdica delas mas… elas irão aparecer pelo meio menos informado senão mais desadequado, especuladas se não mesmo ao jeito sagaz da CMTV. Está mal, ok pois está, está mal, não vamos dizer “se não comes ficas de castigo” mas ” come para ires brincar”; pela positiva é sempre melhor medida. Não sejam quem não são nem digam que sim ao que não são capazes; é informar na medida da verdade porque queremos ouvir conselhos de quem possamos acreditar sem dúvidas.

Mas que criticar é fácil e sugerir ou assumir o porquê é outra coisa. Vamos lá então… Pela positiva, dar o contributo e não ser pai da crítica sem irmãos melhores…

Sabemos que o período de incubação ronda os de 14 dias, o tratamento não percebi ainda a sua previsão mas é seguro que os curados olhando aos infectados e à data de 2 de Março quando a porta foi arrombada estão com uma taxa muito muito baixa. Mas para mim pior, AS DECLARAÇÕES DAS AUTORIDADES, DGS E MS, PARECEM HOJE, PASSADOS 3 DIAS QUERER CORRIGIR ALGUM OPTIMISMO OU MAIS CERTEZA ACERCA DAS PREVISÕES DE DIA 26 QUE EM 3 DIAS CAMINHARAM PARA A HECATOMBE DO ‘ISTO VAI DURAR E DURAR AO INVÉS DO FIM DE MAIO SER O PRINCÍPIO DO FIM DISTO’ QUE JÁ AÍ CORRIGIA A POSIÇÃO NO TEMPO DO PICO DO COVID-19.

Porquê em 3 dias em ciclos cíclicos, parafraseando, isto acontece? Mais grave de não ser explicado é que perderemos confiança em quem nos enfia as notícias e as novidades em casa, sentimos a insegurança a aumentar e se algo nos pedem, é fundamental a confiança. Peruntamos o que não devemos ao limite de muitos decidirem por si.

Que isto não vai lá de modas, marginais do Douro, pontes sobre o Tejo que se furam bem pela vasco da Gama, o paredão de Oeiras e o sol da tarde, o Choupal em Coimbra no seu melhor, as fitas de proibição de parques pedonais arrancadas, parece que os ainda capazes de ter vida estão à margem desta merda toda.

SEJA COMO FOR, EU QUERO ENTENDER O QUE SE PASSA E SE MAL ISTO ESTÁ, É ISSO QUE QUERO QUE ENTRE PELA CASA ADENTRO PELOS NOTICIÁRIOS. SÓ ASSIM SEI COMO NA VERDADE RESPONDO, ALGUM MEDO ALERTA-NOS E NESSA MEDIDA COMO TUDO, QB É SEMPRE BOM.

DIA 26 DE MARÇO… começa a Mitigação, mais dia menos dia, com o senão de que tudo isto surtirá os seus efeitos lá para daqui a semana e meia, duas semanas. Por agora a resposta estatística surge do comportamento anterior, vem do que já fizemos ou não deveríamos ter feito e a julgar pelos enormes furos das fronteiras, aeroportos, gente do litoral que vai para o interior mais inócuo por enquanto, eu francamente não vejo que mezinhas e caldos de arroz travem a sério a ignorância de quem se acha acima disto tudo.

Itália já soma 50 médicos falecidos, mais do que militares nas regiões de guerra onde as coligações trabalham para a paz, 700 mortos num dia é mais do que incrível e assustador. Hoje vi um vídeo onde o moderador perguntava a um italiano acerca dos 700 mortos actuais, que número era para ele aceitável e o encaminhava para o sossego e descanso pessoais… alvitrou 70 e eis que a jornalista lhe trás 70 familiares, incluindo esposa e filhos. Não é preciso dizer que corrigiu o número para zero.

Eu quis saber o que a imprensa não diz, o que Marta Temido teme em aprender com a Secretária de Estado da Protecção Civil Patrícia Gaspar que em nada mentiu e em nada mais alarmou Portugal nos dois incêndios que as nossa memórias não apagarão. E fui às contas…

Agarrei nos dados da DGS e Excel com eles. Sabemos que a 1ª derivada de uma curva dá o seu crescimento ou decrescimento e a 2ª se está flectida para cima ou para baixo. Para este cenário a 1ª derivada indica se crescem ou não os Positivos de Covid-19 e a 2ª se estes novos casos aceleram no crescimento ou não. Tudo isto só se consegue arranjando uma curva matemática que se adapte aos dados e possa cumprir o comportamento tendente ou seja, à medida que os positivos crescem a probabilidade de a curva se voltar para baixo poder ocorrer pois o vírus não irá trazer mais novidades. Pese já existirem re-infectados ou recidivos, o que a Medicina ainda desconhece.

Lá fui aos dados e às curvas sem sair de casa, Excel e colunas, datas, Postivos com Covid-19 e determinação das derivadas, estudo do crescimento/decrescimento e da aceleração/desaceleração com projecção ao futuro imediato. Cautelas… a prazo curto que a cada semana, as medidas já implementadas e que começaram precisamente há 14 dias podem trazer influência para os dados novos. Mas atenção, já vamos com 3 dias, é de surgir algo diferente e já, caso contrário o que tem sido feito quer achatar algo que de achatado não tem nem terá, para que a curva diária tenha esse achatamento é preciso que desacelere primeiro, e depois disso, se inverta. Ora se o primeiro factor está claramente desfavorável, algo não perece estar a correr como previsto.

Há que reformular e rápido.

O que concluí de imediato foi que afinal não é a curva exponencial ou uma qualquer exponencial matemática que mais se adapta aos dados, esta curva é mais agressiva para más notícias, mas sim uma polinomial de grau elevado, quão elevado veremos. Quem traduz a adaptação de uma curva a dados existentes e com isso extrapolar para a frente é o coeficiente de correlação R o qual tão mais próximo de 1 indica a maior e melhor adaptação da curva ao existente. Como já passámos do patamar inicial para a rampa de crescimento mais acentuada, não se corre o risco de extrapolar seguindo sem essa inflexão para cima que nunca se sabe onde está, com o que temos a nossa curva adaptada já a terá que conter. E cheguei à conclusão de que acima do 4º grau da polinomial, R não sobe mais do que 0.9997, ou seja não ganho mais com isso. E mais, o ideal seria mesmo uma curva de grau 3, também veremos porquê… Mais introduzo com a curva de grau 4 possibilidades de inflexões acima de uma, duas a saber, quando depois da suposta exponencial inicial terá lugar uma curva logarítmica, duas curvas que se seguirão em momentos distintos e que as separa uma inflexão; mas nada impede ter um zero duplo da 2ª derivada e com isso um ponto de inflexão duplo que nada mais é que vincar a curva podendo ou não invertê-la, a aproximação dos dados deverão determinar como se comporta e nós, sempre mas sempre, nunca abdicar de interpretar, perceber, criticar e mesmo se necessário desconsiderar o que encontrámos. Vamos ver se no futuro próximo a curva de grau 4 não poderá dar lugar a uma de grau 3 se R não decair, desejando que também não o faça para esta, seria o ideal pois garante um e só um ponto de inflexão, o comportamento esperado; caso percamos um bom coeficiente de correlação R, saberemos que está na hora de fechar o nosso INE ou procurar outra curva de comportamento para o todo ou para uma 2ª parte, e se sim, a partir de quando e como. Mas não soframos por antecipação ou expectemos o que não ocorreu, sirva para manter o alerta.

Fiz a curva à data de 26 passado com extrapolação a 15 dias, extrapolar não é prever pois não induz novo comportamento potencial mas sim a sequência da tendência observada e que se espera num padrão definido, é dizer que enquanto só subir a curva só sobe qual seja o futuro, mas mal os dados comecem a travar e esperemos que a mitigação o faça daqui a 15 dias nas estatísticas, teremos esse resultado espelhado e a influenciar a previsão. Por agora e em tendência crescente e acelerada os resultados tendem a ser majorados. Contudo, como se diz…

“prepara o teu melhor para o pior”

e neste sentido o modelo que se apresenta não só concluiu que a exponencial, e anda bem, não é a curva mais adaptada, mas nada impede antes pelo contrário de usar o termo, mas uma polinomial agressiva.

Resultados: ao dia 26 e a +15 dias e ao dia 29 e a +12 dias chegamos a um comportamento idêntico, mais 2000-2500 infectados de diferença lá para dia 12 de Abril num universo de cerca de 28 mil. O que mostram os gráficos e disso não duvidemos é que até hoje a curva cresce e acelera, CRESCE E ACELERA, é o que mostram as derivadas. No futuro que se anseia, 3 fases: antes de tudo a curva inferior deverá não crescer, tal será que a tendência de acelerar está a baixar mas continua em aceleração; quando for negativa, a curva de crescimento entra na travagem, mas enquanto a 2ª curva, a central, for positiva e sê-lo-á, cresce, CRESCE pese o pé estar no travão. Só quando esta 2ª curva passar para baixo do eixo das abcissas, aí sim, estamos a ganhar a batalha. A dita frase antecipada de António Costa, infeliz no tempo infelizmente e que nos indica ser um político que nos diz a verdade quem sabe um dia sem a alterar no seu silêncios ou por interposta pessoa,

quem afirma que nada falta ao SNS e por isso o impede de agradecer toda a solidariedade aos Portugueses.

Estamos à beira dos 6 mil Positivos com Covid-19, amanhã estaremos lá, infelizmente com toda a certeza e acima dos 6500 até, e lá para dia 12 de Abril, quase nos 30 mil. OUVIRAM, 30 MIL.

Quer isto dizer que mantendo a taxa de doentes em casa e nos Hospitais, estes terão uma carga à entrada dos SU 5 vezes maior do que hoje e acamados em idêntico número… e infelizmente a letalidade implicará que a estes números devam corresponder mais de 500 falecidos nesta guerra contra o Covid-19.

ESPERO ESTAR ENGANADO, ESPERO QUE ME VENHAM DIZER QUE ESTAVA ENGANADO.

Para que serve bem prever bem…? Dizer às administrações e autoridades locais como de facto as coisas são e estão? Simples… não atiro uma pedra a um objecto em movimento para o sítio onde ele está agora porque quando ela lá chegar ele já se mudou, mas sim para onde ele estará no tempo de viagem da minha pedra. Assim, estas conclusões permitem-se com a respectiva humildade saber se sim, se confio na mensagem que a cada 3 dias só me faz questionar e introduzir mais perguntas ou se acho que se escondem algures, no desconhecimento e falta de zelo, no discurso superior de quem não nunca explicou o porquê de nada até agora.

Itália já passou o drama de escolher quem vive ou morre, já pede socorro á Europa e ao Mundo junto com os nossos vizinhos espanhóis.

A partir de agora irei acompanhar esta brincadeira de que de brincadeira não tem nada a passo com a matemática, vou eu analisar tudo o que é de fonte segura e dar o meu melhor a mim e a quem possa ajudar.

Pese outro colega poder ter outra opinião de aproximação destas curvas, respeito, modelos são modelos quem sabe não se aperfeiçoe isto tudo, mas que sigamos os 3 pressupostos essenciais: cumprir os dados que se conhecem, não desrespeitar as tendências de comportamento esperado para que as suas extrapolações não divirjam em certeza e a todo o tempo ser afinados e verificados os seus pressupostos porque a realidade fala mais alto. Tudo isto é um circulo fechado que nos deve preparar… calçados e não descalços.

Mas acima de tudo saber o que nos espera para que daqui a 15 dias estejamos preparados mesmo e com tudo montado para responder a algo maior 6 x. Não será lá, daqui a 2 semanas, que andaremos a correr a aumentar tudo essas seis 6 x como a história recorrente dos meios aéreos dos incêndios de Verão.

Que se frise bem ser esperar não os actuais menos de 500 acamados no SNS mas perto de 3 mil, não os quase 150 em UCI’s mas perto de 900, não os actuais 120 mortos mas na casa das 5 centenas. Com todos os prejuízos humanos da nossa resposta hospitalar e dos riscos de contágio muito mais alargado.

Meus caros… deixo apenas o reparo que as derivadas que regulam os comportamentos estão calculadas não com pontos consecutivos mas afastados de 3 dias para que alterações inusitadas não indiquem de imediato alterações de comportamento mas sim que 3 dias seja a margem para que as conclusões que se tirem possam ter robustez. Um dado em sentido contrário não determina logo a resposta das derivadas mas apenas ao 3º dia confirma uma tendência com 3 leituras da realidade. Pode ser feita a dois dias e com isso reduziria o tempo de resposta mas venha o resultado, a prova dos nove e a prova real; nada se deve fazer em cima do joelho, com certezas e cuidados redobrados.

Por agora ficamos por aqui:
– que estamos a duas semanas após o início do isolamento social e por isso está na hora de aparecerem resultados ou reanalisar medidas e já;
– que entrámos em Mitigação declarada e por isso dentro de 15 dias nova espera de alterações ao padrão de Positivos com Covid-19; a não ocorrer, será sério, a acontecer seria a 2ª medida sem sucesso e mais 14 semanas para esperar novidades; mês e meio;
– e com o estado da arte…

Despeço com amizade até ao próximo artigo.

Beijes e abraces, cuidem-se, protejam-se, mantenham-se no recato

José Nogueira

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