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A urgência de angariação de fundos para recuperação da velhinha ermida de Santo António por cima da fábrica do CAIMA,  leva-me à presente crónica. Se não salvamos  este património, perdemos a nossa própria memória colectiva

Há trezentos anos atrás o povo desta vila «na ocorrência de necessidades grandes» invocava Santo António o qual «saltava do altar…»

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A memória local dos milagres deste Santo ainda existe. Nos anos 70 e 80  recolhi alguns apontamentos sobre as lendas que faziam o Santo passar o Tejo em cima de um lenço, por exemplo.

Há várias obras antigas que elegem esta imagem, entre as demais do reino. O cronista Joaquim Coimbra deu-me nota desta ser uma capela que teria sido erguida num local que fora casa dos pais do Santo. O Padre Carvalho da Costa e outros referem que a capela teria sido a segunda do reino a ser erguida após a canonização do grande taumaturgo. A jornalista  Manuela de Azevedo  contou-me que soube por Aquilino Ribeiro que  os terrenos desde a Chamusca até esta capela em Santo António Entre as vinhas, teriam pertencido aos pais de Fernando de Bulhões.  Há controvérsia sobre a verdadeira origem do apelido do Santo. Mas não é essa a nossa preocupação por agora. A capela medieval existente na margem sul do Tejo tem resistido aos séculos. E parece que está há muito a carecer de obras urgentes no tecto. Joaquim Coimbra registou na sua monografia que em tempos recuados existiriam junto à ermida vestígios de antigos albergues.

Atentemos por agora no relato de 1725 de Luís Abreu Brás:

«A miraculosa imagem de Santo António de entre as vinhas, venerada em uma Capela junto da vila de Punhete, enche repetidas vezes a estremadura de benefícios; a Devoção de Glórias. Evidentes observações têm mostrado, que na ocorrência de necessidades grandes, salta do Altar, e vai acudir, aos que o invocam intercessor; tornando a restituir-se muitas vezes orvalhado, e outras empoado  do caminho. Contam-se tais, e tantos casos desta portentosa  Imagem, que por não arriscarmos a fé da História na irregularidade dos sucessos, supercedemos à narração das maravilhas; satisfeitos, e persuadidos, de que para consolação dos Devotos, bastam as que se tem escrito; e para confusão dos descudados, se aqueles não bastarem, nenhumas bastarão.»

Termino com um testemunho.

A viúva do pintor Roberto Araújo, a saudosa D.Beatriz Araújo, era grande devota, fervorosa,  do Santo António. Nunca vi devoção tão  forte por aqui  neste Santo universal. Ela era devota todos os dias e não apenas  no dia  deste taumaturgo de bens e mercês.

A D.Beatriz era comadre do antigo presidente da Assembleia da República, Dr Almeida Santos o qual vinha a Constância muitas vezes de noite a sua casa.

A D. Beatriz frequentava a  Sinagoga de Lisboa mais a mãe do Dr  Jorge Sampaio, antigo Presidente da República. Era amiga do Dr Abranches Ferrão, ilustre advogado do General Humberto Delgado.

Eu frequentava a sua casa e mais não posso dizer Pode ser que um dia revele um segredo sobre Mário Soares que Abranches Ferrão lhe confidenciou a propósito do que se passou junto a Olivença em 1965…

José Luz (Constância)

PS- Não uso o dito AOLP.. Sei que os capitalistas da CAIMA não terão respondido afirmativamente a um pedido de apoio para salvar o tecto da capela.  Oxalá haja mudança de posição.

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