O Museu Nacional Ferroviário vai ser casa da exposição “Uma Aventura”, da famosa coleção de livros criada pelas autoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Exposição foi inaugurada esta sexta feira e contou com sala cheia de miúdos e graúdos
São 66 as capas em exposição de uma “aventura” que já vendeu mais de oito milhões de livros e faz parte do imaginário infanto juvenil do país. A exposição começou o seu caminho no Entroncamento mais precisamente no Museu Nacional Ferroviário, e estará patente até 28 de abril.
Depois viajará pelo país inteiro. Na inauguração da exposição estiveram presentes muitas dezenas de alunos do Agrupamento de Escolas do Entroncamento. Muitos deles a conhecerem, pela primeira vez, as histórias criadas por Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. E estavam curiosos.
Manuel Cabral, Presidente do Conselho da Fundação do Museu Nacional Ferroviário enalteceu o “incansável trabalho das equipas do museu e da câmara”, que proporcionaram o início da “viagem da exposição num dos melhores museus do mundo, e congratulou a presença de tantos alunos e alunas esperando que, até ao final da exposição, muitas e muitos mais visitem a exposição, “do concelho e de outros concelhos”.
Já Nelson Mateus, curador da exposição, fez questão de ressalvar que “nenhuma das aventuras acontece no Entroncamento, mas foi o Entroncamento que teve a ousadia de receber esta exposição o que prova ser uma terra de fenómenos”, arrancando aplausos da plateia quando assinalou os 42 anos da carreira das autoras.
“Pretendemos que seja uma longa caminhada, ir de norte a sul do país com esta exposição”, desejou Nelson Mateus, sem acabar o seu discurso antes de agradecer a Severino Coelho, da editora Caminho, sentado na fila da frente.
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada foram parcas em palavras. Afinal, a exposição e todos os livros falam por si. Ambas realçaram que o comboio tem um significado especial para elas e Isabel Alçada lembrou mesmo um episódio em que, por ocasião da pesquisa de um dos livros, fizeram uma viagem de comboio e puderam fazer “algo completamente proibido, que foi ir até à cabine do maquinista e falar com ele”. Mas logo assinalou o profissionalismo do mesmo maquinista que nunca tirou os olhos da linha.
Ilda Joaquim, vice presidente da Câmara Municipal do Entroncamento foi a representante do município dado que Jorge Faria está ausente do país em trabalho. Confessou que tem ”a coleção toda lá em casa” e enalteceu o facto de os “os intervenientes dos livros não envelhecerem e o que me fascina mais é que se mantém a irreverência das autoras”.
Uma feliz Ideia
Francisco Frederico, Secretário de Estado das Infraestruturas assinalou a “feliz ideia de colocar esta exposição neste local pois permite juntar dois objetivos que vão no sentido de tornar o mundo melhor, as pessoas lerem mais e andarem mais de comboio”. E disse que a coleção “Uma Aventura” foi “a introdução de muitos jovens à leitura” e a ocasião da inauguração como “mais um passo na evolução do museu nacional ferroviário”
Fora da Nave que alberga a exposição, havia muito movimento. Crianças num mini comboio, o natural burburinho de uma estação de comboios como a do Entroncamento e, por vezes, o som entranhava-se na sala. Nada que fosse considerado de anormal.
João Costa, Ministro da Educação, não tem dúvidas que “0 comboio é o melhor meio para ler”. “Estamos aqui a celebrar a leitura, e nos 50 anos do 25 de abril nós temos, talvez, pela primeira vez jovens que não têm memória do que foi a privação da liberdade e cujos pais também não a têm”.
De forma mais politizada, João Costa apelou à preservação da memória. “Se não preservarmos bem e não soubermos bem o que era Portugal naquela altura (antes do 25 de abril) é fácil dizer que está tudo mal, mas basta ver os níveis de analfabetismo, mortalidade infantil, maternal que existiam na altura”.
Já sobre a exposição, o ministro recordou a altura em que “estava no antigo quinto ano, em Setúbal, e houve um concurso de escrita e leitura na escola e eu concorri e ganhei. E o prémio foi uma “Aventura na Cidade. E estes livros, que as autoras nos oferecem, o que elas perceberam na altura é que ninguém se torna leitor se na infância não lerem o que gostam ou não lerem um livro até ao fim. E ler uma aventura é querer ler o livro até ao fim”
Em tempos de “imediatismo” “temos de fazer o tempo parar, e isso acontece quando lemos um livro, quando vemos uma peça de teatro, um ballet”.
A exposição estará patente até dia 28 de abril e há muitas outras atividades que podem ser consultadas em www.fmnf.pt.