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Raul Pires raul.pires@entroncamentoonline.pt

Uma manhã, aí por meados de Março de 2020, necessitei de comprar bens de primeira necessidade. Submetido às regras ditadas pelo Estado de Emergência, lá fui eu a uma loja onde, há algum tempo, era um sítio lidado e comercial, cheio de azáfama; de vida. Agora, sente-se a solidão, a tristeza, a desconfiança. Nunca se viu uma coisa assim! As poucas pessoas olham-se e interrogam-se: será que está contaminado!? Depressa passam pela caixa, onde a funcionária, outrora alegra e brincalhona, agora, de máscara e luvas, apressa-se a despachar o cliente, que, rapidamente, corre para a viatura e foge para casa. Não vá o diabo tecê-las!

Já em casa, ligo a televisão e lá vem a crise Coronavírus-Covid 19.  Há um vírus que está a matar pessoas. Toda a informação verdadeira é útil porque ajuda a criar autodefesas. Quanto mais soubermos acerca da natureza deste vírus, mais apetrechados estaremos para o enfrentar. Este vírus mete medo, mas vírus sempre existiram. De facto, após o nascimento, naturalmente, adquirimos a capacidade de conviver com vírus, bactérias e fungos, com os quais temos de estabelecer relações, algo complexas, que nos permitam continuar a viver e crescer.

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Basicamente, quando o organismo humano é penetrado por vírus, bactérias ou fungos, e no organismo encontram condições de temperatura, humidade, isto é, condições necessárias para crescerem, multiplicarem-se e progredirem, atingindo o interior da pessoa, sem que haja por parte do sistema imunitário natural uma resposta, isto é, a criação de anticorpos que consigam restabelecer o equilíbrio que caracteriza o estado saudável, então, que haverá a fazer? Nos primeiros anos de vida, a criação de anticorpos é uma actividade incessante até o organismo reconhecer todos os outros seres que com ele vão conviver, para, assim, poder preparar os anticorpos que vão permitir continuar a viver com saúde. A esta atividade chama-se imunidade natural. Ora, o que é a vacinação senão antecipar ou potenciar a imunocompetência. Esta maravilha biológica, que somos todos nós, para que funcione e seja o suporte saudável de uma vida não só biológica, mas também cultural e espiritual, necessita de um sistema imunológico que desenvolva e mantenha as suas funções essenciais: imunocompetência e imunovigilância, para que a vida não seja ameaçada e a morte ocorra em tempo breve. No essencial, e para fugir à complexidade dos termos empregues, tudo se reduz à produção de anticorpos capazes de manter os vírus, bactérias e fungos a níveis suportáveis para que a vida possa continuar.

Ora, aqui é que reside o problema. O vírus Covid 19 não é conhecido pelo organismo, não há vacina ou tratamento que o elimine ou que auxiliem o organismo a criar anticorpos adequados e eficazes. É novo, cruel, que se propaga e contamina pelas vias respiratórias; que mata.

Que fazer? Muitas medidas já foram tomadas por quem de direito e conhecidas da população. Gostaria de ressalvar duas: a distância entre as pessoas e o isolamento. Edward T. Hall, no estudo que apresentou sobre as formas de comunicação não-verbais, distinguiu quatro tipos de distâncias entre as pessoas: distância íntima (até cerca de meio metro); distância pessoal (até cerca de meio metro a metro e meio); distância social (cerca de metro e meio até três metro e meio) e distância pública (além de três metros e meio).

No caso em apreço, se o covid19 se propaga respirando e contactando, que distância a manter? Parece-me que será a distância social e com maior segurança a pública. Não será? Quanto à questão do isolamento, creio que os responsáveis políticos em vez de agirem, reagiram. Quando se procedeu ao encerramento das fronteiras, já pessoas contaminadas  tinham passado por algumas delas, tal como a comunicação social transmitiu. Mesmo o encerramento, em si, foi parcial. Em minha opinião, só os transportes de mercadorias e veículos prioritários deveriam ter livre circulação, os demais restariam em quarentena nos locais onde residem a maior parte do tempo. Não estamos perante uma crise pandémica? Então numa crise global, como neste caso, há tratamento diferenciado entre cidadãos, quando sujeitos aos mesmos perigos de saúde?

Se cada um de nós cumprir as suas obrigações e responsabilidade, estou certo de que vamos ultrapassar esta crise e vencer este vírus cobarde e invisível. Este é o meu credo.

Um muito obrigado a todos aqueles que, na linha da frente, tudo fazem para que possamos vencer esta guerra, assim como os meus sinceros pêsames aos familiares a amigos que vêem morrer os seus entes queridos por este vírus traiçoeiro.

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