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O Sr. Presidente Marcelo foi há dois dias atrás internado num hospital de Lisboa, para resolver um problema cardiovascular. Já teve alta e, pelos vistos, tudo correu bem, (diria mesmo muito bem), e até fiquei contente com tal sucesso.

Notei, porém, que no dia da saída do hospital, frente à parafernália de jornalistas, não se esqueceu, como convinha, de tecer rasgados elogios ao SNS. Ele, Presidente, teve um atendimento rapidíssimo e cinco-estrelas, como seria de esperar para uma pessoa com o seu elevado cargo.

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Mas, sabendo o Sr. PR que cerca de um milhão de portugueses nem sequer tem médico de Família; que há milhares de portugueses que esperam vários anos por uma simples consulta de especialidade; que há muitas centenas de cirurgias adiadas; que o departamento de tratamento do cancro do hospital de S. João do Porto vem funcionando há 11 anos em contentores, etc, seria de esperar, muito louvável e oportuno, que alguém que é reconhecido como homem de afectos, (aproveitasse aquele preciso momento), para dali em directo na TV exprimir uma simples palavra de conforto àqueles deserdados da Sorte acima referenciados, e até mesmo aos portugueses, em geral!

Muito melhor que Marcelo Rebelo de Sousa se comportou o ex-presidente Jorge Sampaio, que num momento idêntico a este, e com um problema de saúde do mesmo teor, perante as câmaras televisivas que o aguardavam à saída do hospital, disse mais ou menos isto: “Eu fui aqui muito bem tratado, sinto-me bem, e agradeço aos médicos e ao SNS, mas gostaria que todos os portugueses tivessem um tratamento semelhante ao meu”!

Entroncamento – 31 de Outubro de 2019

Ass.: Alfredo Martins Guedes  

 

 

 

 

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