QUE ESTADO TEMOS? QUE DUVIDOSOS GOVERNANTES NOS GOVERNAM?
NEM A TRAGÉDIA DE ENTRE-os-RIOS LHES SERVIU DE LIÇÃO!
Dizem-nos os manuais do protocolo, da etiqueta ou do bom senso, que um verdadeiro Estado de Direito se deve em primeiro considerar a si próprio, para que o comum cidadão o possa realmente considerar Estado credível ou, como se diz na gíria: – Pessoa de Bem!
Ora, é aqui, numa destas premissas, que está o busílis da questão! Pelo que se tem visto nestas últimas décadas, nada tem abonado em favor do Estado ou Governo, para que o dito comum cidadão lhe conceda essa deferência de Pessoa de Bem, visto que, na maior parte das vezes onde o Estado falha – (e muito tem falhado…) -, esse mesmo Estado sempre arranja bodes expiatórios para quem atirar culpas ou, no limite, nunca no entender dos respetivos governantes se encontram culpados desses maus atos!
Nem com isto quero dizer que me estou referindo, aqui e agora, concretamente, apenas e só ao atual Governo da chamada “Geringonça”. Isto é um defeito que tem barbas e farta cabeleira!… É uma “pecha” que vem de longe, pois neste capítulo todos têm seguido a mesma infeliz metodologia do autoelogio, ou seja: o que está bem feito, nós o fizemos; mas o que está mal, culpem-se outros!
Aconteça o que acontecer e seja de que gravidade for, nunca se tiram lições para prevenir graves casos futuros. Foi com António Guterres e o seu ministro das Obras Públicas Jorge Coelho, que aconteceu a tragédia de Entre-os-Rios! Este seu ministro conhecia perfeitamente as fragilidades dos pilares e do tabuleiro daquela ponte. Tinha na sua gaveta relatórios de inspeções bem recentes, efetuadas á respetiva estrutura. Tinha obrigação de promover as necessárias obras de consolidação e não o fez. Honra seja feita ao anterior presidente da câmara de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira, que tudo fez para chamar a atenção do governo para aquele urgente problema, ao ponto de ele próprio ter tomado a iniciativa de a mandar encerrar ao trânsito. Mas um governo teimoso e diria mesmo criminoso, haveria de dar ordens em contrário às forças de Lei, e assim se consumou a fatídica queda, apenas uns escaços dias depois! As consequências ocasionadas com este negligente ato governamental foram catastroficamente brutais!… Enterrou-se no rio Douro um autocarro com 60 vidas e mais umas quatro ou cinco viaturas com os respetivos passageiros!
Após esta terrível desgraça o ministro da tutela, tal como fez Pilatos, limitou-se a lavar as suas mãos, deu o cavanço do governo e, só por isso, os socialistas quase o levaram aos píncaros da ribalta e da grande honradez!!! Quem por lá deu a cara foi António Guterres, onde solitário compareceu todo encolhido e compungido… prometendo emendar a mão de toda a asneira ali feita. Então, se antes não havia dinheiro para umas simples obras de reforço dos pilares da respetiva estrutura, logo apareceram milhões de euros para faze não uma, mas duas pontes de uma vez só!
Nada disto fez mover os sucessivos governos para prevenir futuros casos mais ou menos graves. Até que surgiu aquela enorme tragédia dos incêndios de 2017, em Pedrógão, Mação, etc, cuja ocorrência fez para cima de cem vítimas mortais, para além dos desastrosos prejuízos materiais derivados da referida hecatombe! Ainda mal refeitos desta catástrofe, eis que surge o fatídico abatimento da estrada das pedreiras de Vila Viçosa, corria ano de 2018, em cuja derrocada se perderam mais algumas vidas.
É bom notar que, em ambos os casos, ainda até hoje não se fez justiça sobre estes calamitosos desastres, mesmo se sabendo que certos governantes destas tutelas (Proteção Civil e Estradas de Portugal) não estarão isentos de culpas. De censurar, também, no gravoso caso dos incêndios foi o incorreto comportamento então protagonizado pelo atual primeiro-ministro. Embora conhecedor da gravidade daquela situação, resolveu “assobiar” para o ar, e partiu para gozo de cerca de duas semanas de férias, em Palma de Maiorca!
Isto – (caros leitores do ND), serve para vos dizer o que penso acerca de muitos políticos e gestores da nossa lusitana/praça; gente que só consegue decidir algo, desde que rodeada de milhões e mais milhões de euros. Ainda há uma ou duas décadas a esta parte, sempre que se falava em termos de obras ou aquisições de património, os montantes de capital em causa andavam pela casa dos milhares. Algum tempo após, subiu a fasquia para termos de milhões. Mas nos dias de hoje já andamos pelas cifras astronómicas dos mil milhões, coisa que eu próprio nem sei muito bem o que será!
É claro que não é crime gerir negócios de milhões. Mas, se o respetivo gestor ou político não é competente ou é corrupto, lá se vai tudo por água-a-baixo e o Zé-Povo cá está sempre para pagar a favas! Neste capítulo, sobretudo no que diz respeito aos decisores políticos, deparamos invariavelmente com negócios que nos deixam muitas dúvidas. Se não vejamos: sendo o Estado proprietário de milhares de imóveis que se encontram espalhados por todo o país e ao completo abandono, por que razão insiste o governo em alugar edifícios inteiros a privados? Como vimos acima, verifica-se que o próprio Estado é também um péssimo exemplo no tocante à gestão do seu património, (que é nosso) – que pertence aos dinheiros Públicos! Será então o Estado pessoa de bem, quando dispõe de tanto património edificado ao abandono, em constante ruína, e acaba por recorrer ao mercado imobiliário para à custa de proibitivas rendas mensais instalar serviços dos seus próprios ministérios?
Guterres e Sócrates foram dois campeões neste tipo de despesismo! O primeiro, apressado que estava eleitoralmente, desatou a alugar edifícios inteiros, para neles instalar as chamadas Lojas do Cidadão. Dizia-se então, a este propósito, que só apenas a enorme Loja dos Restauradores custava ao erário Público uma colossal fatia de oitocentos mil euros! Mas foi Sócrates ainda muito mais longe, quando resolveu instalar vários tribunais na luxuosa zona do Parque das Nações, para cuja renda, pelos vistos, vem pagando o Estado cerca de um milhão e duzentos mil euros! Uma fortuna doida!
E querem que chamemos a este tipo de Estado – Pessoa de Bem?
ALFREDO MARTINS GUEDES – Junho – 2019















