Ah! Constância, bela Constância!
Chegar a ti
É um regresso às raízes…
Estar aqui
É reviver dias felizes!
De ti moro longe,
Doce Constância!
Mas estou aqui hoje,
Para de teu perfume
Inalar a fragrância!
Chegado aqui,
Vou percorrer-te, passo a passo…
E, desta alta colina da tua Matriz,
Como Cristo, também abro meus braços,
Mas não vejo urzes, nem calvário!
Daqui eu vejo o Zêzere e o Tejo,
Em fraternos abraços,
Cuja toalha de límpidas águas,
É o meu sudário!
Depois,
Devagarinho,
Passo lento e miudinho…
Desço ao teu belo horto,
Onde vejo o eterno Épico,
De rosto altivo e franco,
Que, por muito te amar,
Ali num velho banco
Está sentado a versejar…
É Camões!
Homem de paixões!…
E, num murmúrio tão baixinho…
Quase em jeito de ciumeira…
Vou dizendo ao portento:
“Quem me dera o teu talento,
Para poder ficar aqui,
Neste assento,
Ao pé de ti,
A poetar a tarde inteira”!
Autor: Alfredo Martins Guedes















