Nos últimos dias, assistimos ao lançamento da primeira pedra da esquadra da PSP do Entroncamento, algo que devia ter acontecido há mais de 20 anos. Muitos dirão que é o início de uma nova era na PSP no Entroncamento, outros dirão que finalmente… Mas o que direi eu, eu e muitos do que estão bem atentos e que tentam projetar um futuro.
Eu próprio pedi e fiz refletir isso em programas eleitorais uma nova esquadra. Mas ao dia de hoje eu digo que este projeto não devia ter arrancado. Por mais controverso que isto possa parecer, não acredito que o benefício para a cidade seja relevante.
Passo a explicar para não ficarem com dúvidas ou com julgamentos errados, tal como peço que não retirem frases avulsas desta minha reflexão, pois é bastante sério o que digo, e que já há uns tempos venho a afirmar e defender.
Este projeto de esquadra tem pelo menos 5 anos e terá sensivelmente 7 anos quando a esquadra ficar concluída. O Entroncamento mudou muito em 5 anos, quanto mais em 7. Ou seja, este modelo de esquadra foi pensado para um Entroncamento que já não existe, foi feito a pensar numa necessidade que, devido à evolução demográfica da cidade, é bastante díspar do Entroncamento atual e do que será nos próximos anos.
Outro dos paradigmas é que não há agentes suficientes para efetuar o devido trabalho e dever da PSP, nem aqui nem nas cidades à nossa volta. De que adianta ter uma esquadra nova sem agentes? De que serve ter quartos de detenção se não há quem detenha os meliantes?
Será que vamos acreditar numa promessa de que a nossa esquadra quando for inaugurada tenha os seus quadros alargados? Se não há polícias nem se prevê que sejam repostos os quadros de polícias nos próximos anos, vamos ser uma exceção?
Mas ainda assim, vejo vantagens nesta esquadra: melhorar significativamente a dignidade de trabalho para os agentes que zelosamente tentam cumprir o seu dever e resistem teimosamente em ficar na esquadra da nossa cidade, para além disso não posso nem consigo ver grandes virtudes nesta nova esquadra.
Como eu próprio referi ao Sr. Comandante Distrital da PSP, numa assembleia municipal exclusiva para tratar da segurança, esta já não é a minha solução.
Há que ter visão estratégica e adequar os meios existentes às necessidades. Temos duas esquadras que distam cerca de 8 km uma da outra por via rodoviária (esquadra de Torres Novas). Nem numa nem noutra existem meios humanos suficientes para as necessidades.
A nossa cidade é o maior meio-urbano da região, com maior densidade populacional por metro quadrado.
Assim, fazendo uma análise construtiva com futuro e sobretudo sem bairrismos que nos toldam as decisões, deveríamos ter tido a coragem de fazer uma esquadra com tamanho e dimensões para abranger as duas cidades. Numa localização diferente, mas de maneira a colmatar verdadeiramente os anseios da nossa população e da cidade vizinha. Uma esquadra com agentes das duas esquadras existentes, com o reforço possível, com capacidade para acolher reforços temporários caso haja essa necessidade, com quartos de detenção suficientes e com várias valências, seja de investigação criminal, seja dos programas de apoio e proximidade, seja a de trânsito.
Sim, é pouco popular dizer isto porque certamente uma das cidades iria perder o local a que chamamos esquadra. Mas tudo isso passaria se as populações vissem patrulhas regulares da PSP, agentes na rua, operações de fiscalização e agentes perto das escolas e do comércio. Porque sinceramente é isso que as populações anseiam: sentir segurança e proximidade com as forças de segurança e não um edifício vazio de operacionais.
Agora que vamos ter uma esquadra nova, haja capacidade política para exigir o reforço de agentes na esquadra do Entroncamento, sejam eles para reforçar o número existente ou para suprir as faltas prolongadas dos agentes existentes. Haja capacidade e engenho de quem manda: do governo e da autarquia local