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Exmo. Senhor Director do Entroncamento Online,

A pedido de Aníbal Vieira da Cruz, o meu Pai aqui em Cc:, envio esta sua resposta ao artigo escrito pelo Sr. José Luz sobre Tomaz Vieira da Cruz, nosso familiar, publicado no V. site no passado dia 16 de Fevereiro de 2024. Gostaríamos que esta resposta pudesse ser publicada no V. site de igual maneira, para esclarecimento de quem estiver interessado no assunto. Muito agradeço a V. atenção e apresento os melhores cumprimentos,

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António Vieira da Cruz

Pêtas, Tretas e outras Historietas!

Pobre Primo Thomaz poeta que, por causa de uns auto considerados admiradores que teimam em afirmar que ele esteve na Guerra de Espanha dando tiros nos republicanos, não é reconhecido como deve numa terra que o viu nascer e, mesmo que fosse verdade tal loa, tinha obrigação de lhe prestar pelo menos a mesma homenagem que presta a outros lírios e líricos que por ela passaram ou terão passado mas dela não eram naturais!

Thomaz dos Santos Vieira, filho de Maria Amélia dos Santos e de Thomaz Vieira, nascido em Constância em 22 de Abril do ano 1900 às seis horas da tarde, baptizado na paroquial igreja de São Julião da mesma vila e concelho de Constância, diocese de Portalegre, falecido pelas quinze horas do dia 7 de Junho de 1960 na freguesia do Campo Grande em Lisboa.

Desde muito cedo adoptou o nome “artístico” de Thomaz Vieira da Cruz pelo qual ficou conhecido.

Primo direito de meu Pai, Júlio Vieira da Cruz que era dois anos mais velho que ele e que “funcionou” sempre como seu confidente e amigo de confiança.

Tenho extensa correspondência trocada entre os dois, também com irmãs e irmãos de meu Pai, tanto muito antes do seu embarque para Angola como durante a sua longa estadia na então colónia.

Ainda alguns postais e missivas que lhes enviou quando esteve realmente em Espanha e Itália mas em 1932 e 1954 !

Da sua viagem em 1954, também guardo um postal que dali simpaticamente me endereçou.

Esteve em nossa casa na Praia do Ribatejo em finais dos anos 40 – primeira vez que o vi – e, creio que na mesma volta, tornou a visitar-nos em nossa casa de férias, causando-me uma impressão de simpatia e bondade que não mais se desvaneceu aliada a uma capacidade de contar as suas venturas e desventuras em África que tinham um sabor especial para um miúdo da minha idade.

Quando regressou ao continente e se fixou em Lisboa, era visita assídua de Casa de meu Avô, mais tarde de meus Pais e lembro-me de o visitar mais de uma vez na companhia de meu Pai e de um Tio quando ele estava doente na casa que habitou em Alfama.

Ao que interessa :

-a Guerra de Espanha desenrolou-se entre 17 Julho de 1936 e 1 Abril de 1939.

-as viagens entre Angola e o continente eram longas e caras para uma magra bolsa como a do Primo Thomaz que, com dificuldade, enviava as economias periodicamente para o Primo Henrique, seu irmão, mas via meu Pai que mantinha essa contabilidade sempre em dia.

-as várias missivas, super interessantes, para meu Pai e Tias durante os anos de 1936, 37, 38 e 39 têm datas e teor que desdizem a tese de que ele teria estado fora de Angola embora seguisse de longe o desenrolar dos acontecimentos, tomasse partido, se pronunciasse por prosa e em verso mas, como já disse da outra vez, de uma maneira que sempre considerei alegórica.

Por mim, com este escrito dou por terminada a minha intervenção neste assunto, não “dou mais troco” a quem tem ideias “mal feitas” e prefere mantê-las.

Espero no entanto que, como comecei por dizer de início, as “forças vivas” de Constância reconsiderem na longa proscrição a que votaram o Thomaz e lhe dêem a visibilidade que merece na sua terra natal.

Aníbal Vieira da Cruz

D.E.

De qualquer modo, não confundir “Viriatos” que, de armas na mão, combateram ao lado das tropas de Franco com comboios de voluntários não armados que, daqui, foram até à frente de batalha com víveres, medicamentos, etc.

AVC

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