“O meu nome é Rita Barata e sou do Entroncamento, apesar de neste momento viver fora de Portugal. Foi lá que vivi toda a minha vida, e foi nessa terra que comecei a escrever música. Não sei por que voltas do destino será, mas acredito que não seja por acaso que o Entroncamento tem já tantos – e tão bons – artistas!

Esta sexta.feira, dia 12 de março, lancei um single novo – “damasco” – que já se encontra disponível em todas as plataformas digitais, sendo que o respetivo está no meu canal do YouTube. Esta música relembra-nos de celebrar o facto de estarmos vivos, bem como de nos permitirmos a desfrutar disso mesmo através dos nossos sentidos. O single “damasco” traz-nos de volta à nossa verdadeira casa – o corpo – para nos recordar que apenas podemos ser inteiros quando encontramos essa união entre espírito e matéria.

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Em junho de 2019 lancei o meu primeiro EP intitulado “se chover, floresce”, totalmente em acústico em que canto e toco guitarra, cujas canções da minha autoria narram a descoberta de mim própria. Uns meses depois, já em 2020, lancei o single “desconstrução”, uma espécie de poema em spoken-word, onde falo sobre o sair do piloto automático e o regresso ao momento presente.”

“Damasco” é uma celebração dos sentidos e da vida, que só através deles se experiencia em pleno.

“Esta música marca um ponto de viragem no meu crescimento pessoal, em que me apercebi que apenas podemos ser inteiros quando integramos espírito e corpo, energia e matéria.

Durante muito tempo vivi algo desconectada de tudo o que é mais material e foi durante a quarentena de 2020 que realmente percebi o papel crucial dessa dimensão. Sentir não é abstrato, é tangível, é palpável e acontece naquela que é a nossa verdadeira casa – o nosso corpo. Por isso, esta música convida-nos a celebrar esse lado da vida, reconectando-nos ao prazer de estar vivo e ao poder de sentir.

Nos últimos anos mergulhei bem fundo dentro de mim, focada em conhecer a minha alma por detrás de todas as camadas que vamos acumulando à medida que acrescentamos anos à vida. Cresci e aprendi muito, no entanto, de alguma forma, algo em mim continuava a existir fragmentado. Dividido.

O porquê dessa separação existir revelou-se numa tarde de junho de 2020: estava à janela da minha cozinha a comer um damasco, ao mesmo tempo que aproveitava o calor do sol e a brisa da primavera, quando se abateu sobre mim a noção de que tudo o que experienciamos aqui só é possível, porque existimos dentro de um corpo; tudo o que experienciamos e aprendemos só acontece pelo contacto com a matéria, por tudo o que existe de mais terreno e denso. O conceito de “despertar espiritual” é o mais conhecido, porém o que eu senti foi o iniciar de um “despertar material”.

Nesse momento, tomei consciência de que havia negligenciado em grande parte esse lado mais material da vida, a começar por aquilo que me permite respirar e estar viva – o meu corpo. Foi como se compreendesse que sem ele nunca poderia estar verdadeiramente inteira e experienciar em pleno a vida. De repente, tudo aquilo que havia tomado por garantido, ou até mesmo sentido como um acessório fútil e vazio de propósito, era agora absolutamente essencial, era a minha casa, o meu centro.

Com essa união de corpo e alma, há todo um mundo de possibilidades que se abre à nossa frente, pois apercebemo-nos do prazer que é poder sentir e do poder que é sentir prazer e desfrutar verdadeiramente da vida em tudo o que ela tem para nos oferecer, tanto na sua dimensão material como espiritual. De facto, um lado não existe sem o outro. Não somos feitos de partes.

Por me ter recontado ao meu corpo e à vida que através dele posso sentir, o meu mais natural impulso foi o de celebrar a bênção que é estar vivo, aqui e agora. Que melhor maneira teria de “congelar” eternamente essa energia que a de escrever uma música que me desse vontade de dançar? De me mover livre ao ritmo da sua batida e conectar[1]me a tudo o que sinto e sou nesses segundos da minha existência?

Que nunca nos esqueçamos de celebrar a vida. De nos celebrarmos a nós. De dançar, correr, gritar, saltar, abraçar, saborear, rir… Acima de tudo, que nunca nos esqueçamos daquilo que nos torna humanos – deste corpo-casa que nos abriga, sustenta, ampara.

Que tenhamos sempre presente a leveza de não levarmos tudo isto tão a sério e saibamos usufruir de toda a abundância que este planeta tem para nos oferecer e que só através deste corpo podemos sentir.

Obrigada Pedro pelo talento e dedicação que emprestaste a esta música e a tantas outras que já te confiei, obrigada Diogo pelo vídeo e obrigada à minhas pessoas por todo o apoio e amor que me dão desde sempre. E obrigada Universo, por me permitires estar aqui e agora, neste sonho que é a vida.”

 

 

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