A vida em sociedade pressupõe regras. Alguém duvida? As regras nascem dos valores técnicos/científicos, económicos, políticos, éticos, morais e religiosos. Tal como afirma Guy Rocher: “ (…) valor é uma maneira de ser ou de agir que uma pessoa ou uma colectividade reconhecem como ideal e que faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam desejáveis e estimáveis”. Assim, são os valores, enquanto concepções gerais do bem, que definem os tipos de objectivos que as pessoas devem tentar atingir ao longo da vida, através dos diferentes comportamentos que manifestam.
Dada a pandemia que nos afecta, a saúde é uma prioridade, uma necessidade que alguns tentam ignorar, preferindo dar enfâse às paixões políticas e clubísticas. Festas políticas e festejos carnavalescos são o reflexo da cultura dum povo que teima demarcar-se do passado sem rumo futuro. Que gozo sentem os que desafiam o “vírus” e que põe em constante sobressalto os mais responsáveis.
Onde mora a lei? Que fazem as autoridades? Até parece que os desobedientes e os potenciais propagadores de doença dão razão às vivências das próprias paixões. Vivemos sob o primado dos afectos, emoções, paixões? Já Hegel dizia:” Nada de grande se faz sem paixão…” Sim! O que seria de nós sem a paixão? Mas, daí a sobrepor-se à razão! A política e o futebol ofuscam a razão. Só falta a religião para o trio se completar. Estranho. Onde está o padre?
Onde está o padre dos meus tempos de juventude? Aquele que se dizia estranho às disputas partidárias? Aquele que rezava por todos sem se fazer pagar? Era o pai da comunidade que se fazia notar pela “boa educação”; que ministrava a “boa palavra” e para quem as crianças corriam ao vê-lo para pedir a bênção.
Onde mora o padre que, junto dos poderes públicos, buscava donativos para auxiliar os mais necessitados; para construir o centro recreativo da aldeia, ou para colaborar nas festas da aldeia? Tempos que já lá vão. Agora os tempos são outros. A falta de sentimento religioso é cada vez mais evidente. O número de pessoas que assistem às missas é cada vez menor e dizer aos jovens para irem à missa, cada vez mais parece um discurso ingénuo. Os mitos religiosos, com contradições lógicas insanáveis, o cansaço dos ritos e os comportamentos de certos elementos da estrutura da Igreja, estarão na base do divórcio da vida religiosa e do povo.
Independentemente do sentido que queiramos atribuir à realidade, é preciso afazermo-nos à nova situação causada pela “Covide – 19”, e que está a varrer o mundo, independentemente dos regimes e sistemas políticos, sejam países industrializados ou designados de Terceiro Mundo. Alguns teimam em não cumprir as normas da DGS, nomeadamente as distâncias sociais. Por todo o lado, vemos comportamentos irresponsáveis. Porém, as pessoas têm outra saída que não o egoísmo. Os adeptos e os políticos têm, também, a via do altruísmo; devem apelar à simpatia enquanto instinto social que leva a considerar o “outro” não como um “diferente”, mas como um semelhante.