Nesta maré de festividades locais republicanas de fraca expressão na história local de Constância, recordemos a origem da actual Rua João Chagas da vila de Constância, outrora chamada Rua de São Julião. Era assim denominada porque dava acesso à antiga paroquial de São Julião. Já escrevi sobre a importância desta antiquíssima igreja, a qual tinha uma centralidade inequívoca na nossa terra. Escrevi também sobre a lenda de um São Julião e acerca da presumível ligação desse Santo com este local.
Parece-me perfeitamente justo que a nossa toponímia respeite a nossa história e as nossas tradições. Para fazer jus à etimologia e aos valores identitários da população natural.
A seguir à implantação da república houve por aí uma febre que mudou os nomes de diversas ruas. Temos até uma rua que tinha o nome de um Santo, São Pedro, e passou a ter o nome de um terrorista da Carbonária, Machado Santos. O povo, cristão, teima e resiste e continua a chamar a rua pelo nome do Santo.
A nossa rua de São Julião, à semelhança de outros casos passou a denominar-se de “João Chagas”, um brasileiro que era maçon e que nada tem a ver com a nossa vila. Ou tem? O quê, em concreto???
Mais recentemente resolveu a câmara atirar com o antigo nome da Rua de São Julião… para o Chão da feira. É obra!… A toponímia, segundo os dicionários, é a memória viva, a herança, a tradição do nosso passado. O nome de São Julião é característico da zona da praça, do Centro histórico, nada devendo à antiga Charneca onde, sabemos, existia outro topónimo: Campo dos Mártires.
É tempo de devolver à nossa vila a sua toponimia cristã, expurgando os carbonários e os maçons, relegando-os para outra freguesia. Constância não era uma vila de tradições republicanas. É certo que havia por aqui alguns adeptos da república. como era o caso do administrador do concelho, José Eugénio de Nunes Godinho. No Outeiro, ainda lá está a antiga casa da Carbonária, agora recuperada, o braço armado… Reza a tradição oral e os registos da imprensa da época que a vila, poucos anos antes da implantação da república em Lisboa (e sua expansão ao resto do país e império) anote-se, recebia com grande pompa, a El Rei Dom Carlos I e a seu séquito. Nessa ocasião o republicano José Eugénio enfeitava as suas varandas com crepes pretos, em sinal de protesto contra a visita real. Por sinal, foi nessa oportunidade política que o povo dirigiu a S.A R uma petição que levou à restauração do nosso concelho.
José Luz (Constância)
PS- Não uso o dito AOLP.















