HARPAS & FARPAS DE UM TRANSMONTANO
Temos de reconhecer que trabalhar em prol do bem Público, não deixará muitas vezes de resultar em algum sacrifício da vida pessoal de quem o faz. Mas, por outro lado, estou também em crer que será uma grande honra para os que o exercem, visto ser uma virtude que não está ao alcance de toda a gente!
Vem esta minha nota a propósito da operação policial “Éter”, hoje anunciada no teletexto da RTP1, e que tem a ver com alegadas irregularidades praticadas por umas boas dezenas de autarcas portugueses nos contratos com a instalação das chamadas “Lojas Municipais Interactivas!
Como português com os impostos atempadamente pagos, tenho o direito de emitir opinião sobre o assunto, e dizer abertamente, aqui e agora, que uma tal notícia muito me entristeceu. Mas, entristeceu-me ainda muito mais, quando vi que nela também se incluía o vice-presidente do município da minha terra – Santa Marta de Penaguião!
Não pretendo fazer neste texto quaisquer juízos de valor ou de emitir malévolas intenções sobre quem quer que seja, até mesmo por que todo o cidadão é inocente, até judicial prova em contrário.
É suposto que aqueles que vêm para a rua em campanhas eleitorais jurar fidelidade e honradez, prometendo trabalhar arduamente em prol do bem-estar dos seus munícipes, não sejam os mesmos que uma vez instalados no poder autárquico ou outro de cariz Público, acabem por fazer o contrário do que antes haviam prometido, e se deixem facilmente enredar em nefastos “cânticos-de-sereia” de certos chico-espertos arvorados em opacos empresários de vão-de-escada!
Dada a perra justiça que hoje temos, é talvez quase certo que estes processos não irão dar em nada, ou quase. Talvez umas ligeiras coimas, ou quando muito uns dois ou três anos de prisão com penas suspensas, mas só o saberemos daqui a uns cinco ou mais anos, como de costume! Entretanto, como já vimos noutras idênticas situações, para se acautelarem de possíveis condenações mais gravosas, é muto provável que já tenham recrutado uma boa dezena de advogados com sonante nome na nossa Praça e, (pasme-se), talvez pagos com dinheiros públicos das próprias autarquias a que pertencem! Se isto não é indigno, o que quererá significar a palavra dignidade?
O Povo merece mais e melhores homens bons!
ALFREDO MARTINS GUEDES
Janeiro 2020















