No dia 17 de maio, sábado, realizou-se a cerimónia de assinatura do Contrato de Subconcessão de uso privativo do Bairro do Boneco, entre o Município do Entroncamento e a Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado (FMNF). Ilda Joaquim, presidente da autarquia, e Manuel de Novaes Cabral, presidente da FMNF, assinaram o contrato.

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A cerimónia aconteceu na sala de leitura do recentemente renovado bairro sendo que a IP Património e o Município do Entroncamento, já tinham assinado um Contrato de Subconcessão de uso privativo do conjunto dos dois edificados do Bairro do Boneco, no qual foi transferido para o Município o direito de utilizar este espaço exclusivamente em prol da preservação das memórias coletivas da Ferrovia e do Concelho do Entroncamento.

Esta cerimónia foi, no fundo, o cumprir do estabelecido, e o objetivo, entre outros, é a Instalação do Centro Nacional de Documentação Ferroviária e outro acervo documental, assim como de novos espaços museológicos e de ciência ligados à ferrovia e associados ao Museu.

Manuel de Novaes Cabral começou por enaltecer o trabalho do anterior presidente da autarquia, Jorge Faria, “que teve um papel determinante neste processo”, contando que quando foi nomeado diretor da fundação, em 2020, visitou os bairros ferroviários (Boneco, Vila Verde e Camões) “eles estavam quase em estado de destruição, muito degradados e cinco anos depois está tudo praticamente recuperado e acho que isso é algo de assinalar, muito importante”.

Desde o principio que fomos solicitados, museu e fundação, para acompanhar a elaboração do projeto porque havia, desde o início, a ideia de sub concessionar uma parte do Bairro Camões à Fundação com determinados objetivos. O principal objetivo é esta subconcessão que hoje estamos aqui a subscrever em termos jurídico legais porque o museu tinha uma das suas partes que estava alojada na IP, na estação do oriente, o centro de documentação. Temos tido problemas complicados em termos de recursos humanos mas há um presente que tivemos, que acaba por não o ser, porque nos é devido, que é a resolução da parte financeira. Nós tivemos a publicação dos nossos estatutos em 2023, 2 de janeiro, e com ela havia um conjunto de coisas que se iriam resolver. A questão financeira está a resolver-se neste momento, literalmente esta semana” mudando a abordagem à questão dos recursos humanos. “porque o museu tem vindo a crescer em visitas e atividades oferecidas todos os anos”.

Temos aqui uma obra que tem muito cuidado, projeção internacional mas sobretudo foi criada com intuito de ter aqui o centro de documentação”.

Gostaríamos de ter aqui um centro de de documentação que servisse a ferrovia mas acima de tudo que servisse a cultura nacional. Este espaço é para servir todos e só será útil se se servirem dele, é o repto que deixo”, finalizou.

Ilda Joaquim: “o mais fácil está feito”

Ilda Joaquim, fez, igualmente, questão de destacar o trabalho do seu antecessor, Jorge Faria, que seguiu atentamente a cerimónia, começando por afirmar que foi “ele o grande obreiro e que desde 2012/13 nós ouvimos falar da importância dos bairros ferroviários, na importância da recuperação da nossa memória que os bairros representam. E muitas pessoas não percebiam porque é que um conjunto de casas decrépitas era tão importante. É-o porque é a nossa memória, o que deixamos para o futuro e esse é o maior legado que deixamos a que nos sucede”.

E continuou dizendo que “o Entroncamento é um concelho recente mas de uma vivência e desenvolvimento tão acelerados que tem mais memória que outros concelhos centenários”.

Sobre a assinatura do contrato, Ilda Joaquim afirmou que “o mais fácil está feito, o mais difícil é garantir que haja continuidade, sustentabilidade, que o museu se renove, que este centro de documentação tenha tanta atratividade que não só os investigadores como a população, os mais interessados na cultura, tenham vontade de cá vir e possam consultar o que aqui possa existir e sejam colaboradores ativos na divulgação e manutenção de um espaço interessante, com vida e que sirva a cultura, o país e a nossa memória.

No final da cerimónia altura para a oferta de uma lembrança por parte de Ilda Joaquim à FMNF, entregando em mãos as antigas chapas com os números das casas do Bairro do Boneco antes da sua renovação.

A subconcessão terá a duração até 12 de agosto de 2072, conforme contrato inicial entre o Município e a IP Património, podendo ser renovada por períodos sucessivos de 15 anos, até ao limite de duas renovações.

Texto e fotos: Ricardo Alves

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