Vivemos momentos difíceis em todos os aspectos. Mas um é especialmente relevante: o distanciamento a que esta pandemia nos obriga a viver. Como seres sociais que somos, o confinamento foi especialmente doloroso…
Quando, finalmente, pudemos estar próximos das pessoas que nos ajudam a melhorar os nossos dias, fazemo-lo com a alegria e a satisfação próprias de quem quer usufruir e apreciar esses momentos.
Claro que o mesmo se passa comigo e, de forma quase ritual, vou ter com os dois ou três amigos com quem partilho um pouco dos meus dias,
Passando a publicidade, normalmente vou ao “Cantinho da Maza”, não só pela amizade, mas também pelo ambiente. Neste momento, o proprietário é, felizmente, rígido no que ao cumprimento das actuais regras diz respeito e os distanciamentos são criteriosos, apesar da irresponsabilidade de alguns clientes que (em vão) tentam fazer tábua rasa das regras instituídas…
Nesse sentido, e para cumprir os devidos distanciamentos, comecei a ir juntamente com os meus amigos para o interior do Mercado Municipal que é da responsabilidade do estabelecimento acima referido. Ainda por cima, todo o espaço envolvente está sempre vazio, o que nos permite manter as distâncias e estar mais à-vontade.
Rapidamente me apercebi, também, do porquê daquele insólito abandono: simplesmente não se podia estar lá dentro com o calor insuportável que aí se sente, juntamente com o ar abafado e irrespirável.
É claro que os comerciantes estão desolados, não só pela falta de clientes, mas também pela falta de condições existentes.
Este espaço, criado pela Câmara, até nem seria mal pensado, mas os problemas são muitos, desde a sua origem.
Assim, não se percebe o porquê daquele arquitectura que transmite frieza, desconsolo, abandono e, sei lá, até alguma tristeza…
Aqueles blocos ali colocados como se fossem transitórios e a que clientes e comerciantes chamam “roulottes” são, no mínimo, de gosto duvidoso e completamente desconformes com um projecto feito de raiz. Simplesmente, parece que ali foram colocados de forma provisória. Entretanto um desses três blocos já encerrou e, na janela, encontra-se afixada uma folha A4 com a informação “Cede-se negócio”…
O palco (ou estrado) ali colocado, foi, entretanto, retirado por razões que se desconhecem. Mas o espaço também não está preparado para música, pois as condições acústicas também são péssimas, com o som a repercutir-se com uma ressonância extremamente desagradável. Mas, se o palco/estrado foi retirado, continuam bem visíveis os fios e cabos, algo que pensei que tinha acabado no século XX pois, actualmente, todas as cablagens são colocadas interiormente, não só por segurança, mas também por estética.
Mas, se iniciei este artigo com o calor que se faz sentir no interior deste espaço de restauração, não posso deixar de falar que, no Inverno, também não se pode lá estar com o frio e com as correntes de ar (que entretanto foram minimizadas).
Parece, pois, evidente, que os materiais utilizados não foram os mais adequados, não isolando o espaço nem do frio nem do calor. Ah! E se eu dissesse que chove lá dentro, acreditariam? Pois… podem acreditar!
O povo, na sua imensa sabedoria, diz que “O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e este provérbio encaixa-se que nem uma luva nesta área da restauração, que seria da responsabilidade da Câmara Municipal mas que, na realidade ninguém sabe muito bem a que atribuir responsabilidades sobre o que quer que seja.
Duma forma incompreensível, não existe nenhum Regulamento, nem nenhum horário de funcionamento.
Então como fazem os comerciantes? Que instruções devem seguir? À boa maneira portuguesa desenrascam-se!
Não havendo lei nem ordem, vão organizando e regulando um espaço que não é deles, pois a entidade responsável demarcou-se dessa responsabilidade.
O pensamento dos responsáveis camarários não deverá ter andado longe do “abrimos o espaço, agora eles que se entendam”…
Mas, e voltando ao início deste (já longo) texto, desde que começou a pandemia que a Câmara não cumpre com as normas da DGS! Segundo este órgão institucional, “as empresas, ou os responsáveis pela gestão dos estabelecimentos” (neste caso a Câmara é o responsável pelo Mercado Municipal) “deverão disponibilizar obrigatoriamente soluções de base alcoólica / álcool-gel, para profissionais e clientes, em todas as entradas e saídas dos estabelecimentos(…)”. Ora, nos cartazes colocados muito recentemente nas entradas/saídas pode-se ler “Desinfeção das mãos à entrada”. Correcto. O problema é que nada existe para desinfectar as mãos… Ou, então, “Número limitado de utilizadores no espaço”. Correcto. Mas qual é o número de utilizadores permitido? Ou, “Siga as instruções dos trabalhadores do município e das autoridades”. Correcto. Mas onde é que eles estão?
Estas situações aqui apresentadas e relativas unicamente à área de restauração, não são de agora. Costuma-se dar um tempo para que os responsáveis vejam o que não está bem e que possam corrigir o que, evidentemente está mal, ou que tenham a sensibilidade de ouvir quem está no terreno. Aconteceu o contrário: a situação ainda ficou pior do que estava!
Sei que não vou mudar nada, mas fico mais tranquilo comigo por denunciar todas estas situações que acontecem num espaço que é de todos nós!
(O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico)