Na reunião ordinária da Câmara Municipal do Entroncamento, de 20 de dezembro de 2022, foi aprovada pelos eleitos pelo PS e pelo Chega (agora não inscrito) a construção de mais um posto de combustíveis na Rua Dr. Costa Machado no Entroncamento.
Com ironia se poderá questionar sobre o interesse e a necessidade de mais um posto de combustíveis naquela zona, tendencialmente residencial e desportiva, a pouco mais de quinhentos metros de um outro posto!?
Mas parece que já não vale a pena perder tempo com estas questões, pois os conceitos de enquadramento urbanístico e qualidade de vida no Entroncamento são alheios ao pensamento estratégico, eticamente ambicioso e moderno para a melhoria da vida na cidade.
E se este absurdo já parece suficiente, ainda assim pode questionar-se se os mesmos autarcas que aprovaram este novo posto de combustíveis já ouviram falar, pelo menos, em alterações climáticas, sustentabilidade e /ou neutralidade carbónica.
Na Europa gerou-se o compromisso de reduzir a dependência dos combustíveis fosseis, aumentando as energias renováveis, através de um processo de transição que diminui a dependência da Rússia e que, sobretudo, visa combater as alterações climáticas.
O objetivo é o de a UE passar a ter um impacto climático neutro até 2050 e, portanto, potenciar um caminho de consciencialização em que as pessoas, as cidades e os países da Europa contribuam decisivamente, e com responsabilidade, para a alteração dos comportamentos que fazem perigar o planeta.
É uma transição urgente, que já se iniciou e que exige que cada um de nós, dentro dos limites das suas responsabilidades e possibilidades, contribua para esse desígnio.
Também a Agência Internacional da Energia (IEA), preocupada com a crise climática, e para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, avançou com uma série de recomendações e sugestões de práticas para os governos, para as cidades e para os cidadãos, entre as quais o teletrabalho, a promoção do transporte público mais barato, o incentivo para andar a pé ou de bicicleta como modos de mobilidade, a restrição à circulação de carros particulares nas grandes cidades e a adoção de veículos elétricos e mais eficientes.
Assim sendo, sumariamente se conclui que andamos em sentido contrário. Quase todo o Planeta anda preocupado com as alterações climáticas, a sustentabilidade e a descarbonização. No Entroncamento, mais uma vez, estas considerações são não aplicáveis.
Haja estudo continuado e consistente, desenvolvimento informado de sensibilidade ecológica e pensamento estratégico moderno que sustente e enquadre decisões acertadas!
10 de janeiro de 2023