Hoje venho aqui escrever, quase em forma de desabafo, de forma a mostrar o que me vai na alma.
Considero-me uma pessoa que defende os seus valores e ideais até às últimas consequências, não sou de “meias tintas” como diz o “comum português”. Sou uma pessoa que não gosto de me sentir enganado, manipulado e abomino que me façam sentir traído.
Pois bem, é traído que me tenho sentido nestes últimos tempos, na área política, claro está. Alguns de vós devem estar a pensar que quando vim para a política devia de estar preparado para isto, mas como vim para a política para a fazer diferente, e como tenho o defeito (ou virtude) de acreditar que todos são como eu, fico com esta “ressaca” quando as pessoas não agem da mesma maneira que a minha pessoa.
Devo começar por dizer que esta crónica não quer fazer juízo de valor de ninguém, mas sim demonstrar desagrado pelas atitudes e posturas das pessoas. Nada me move contra pessoa alguma, cada um é como é, e todos temos que nos saber respeitar.
No passado dia 7, participei na assembleia municipal, lá expressei tudo o que “me vai na alma”, mas como não houve nem muita assistência, nem transmissão online, quero mostrar a todos a minha posição, revelando o que me vai na “alma política”.
Ao final de alguns anos fiz algo que pensei não vir a fazer, não votei favoravelmente ao orçamento apresentado pelo executivo. Abstive-me, por mim, pela força política que represento, o CDS-Partido Popular, por todos os independentes que nos acompanham, pela nossa cidade, pelos entroncamentenses.
Na vida e na política acredito no mérito, no mérito das ideias e das pessoas, acredito no trabalho, na negociação e no empenho. Assim durante anos, o trabalho desenvolvido por mim e pela anterior deputada municipal, Drª Rosa Teixeira, foi um trabalho de fundo, um trabalho de negociar, um trabalho de tentar tudo por tudo para melhorar a governação da nossa cidade.
Nenhum de nós se refugiou em ir ao debate, de defender as nossas ideias, de apresentar propostas, de lutar pela inclusão das nossas medidas no orçamento municipal, de melhorar as medidas do executivo, de contribuir, sempre em prol do verdadeiro benefício para o Entroncamento.
Relembro de algumas conquistas que as famílias e munícipes sentem no seu dia a dia, a Taxa de IMI com benefício paras famílias numerosas, o vale de 25€ para os alunos entre o 2ºCiclo e o secundário, a devolução do Centro Cultural à cultura, os equipamentos inclusivos nos parques infantis, a remodelação da pista de atletismo, a requalificação das piscinas, …tantos e tantos temas que levámos como propostas e que levámos como condições para votar a favor do orçamento.
Durante estes últimos anos, negociámos arduamente a inclusão de alguns pontos que não conseguimos, mas que nunca desistimos, pois sabíamos que mais dia menos dia viriam a ser considerados pelo executivo.
Foi o que aconteceu com a vídeo vigilância, que JÁ ESTAVA INCLUIDA no orçamento de 2021 não tendo sido executada, por falta de algo, seja por falta de dinheiro, ou por falta de vontade.
Já os Desfibrilhadores Automáticos Externos, a Assembleia Municipal teve uma proposta apresentada em 2019 aprovada por unanimidade na assembleia municipal, proposta essa feita pela Deputada Drª Rosa Teixeira.
O partido que eu represento, o CDS-Partido Popular, tinha negociado a inclusão destes itens com o Sr. Presidente do Município no dia 29 de Outubro, não foi uma negociação fácil, mas saímos de lá com esse promessa do executivo.
Porém, a vídeo vigilância que nós pretendíamos, não era meramente duas câmaras nos túneis, pretendíamos mais, queríamos, por exemplo, uma na praça Salgueiro Maia, outras na zona norte da cidade, queríamos um projeto no verdadeiro sentido da palavra.
O que está previsto não chega, nem sequer é um começo, é uma tentativa agradar a populismos baratos, sem grande capacidade, sem grande intenção de mudar a realidade, porque é essa realidade alimenta os populismos baratos e demagógicos, é isso que os faz aparecer.
Logo aqui não podíamos ser coniventes com esta medida parca e sem grande utilidade prática.
Já os desfibrilhadores Automáticos Externos, os DAE, o que nós queríamos e pretendíamos ver incluído no orçamento era um plano, um programa, onde incluía a formação de funcionários do município, tanto do setor do desporto como da cultura, a formação de treinadores e dirigentes dos clubes que usam os espaços desportivos, dos membros das associações que usam os espaços culturais. Porque os DAE deveriam ser colocados, tanto nos equipamentos desportivos, como nos equipamentos culturais assim como no mercado diário, locais onde se concentram pessoas, onde há aglomerados. Tudo isto com a coordenação tanto da proteção cível como do INEM. Isto foi o que nos foi prometido incluir a 29 de Outubro de 2021, antes de outro e qualquer partido se ter “lembrado” desta ideia, ou de ter lido no programa do CDS-Partido Popular, era assim que já o prevíamos na recomendação de 28 de Fevereiro de 2019.
Como em reunião de camara o Sr. presidente anunciou que iria colocar um na zona desportiva, porque um vereador se “lembrou” que seria bom, nós não podíamos compactuar com esta medida, por ser demasiado redutora, por ser perigosa, por ser algo sem real acrescentar de valor para a população.
Relembro que os DAE necessitam de ser utilizados por pessoas com formação ou podem ser letais.
Foi por tudo isto que eu e o partido que represento o CDS-Partido Popular nos abstivemos neste orçamento, tem ideias interessantes, tem ideias positivas, mas ainda assim é um orçamento que comtempla medidas que podiam ser das melhores ideias, que podiam ser do melhor benefício para a nossa cidade, mas que estão muito longe do que se pretendem. São medidas feitas a pensar no populismo e no “sound bite”, medidas sem ambição.
O Executivo deste município, que sempre elogiei por ser coerente, por não se deixar ir pela “espuma dos dias”, mudou, mudou e não foi para melhor, nestes dias este orçamento ficou refém de uma “maré vazia”, de uma maré que arrasta pessoas pela demagogia barata, pelos populismos de café, pelo barulho do momento.
Nunca pensei que isto fosse possível.
Eu e o partido que represento, temos um legado de ideias que mostrámos no nosso plano de ação que levámos a eleições, temos um legado de ideias que já levámos à assembleia municipal. As pessoas conhecem quem somos e como pensamos, o que temos proposto e o que temos falado. Não nos entregamos à “espuma dos dias”, nem nos deixamos levar por “mãos cheias de nada”.
Continuamos a fazer o trabalho desenvolvido até aqui. Continuaremos a ser interventivos, a concordar quando for para concordar, a discordar quando for para discordar, a mostrar a nossa indignação, a mostrar o nosso contentamento.
Estamos aqui como sempre estivemos, pela positiva, pela coerência, pela nossa cidade.
Na próxima assembleia municipal, iremos levar duas propostas de recomendação, para continuar a melhorar a nossa cidade. Não foi por não votar favoravelmente que iremos deixar de ser quem somos.
Nós somos os mesmo, continuamos no mesmo sítio político, não mudámos, quem mudou foi este executivo.
Responsabilidade, Moralidade, Princípios, Valores é com isto que nos regemos, quem nos quiser encontrar é neles que nos encontra.
Já vai longo o meu desabafo, mas não podia deixar de vos mostrar o que eu sinto eu e todos aqueles que estão comigo no CDS-Partido Popular assim como todos os independentes que nos acompanham.
A vida é feita de aprendizagens, esta foi só mais uma.