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Intróito

Um movimento não é por si só, uma revolução. Mas uma oportunidade de oiro pode levar a uma revolução. Uma sucessão de golpes e contra-golpes também não é necessariamente uma revolução. Se a população em geral não estiver envolvida na revolução então a natureza da mudança de regime pode  estar confinada ao poder politico-militar. A realização de eleições livres, a Constituinte e a aprovação da nova Constituição são evoluções positivas no sentido dos Direitos do Homem e da dignidade da Pessoa Humana. Temos assim uma mudança de regime e uma transformação da sociedade que sempre chegaria a realizar-se. Mais tarde ou mais cedo. Hoje temos essa percepção olhando criticamente para trás.  O 25 de Abril acelerou o processo de democratização, graças ao … 25 de Novembro. Mas só em Portugal, a bem dizer. O preço de sangue pago, em particular, em Angola e Moçambique, nessas guerras civis marcadas por uma mortandade atroz são a prova provada de que só por egoísmo, falta de solidariedade e desrespeito pelos povos de África  poderemos pensar apenas no bem-estar do nosso pequeno umbigo. 

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Choca-me ouvir dizer que a revolução dos cravos foi feita sem sangue. Porque se trata de uma vil mentira que procura esconder e negar as guerras civis que o 25 de Abril provocou em África com o abandono e deserção do aparelho de Estado e  suas estruturas. Não havia alternativa? Os homens é que provocam os acontecimentos obedecendo aos interesses geopolíticos. Se observarmos o comportamento dos “donos da democracia”  desde Abril, ou mesmo antes, rapidamente verificamos qual é a cartilha que seguem ou seguiram.

(Há várias teorias sobre o que é uma revolução. Não descurei os conceitos).


O movimento dos capitães de Abril (que em parte alguma do programa do MFA previa a descolonização, do  mito posterior dos “três DDD” inventado pela esquerda) terá surgido em contestação ao  decreto-lei 353/73 que permitia aos oficiais milicianos ingressarem no quadro permanente. A academia estava vazia e para manter o aparelho militar,  desgastado  pelas sucessivas comissões de serviço  Marcelo Caetano permitiu o  ingresso no quadro permanente do pessoal com experiência de guerra, (contra o terrorismo) após formação adequada.

Com epicentro na Guiné começou a gerar-se um movimento contestatário a nível dos capitães do quadro permanente ( com funções de comando) com reivindicações salariais.Houve exposições colectivas proibidas pela lei. Spínola dá corpo à contestação através de “Portugal e o futuro” e é demitido mais o seu chefe hierárquico, Costa Gomes.

No Exército,  Melo Antunes  dá a cara pela ala mais politizada e faz a ponte para a  Marinha.  Curiosamemte ou talvez não o programa anti-regime das teses da oposição socialista e comunista, reunida em Aveiro meses antes passa para o programa do MFA  (com emendas por Costa Gomes e por Spínola).

O resto será a conjugação de vários factores internos e externos.

O comportamento dos jovens  perante a sociedade terá sofrido influências do “Maio de 68”.  A leitura de panfletos subversivos oriundos de Leste (leia-se U.R.S.S.), passou a formatar ideologicamente os mais influenciáveis em termos grupais.

Na Assembleia Geral da ONU, então constituída por um número de países que não chegava à centena, a geopolítica dos interesses da guerra fria  dominava. Há resoluções políticas que estimulam o armamento de grupos terroristas contra países como Portugal. Após a secessão do Estado português as potências dominantes tomaram conta dos recursos e dos aparelhos. Uma descolonização irresponsável – abandono e êxodo –   resultou em guerras civis fratricidas que exterminaram pelo menos um milhão e meio de pessoas só contando com as vítimas em Angola e Moçambique. Milhões de pessoas foram deslocadas à força. Milhares tiveram de fugir para países vizinhos para não serem dizimados. E ainda dizem que o 25 de Abril não fez vítimas. Os mesmos que rejeitaram o império rejeitam agora a Europa. Entre o capitalismo e o marxismo não  há lugar para países “orgulhosamente sós”.

A encíclica papal sobre o direito dos povos à autodeterminação foi logo aproveitada politicamente como arma de arremesso contra Portugal. Verdade seja dita, a Assembleia Geral da ONU foi mais hostil a Portugal do que o Conselho de Segurança.

A pretexto da libertação dos povos do “jugo opressor” ia-se criando um novo jugo que ainda hoje mantém esses territórios debaixo de ditaduras militares (a operação Carlota cubana o que foi?…). A marcha da história, incontornável, sempre haveria de acompanhar o progresso social, mau grado a descolonização exemplar….

No pós-guerra mundial ditaduras, havia-as um pouco por todo o lado. Portugal não era excepção.

Afinal, paises como a França e o Reino Unido “mantém territórios não autónomos, em flagrante descontinuidade territorial: colónias!

Afinal as colónias da URSS não indignavam a AG da própria ONU. Esses povos não teriam o direito à autodeterminação? Só Portugal, opositor persistente às normas de ius cogens sobre a independência,  seria o alvo privilegiado a longo prazo.

Mário Soares entregou o território do protectorado de Cabinda mandando às urtigas o tal direito ” sagrado” à independência. Petróleo e diamantes  serviram os interesses em Alvor? A presença de multinacionais em terras de Simulambuco que o diga.

Por cá, o PREC ia tomando conta disto. O 25 de Novembro pôs termo aos desígnios marxistas e o verão quente apagou-se. O Conselho da Revolução demorou a extinguir-se e criou-se um órgão apócrifo legislador em sua vez

Das virtudes e defeitos da nossa democracia temos notícias todos os dias. O país está metido na União Europeia, cumprindo assim um destino forjado por Mário Soares e amigos.  Nada que não fosse previsível nas mentes dos arquitectos da geopolítica.

Com os recursos naturais destruídos e sem capacidade política de intervenção Portugal não conta. Temos a liberdade. Mas não temos mais nada, na lógica do poder político. Nos EUA confundem-nos com “nuestros hermanos”.

Por vezes vamos fornecendo alguns quadros políticos para cargos-pivot na cena internacional.

Temos a liberdade que têm os papagaios.

E temos a esperança na alma lusitana,  num mundo livre e justo, assentes nos valores pátria, família e no humanismo cristão.

José Luz (Constância)

Post Scriptum- Notícias frequentes dos laços famíliares no aparelho do Estado, Governo, etc e a arrogância de ministros de um Governo não eleito os quais se recusam a responder à provedoria de justiça sobre questões graves relacionadas com pensões ou mesmo que se recusam a responder a deputados em comissões parlamentares, são apenas sintomas de um regime de papagaios que tem apenas a democracia na ponta da língua…

 

 

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