
Ao longo do último ano e alguns meses temos assistido a um deplorável joguete demagógico por parte de alguns eleitos do PSD, nomeadamente, na Câmara Municipal. Reservo-me o direito de resposta pela forma como fui individualmente referido numa crónica na passada semana que, à imagem das anteriores, se baseia em informação deturpada e na omissão de dados relevantes.
Antes de mais quero penitenciar-me por esta missiva, uma vez que para responder a tantas metáforas e adjetivações terei de fazer aquilo que disse não ir fazer: entrar no lamaçal criado sobre este tema (e outros) pelo PSD.
Faço-o no parco tempo que tenho fora da minha atividade profissional e vida familiar, pois não preciso da atividade política para viver. Pelo que não perderei mais tempo esmiuçando o chavão de recorrente recurso a que me tenta colar.
Começo então por referir a minha preocupação pela referência à reserva moral feita pelo sr. Claudino, quando muitas vezes os eleitos do PSD se comportam nas reuniões dos órgãos autárquicos com se “estivessem numa taberna”, desrespeitando quem dirige a reunião, mostrando total desdém pelos seus interlocutores e querendo a todo o custo ter sempre a última palavra sobre qualquer assunto.
Agora, no que concerne aos factos. Comecei a intervenção por referir que “a ignorância, é atrevida”. Não duvidando das capacidades de interpretação do sr. Claudino, a forma como este a simplifica, ressoa a má-fé.
Enquanto Presidente da Concelhia do Entroncamento do Partido Socialista, em momento algum, encetei qualquer tipo de conversação com qualquer vereador eleito pelo Chega. É que ao contrário das insinuações, encontro-me e sempre me encontrei nos antípodas das posições daquele partido em geral e dos cidadãos por ele eleitos em particular.
Nesse sentido e na intervenção em apreço, referi também que “o Partido Socialista do Entroncamento não aceita lições se seriedade do PSD”.
Reafirmo-o com convicção, a convicção daquilo que no passado se conhece, mas sobretudo do que se passa hoje aos nossos olhos. Referi-o porque não fui eu que corri com diligência, na noite eleitoral e após serem conhecidos os resultados, em direção à sede do Chega encetando diálogo para criar uma espécie de coligação negativa, bem longe dos bons auspícios de um mandato confiado ao serviço das pessoas. Também não terei sido eu que efetuei negociações com os três eleitos pelo Chega, à data, para viabilizarem a eleição de um eleito do PSD como Presidente da Assembleia Municipal. Isto a par da tentativa de fazer condicionar o voto favorável dos vereadores do PSD à distribuição de pelouros ao terceiro vereador eleito pelo PS, a eventuais abstenções de eleitos do PS à Assembleia Municipal com o mesmo objetivo.
É que este tipo de atitudes não é “política”, como tende a amenizar em discursos de tragédia em vários atos. É o vácuo de princípios de quem se inebria com qualquer perspetiva de poder.
Julgo que em relação a traquitanas (e sobretudo a carácter), estamos conversados.
Ao contrário do sr. Claudino, eu não vejo nele ou em qualquer eleito de outra força política “alvos a abater”. Se é a forma de este ver os adversários políticos, lamento. Só posso lamentar.
Da minha parte não o reconheço como inimigo, nem tenho em mim essa dimensão bélica. Talvez se tivesse sempre vivido por cá, como tão sonora e falaciosamente apregoou, saberia que, não sendo um “heroico justiceiro” ou tendo qualquer aspiração a tal, cultivo boas amizades (e não inimigos) com pessoas dos mais variados espetros políticos e sociais, apesar da distância que nos separa em muitas matérias.
Ao contrário do palestrante, não tenho de ajustar o sobrenome que utilizo na minha intervenção pública para que haja familiaridade junto da população e não senti o “chamamento” para essa intervenção apenas alguns meses antes das últimas eleições autárquicas.
Há uma velha expressão que se adequa perfeitamente a esta forma de estar: “Olha um espelho e encontrarás o teu maior inimigo”.
A tentativa de me colar a uma ofensa àqueles que contribuíram para desenvolver a nossa cidade e a retórica imposta que questiona se isto é socialismo, são mais uma demonstração das distorções demagógicas a que recorre constantemente, bem próximas da ação dos tais partidos a que insistentemente tenta colar o PS Entroncamento.
Se esperava que me calasse, a minha referência à “arrogância bacoca de uma certa burguesia de 2.ª geração” só toma ainda mais pertinência. É que esta não se refere às gerações anteriores, vincula sim, única e simplesmente, alguns dos atuais eleitos do PSD e a forma como se comportam, parte dela já atrás referida.
E não fará das minhas palavras o que bem entender, pois tenho, e já demonstrei várias vezes, um grande respeito e admiração pelas várias gerações que fizeram a nossa cidade.
Tive o privilégio de conhecer o Sr. Rui Madeira. Um grande Homem, que se construiu a pulso, norteado pelo ímpeto de criar uma vida melhor e que era reconhecido na comunidade.
Lamento que não possa reconhecer no sr. Claudino, as características que me fazem referenciar seu pai como um grande Homem, tal como outros homens e mulheres dessa e de gerações anteriores.
Não foi a minha intervenção que o colocou como cidadão de segunda, o sr. Claudino, sobre temas que não possui qualquer aptidão, é que tenta subalternizar e manietar quem da sua bacoca arrogância fundadamente discorda, tendo pouco à vontade com a livre expressão democrática de opiniões divergentes.
É que ao contrário do que o sr. Claudino afirma e como já se foi podendo constatar, quem tenta manipular a opinião pública desde que se apresentou a eleições é ele próprio.
Senão vejamos, por exemplo, quando exigiu uma alteração ao Regulamento Municipal de Afixação e Inscrição de Publicidade e Ocupação do Espaço Público na reunião de Câmara seguinte para votar favoravelmente requerimentos para esplanadas, foi ignorância ou má fé?
Primeiro, porque, se identificou algo com que discordava no regulamento até hoje não se conhece nenhuma proposta de alteração do mesmo.
Em segundo, a alteração de um regulamento com eficácia externa carece do início do procedimento de revisão, discussão pública e deliberação da assembleia municipal.
E por fim, o mais grave. É que o sr. Claudino e os demais eleitos pelo PSD, não podem ser aquilo que não fazem. Não podem dizer que defendem os comerciantes e, por ignorância ou má fé, deixar em suspenso os estabelecimentos e a vidas destes cidadãos.
Se entendiam que o regulamento colocava poucas restrições ou era discricionário (o que não concordo, mas acedo à legitimidade de o entenderem), resolviam primeiro os problemas dos cidadãos e eram diligentes na proposta de alteração que achassem necessária. Tal não aconteceu.
Portanto e como referi na reunião, não esperem que eu ou a concelhia do PS Entroncamento nos disponhamos a rebolar com o PSD no verdadeiro lamaçal que tem sido a sua lamentável ação.
Feito o enquadramento do farsante, falemos do Jardim de Infância Sophia de Mello Breyner Andresen (JISMBA).
O sr. Claudino usou crónica anterior para “levantar a ponta do véu” sobre este assunto, apresentando falsas premissas e recorrentes omissões.
Como referi na sessão da Assembleia Municipal, há duas questões de fundo que devem prevalecer: o superior interesse da comunidade e a transparência. Faço delas ponto prévio.
Vamos aos antecedentes. O projetista contratado para o projeto do JISMBA solicitou ao dono de obra um estudo geológico e geotécnico do local de implantação. O mesmo foi negado pelo Presidente da Câmara à data. O projetista realizou o projeto com essa reserva, mas como entenderão será muito difícil realizar um projeto adequado sem conhecer as reais condições do terreno.
Em 2007, foi decidido criar mais salas em acréscimo às previstas inicialmente.
As patologias graves começaram a ser visíveis pouco tempo depois da inauguração, sendo relatadas e documentadas por pais de crianças e educadoras do estabelecimento. Isto, bem antes da colocação de painéis fotovoltaicos na cobertura, a argumentativa razão para o agravamento das condições do edifício que eleitos do PSD insistiam em surdina.
Realizada a receção definitiva da obra (fim da garantia) e apesar das patologias (algumas (en)cobertas), foi libertada a caução apresentada pelo empreiteiro, que ficou desonerado do que em diante ocorresse.
Em final de 2013, surgem insistentes relatos das más condições do edifício. É solicitado à Divisão de Gestão Urbanística e Obras que acompanhe a evolução das patologias.
Pelo aumento da gravidade das patologias, o referido serviço relata que não possui meios e/ou conhecimentos técnicos suficientemente aprofundados para a avaliação, face ao tipo de patologias que, entretanto, surgiram, sugerindo a contratação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
O que se sucedeu já é do conhecimento público e pela extensão remeto para as reuniões de câmara.
Ora, a primeira falácia é a de que o Estudo do LNEC refira que uma das alternativas é a “reabilitação apenas das zonas com problemas”, quando este refere sim a necessidade de uma “reabilitação global e profunda”.
Mais uma mentira é que “não há memória de erros de fiscalização grosseiros, nas obras municipais ou particulares”.
Só a título de exemplo, recordei na Assembleia Municipal:
– A pista de atletismo José Canelo, que também ela teve de ser demolida e reconstruída, por erros óbvios de acompanhamento de uma construção que era uma contrapartida de uma não cedência de espaço público num loteamento;
– A condenação a 2 anos e meio de prisão (pena suspensa) por prevaricação de titular de cargo público do Presidente eleito pelo PSD, exatamente, por erro grosseiro a beneficiar empreiteiro.
Perante esta atitude e inviabilizado o lançamento do segundo concurso público, o Partido Socialista quer apenas uma resolução célere.
Todos reconhecemos a urgência de um estabelecimento escolar que possa acolher as crianças que frequentavam o JISMBA e foram distribuídas por outras escolas, com os constrangimentos conhecidos. Reconhecemos também a pressão nos nossos estabelecimentos escolares que obriga muitos cidadãos a ter de matricular os filhos em escolas de concelhos vizinhos.
Passados dois anos, o processo voltou à estaca zero e não se vislumbra que exista a breve trecho um existente/novo jardim de infância para a cidade. Por isso exortei o Presidente da Câmara a dar conhecimento ao LNEC do teor do documento escrito pelo técnico do Município, em sentido divergente de um outro técnico do Município, para que este se possa pronunciar.
Ora, a montanha não pariu um rato. Pois o que o PSD tentou incessantemente desacreditar o Relatório do estudo do LNEC, instou a ignorá-lo, assumindo dogmaticamente que o mesmo estava ferido de vício, resolvendo-se o assunto às mãos de um eleito do PSD com a deslocação dos serviços da câmara com uma retroescavadora ao local para abrir uns buraquinhos e verificarem se há sapatas, como se ouviu numa reunião de Câmara.
As tais propostas positivas do PSD para dar uma escola à comunidade rapidamente, como já é hábito, ZERO.
Não consigo quantificar financeiramente a ausência de diversas valências na formação das crianças da nossa cidade, das quais estão privadas por este folhetim. Há o preço das coisas e há o valor das coisas. E esta privação tem um valor inestimável.
Portanto, se houve uma “ação negligente e questionável à luz do elementar bom-senso”, foi a dos eleitos do PSD.
Hoje acrescento uma outra solicitação àquela que fiz ao Presidente. Estude rapidamente outras localizações para o equipamento e promova a sua construção. Face à evolução na procura dos estabelecimentos de ensino da nossa cidade, creio que, em breve, necessitaremos dos dois.
É que depois de limpo este lamaçal, estou certo, que o terreno ou o edifício terão com certeza uma atribuição útil para as pessoas e para a cidade.
Como anteriormente disse, alguns eleitos do PSD não podem ser aquilo que não fazem.
Para que haja mais democracia: Menos arrogância, menos demagogia e, sobretudo, mais carácter precisam-se.