PUB

Segundo nos dizem os dicionários de bom Português, a palavra CONFIANÇA corresponde a um substantivo feminino e significa esperança firme em alguém; sentimento de segurança e de certeza; confiar na probidade de alguém, etc. Mais do que um mero substantivo com as benévolas características acima referidas, a força desta palavra vai muito mais além, visto funcionar também como uma espécie de barómetro e de dinâmico motor, no que concerne ao são harmonioso desenvolvimento sócio/económico de qualquer país.

Muito antes de existirem registos notariais e outros análogos departamentos da administração Pública, era na base desta sacrossanta palavra, que toda a Vida empresarial e económica se movia por esse mundo fora! Era através da mútua CONFIANÇA entre os homens, geralmente seguida de um forte aperto de mão, que os vários contratos de compras e vendas eram selados pelos nossos ancestrais, sem risco de falhas ou tergiversações! Infelizmente, nos tempos de hoje, esta fiel palavra vem caindo em tal desuso e vem sendo de tal modo vilipendiada, ao ponto de se terem multiplicado as várias instituições do Estado, no sentido de obrigatoriamente a preservar, visto estarmos caminhando a passos largos para o ponto de ruptura, em relação à mesma e ao seu real significado!

PUB

Sabe-se que o fenómeno CORRUPÇÃO alastrou em Portugal e por esse Mundo fora, com a velocidade de uma mancha de petróleo derramada num oceano encapelado! Desde os mais altos dirigentes mundiais, até ao mais simples autarca de freguesia, este nefasto fogo tomou proporções tais, que nem todas as corporações de bombeiros existentes na Terra já o conseguem extinguir! A palavra CONFIANÇA desapareceu quase por completo do léxico de reis, príncipes, presidentes de República, primeiros-ministros, deputados, juízes, banqueiros, responsáveis de repartições do Estado, dirigentes federativos nacionais e mundiais, e até chegou recentemente à própria ONU!

Vem este meu artigo ainda a propósito do conteúdo daqueles enormes cartazes  fartamente disseminados em ruas e praças do nosso País nas anteriores eleições legislativas, em que o líder do PS, António Costa, surgindo neles em grande plano, nos pedia para lhe concedermos o nosso “VOTO DE CONFIANÇA”! Mas que motivos válidos teriam os portugueses para atenderem tal pedido do líder do Partido Socialista? Em primeiro lugar, ele fez parte do governo desastroso de Pinto de Sousa (vulgo Sócrates), executivo de má memória que em 2011 nos levou à bancarrota e, seguidamente, nos atirou para os braços da famigerada TROIKA do FMI! Depois, numa espécie de “golpe palaciano”, dando um autêntico pontapé na Democracia e mesmo nos estatutos e outros regulamentos internos do seu próprio partido, resolveu “apunhalar” o seu camarada Tozé Seguro, aquele mesmo homem que ainda só estava em metade do mandato de secretário-geral do PS, lugar para o qual havia sido democraticamente eleito, dando-nos então António Costa nessa altura como válidas razões o facto do seu referido camarada ter ganho as eleições autárquicas e europeias, mas apenas por “poucochinho”!

Quem estará seguro em dar um voto de CONFIANÇA a este político assim tão malabarista, se logo à primeira oportunidade mais rendosa que lhe surgiu, celeremente rompeu o compromisso eleitoral com os lisboetas, ainda a meio do segundo mandato, acabando por abandonar as funções para que fora maioritariamente eleito como presidente da respectiva câmara municipal!

Que CONFIANÇA podem então depositar os portugueses em António Costa, se durante a pré-campanha eleitoral e mesmo já dentro dela, nos foi dizendo que nunca seria possível fazer uma coligação com a esquerda radical – (leia-se PCP e BE), visto que tais forças políticas têm posições nitidamente anti-europeias, logo muito contrárias às do seu partido?

É certo que os portugueses não corresponderam nessa altura aos seus veementes apelos e desejos, visto terem dado a vitória nessas mesmas eleições ao PSD, de Pedro Passos Coelho! Mas, ironia do destino: – Graças ao seu manobrismo político e aos seus astutos golpes de cintura, assim que reparou na numérica possibilidade em formar uma maioria de deputados na Assembleia da República, e negociando opacos acordos com as duas forças esquerdistas que antes renegara, logo acabaria por dar o dito por não dito! Assim, muito rapidamente mandou às ortigas o seu anterior discurso de compromisso com o seu eleitorado, e logo com tais forças esquerdistas se coligou para formar a chamada “Geringonça”!

O caso do roubo das armas em Tancos, e daquele escandaloso e rocambolesco imbróglio da fabricada encenação do “achamento” das mesmas (ou algumas delas) num ermo local da Chamusca, também nos parece que em nada abona em favor da CONFIANÇA em António Costa! Estará ele a dizer-nos toda a verdade, quando a pés juntos afirma que nada sabia sobre tão melindroso assunto? Então o Sr. primeiro-ministro não tem que ser regularmente informado pelo ministro da respectivo tutela, daquilo que se passa nas nossas Forças Armadas? Muito mal andará um país em que ao seu próprio timoneiro governativo escapam assuntos com tamanha importância! Trata-se, aqui, de um assunto de Estado de enorme gravidade, pois ele está mexendo com a honorabilidade e credibilidade interna e externa do Exército Português, logo está mexendo também com a verdadeira Segurança Nacional!

Curioso é verificar que, pese embora os insistentes apelos do Sr. Presidente da República em vários meios de comunicação, para que se saiba rapidamente toda a verdade sobre este melindroso caso, até à presente data, e já lá vão cerca de dois anos, ainda não se encontraram ou não deram a cara os verdadeiros cúmplices políticos de todo este “mistério” e mesmo até os culpados do sucedido naquela importante instituição Militar !

A pertinente pergunta que agora me apetece colocar aos estimados leitores do EOL é a seguinte:

Após todas estas rocambolescas “cambalhotas” políticas será que António Costa ainda merece o nosso “VOTO DE CONFIANÇA”?

AUTORIA: Alfredo Martins Guedes                                                                Julho – 2019

 

 

 

PUB