A história da Sociedade Cooperativa de Crédito e Consumo dos Ferroviários e Adherentes (SCAFA) está intimamente ligada a um episódio curioso que deu origem a uma das canções mais populares da música portuguesa: “A Mula da Cooperativa”, imortalizada pelo cantor madeirense Max.
A revelação foi feita pela professora e historiadora Manuela Poitout, durante a palestra que apresentou no 112.º aniversário da SCAFA, perante uma sala cheia. A investigadora explicou como a canção nasceu de um pequeno “acidente” financeiro ocorrido nas primeiras décadas da Cooperativa, quando o tesoureiro foi alvo de críticas públicas por irregularidades na gaveta onde se guardava o apuro do dia. O episódio rapidamente se transformou em sátira popular, através de um estribilho que circulava no Entroncamento e que dizia: “A mula da cooperativa / deu um coice no telhado…”.
Nos anos 1950, durante as Festas de Caridade realizadas na Cooperativa, Max foi convidado a participar num convívio privado. Foi aí que ouviu a versão original da cantilena, que se tornara uma espécie de hino local. Mais tarde, levou-a para os palcos nacionais, adaptando a letra e tornando-a um sucesso radiofónico.
A ligação entre Max e a Cooperativa foi confirmada por testemunhos de Manuel Medinas e Henrique Barral, que recordaram como o cantor conheceu a história e a transformou em música. Décadas depois, a TSF recuperou o tema na reportagem “A Cidade do Baú”, evocando a letra primitiva e a sua origem ferroviária. Em 2020, a revista Blitz incluiu “A Mula da Cooperativa” na lista das 101 canções que marcaram Portugal, ocupando o 29.º lugar.
Mais do que uma simples canção, “A Mula da Cooperativa” tornou-se símbolo da memória coletiva do Entroncamento, refletindo o espírito popular e a identidade cultural que a SCAFA ajudou a construir ao longo de mais de um século.















