No início de cada ano letivo novas oportunidades e novos desafios se apresentam a professores e alunos. Educar numa escola que se quer dinâmica, atrativa e inclusiva é algo que se depara como um desafio por vezes árduo de ultrapassar. Se por um lado, para alguns, a escola permanece retrógrada com um corpo docente envelhecido, para outros a escola continua uma porta aberta ao mundo, pronta responder aos estímulos e às necessidades dos jovens alunos, formando indivíduos para o século XXI. E, assim o dizem os alunos do quarto ano, turma D, da Escola Básica do Bonito, do Agrupamento de Escolas Cidade do Entroncamento, que ao longo do ano letivo, trabalharam no projeto eTwinning – My Grade 4, o que lhes permitiu contactar com o mundo para além-fronteiras e desenvolver competências fundamentais a nível dos domínios digitais, linguísticos, interculturais, sociais e pessoais de autoconfiança, trabalho colaborativo e aprendizagens ativas e autónomas.

O projeto My Grade 4 foi efetuado na plataforma eTwinning, desenvolvida para dar aos alunos e professores europeus a oportunidade de trabalharem e aprenderem em conjunto e ao mesmo tempo tomarem consciência da sociedade multilingue e multicultural que integram, utilizando as novas tecnologias da comunicação para realizar aprendizagens relevantes e memoráveis comuns.  Este projeto especificamente contou com a colaboração de escolas de Portugal (3), França, Croácia, Polónia e Turquia (2) tendo como principal objetivo dar oportunidade aos alunos de conhecerem a riqueza cultural de outros países europeus, aceitando a diversidade e utilizando sempre a língua inglesa como veículo primordial de comunicação.

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Assim, ao longo do letivo, na sala de aula, os alunos envolveram-se em várias atividades que muito contribuíram para o enriquecimento e consolidação das suas aprendizagens: expuseram a sua escola aos parceiros, procederam à sua apresentação pessoal através de avatares e gravações de voz, pesquisaram e mostraram a sua região, as lendas e tradições, os casais românticos da história e das fábulas, chamaram à atenção de todos para campanhas anti-bullying (Pink Shirt Day – alargado às outras turmas do quarto ano) e de segurança na internet (construção das palavras internet safe com alfabeto humano – letra T) e participaram num concerto de Natal alargado a todas as escolas intervenientes, entre outras. Todas as atividades estão organizadas e publicadas num site elaborado para o efeito, site este que foi dinamizado com os contributos de todos os alunos e professores envolvidos.

Mas afinal, qual foi a grande novidade deste projeto? Há que realçar do ponto de vista dos alunos do quarto ano de escolaridade, com uma média de idades de nove anos, esta foi mais uma de muitas aventuras pedagógicas, através da qual tiveram a oportunidade de aprender acerca dos países parceiros. A chave para o sucesso foi a dinâmica de trabalho e a produção de conteúdos realizados pelos alunos. Desta forma, os alunos apropriaram-se do conhecimento como sendo seu e por isso deram-lhe a importância devida. Ao trabalhar com alunos de outras escolas europeias tiveram que dar o seu melhor e o coroar deste trabalho foram as várias sessões online onde todos tiveram oportunidade de se conhecer e conversar no seu melhor inglês.

Como professora, o grande desafio foi coordenar as atividades e mantê-las a par e passo com os nossos parceiros e com a professora titular de turma, companheira de todas as horas e de todas as atividades e o conselho de turma, visto que o projeto envolveu outras áreas do saber numa articulação interdisciplinar ímpar, como por exemplo: estudo do meio, cidadania e desenvolvimento, expressão artística e TIC e a colaboração indispensável dos encarregados de educação. Num tempo onde as tecnologias digitais entraram definitivamente no domínio do ensino e da aprendizagem, estes alunos aprenderam a manusear várias ferramentas e plataformas, conhecimentos que se reconhecem como fundamentais para a aprendizagem ao longo da vida.

Se inicialmente estava um pouco assustada com a grandeza desta tarefa, ao longo do ano fui verificando que, o que sobrou da espuma dos dias foi o entusiasmo, a motivação e a ideia de que realmente se estava a fazer algo importante para a formação destes alunos. A sala de aula não é só o que está dentro de quatro paredes, a sala de aula é cada vez mais o que está para além desse espaço físico, são as interações que se criam e o que está para além delas. Ensinar e aprender não difere muito do que já se fez no passado, na verdade, como professores vamos sempre adaptando a nossa prática à realidade e ao tempo presente.

Houve dificuldades? Claro que sim! Dias sem internet, sem computadores funcionais para todos, alunos que se esqueciam da sua tarefa, e depois … há que saber ultrapassar, desistir na educação nunca é opção.

Acredito que num futuro próximo, quando estes alunos crescerem, se tornarem jovens adultos e tiverem oportunidade de viajar, terão como primeira escolha a visita a um ou vários destes países. A escola deu-lhes o saber, alargou-lhes os horizontes e plantou-lhes a semente da curiosidade, cabe-lhes fazê-la florescer para o mundo. A escola somos nós, são eles e os outros, aqueles que fisicamente estão longe, mas ao mesmo tempo tão próximos, à distância de um click.

Num tempo em que tudo se questiona e quando a escola está cada vez mais exposta às críticas, talvez valha a pena refletir acerca de práticas simples, mas bem-sucedidas, que podem marcar o percurso de professores e alunos para sempre.

Paula Alexandra Couto

Professora de Inglês do 1º CEB AECE.

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