Acabaram, finalmente, os debates televisivos e a frouxa campanha para as presidenciais de 2021… Com Marcelo noutro patamar. rapidamente se viu que os candidatos estariam a defender mais os ideais dos partidos que representavam do que as funções presidenciais inerentes às suas candidaturas.
Uma campanha em que a esquerda acabou por fazer tréguas entre si, como aconteceu, por exemplo, com Marisa Matias e João Ferreira ou entre a mesma Marisa e Ana Gomes. Na verdade, não foram debates, mas sim conversas de café… Chegou-se ao ponto em que o moderador era o animador: colocava as questões e era a ele que os candidatos respondiam. Nada de respostas incómodas ou provocantes. Afinal, parece que a esquerda é toda igual e que todos pensam de forma igual!
Enfim, a estratégia foi montada ao contrário e os acordos de não agressão deveriam ter passado menos pelo umbigo de cada partido e mais pelo corpo inteiro da esquerda…
A união, portanto, não faltou e todos (mas mesmo todos, jornalistas incluídos), tinham algo em comum: André Ventura/Chega!.
No entanto, só mesmo essa aliança ideológica(?) prevaleceu…
Marisa Matias, sem qualquer ideia sobre o que era ser Presidente da República, começou logo por desrespeitar a Constituição (tal como Ana Gomes), ao dizer que não aceitaria aprovar nenhum governo onde estivesse o partido Chega!.
Depois de arrasada por André Ventura no debate entre ambos, agarrou-se a uma piada de mau gosto do candidato sobre lábios vermelhos e viu isso como um princípio ideológico e, a partir daí, só falou de liberdade/igualdade das mulheres perante o bicho homem. Esqueceu-se que Marcelo sempre defendeu (e defende) esses princípios, tal como todos os homens que, verdadeiramente, o são.
Marcelo Rebelo de Sousa foi o presidente dos candidatos. Ouviu-os com benevolência; paciência e confinou… Cansar-se para quê? Estava ganho!
Tiago Gonçalves, que no penúltimo dos seus nomes tem Mayan, acabou por ficar mais conhecido por Mayan do que por Gonçalves (talvez por dar um certo estilo ou dar um ar mais cosmopolita) foi sempre sóbrio e defendeu a causa liberalista que, nitidamente, não resultou. Foi, um pouco como convencer um benfiquista a ser sportinguista… O resultado foi mau, embora tenha duplicado os votos da Iniciativa Liberal. Sabemos que o dobro de um, são dois e que duplicar um resultado, em termos percentuais é excelente mas, neste caso, não tem qualquer valor prático. Na verdade, andou sempre fora de mão e só não levou mais buzinadelas da esquerda porque ia de bicicleta…
André Ventura foi a estrela da companhia! Sem ele, acho que nem se tinha notado que havia Presidenciais…
Levou o seu discurso, algumas ideias reajustadas à nova realidade e foi, por vezes, trauliteiro. Habilidoso, levou também os seus adversários para o canto do ringue de que mais gostava. Ganhou todos os combates, exceptuando o que travou com Marcelo. Os alvos eram fáceis e, por muito que tapassem o rosto com as suas luvas, havia ainda muito por onde bater!
Graças aos governos sucessivamente inoperantes, ganhou a simpatia do povo. Disse o que esse povo pensa e mostrou que não há justiça nos apoios sociais atribuídos e que a insegurança é, cada vez mais, uma realidade bem presente.
Este filho bastardo e não reconhecido pelo PS, BE e PCP é o fruto concebido pela falta de bom senso, de ponderação e de justiça que reinam neste país. Não admira que cative e que tenha cada vez mais apoiantes! Os criminosos são libertados com toda a facilidade; a impunidade reina e a justiça tem, realmente, uma venda, mas não é para ser imparcial, é mesmo para não ver! Os partidos de esquerda não podem apontar o dedo a André Ventura! Têm, isso sim, que fazer uma enorme introspecção e ver em que estado estão a deixar este país!
Vitorino Silva poderá ser um bom calceteiro…
João Ferreira é um comunista dos antigos! O seu ar “arranjadinho” esconde um Estalinista ferrenho, defensor do Estado enquanto poder totalitário. Comungando dos ideais marxistas-leninistas, defende que países como a Venezuela, Coreia do Norte, Rússia e China são democracias exemplares. Não, muito obrigado!
Ana Gomes foi algo de estranho que passou por estas presidenciais. Nitidamente, foi o candidato que estava mais distante da realidade. Andou sempre à deriva, não percebeu que tinha sido escorraçada pelo PS e que nunca poderia ir à luta com Marcelo para uma segunda volta. Também não percebeu os presentes envenenados que recebeu, nomeadamente os apoios de Pedro Nuno Santos (Ministro das Infraestruturas e da Habitação, também aspirante a líder do PS), de Ricardo Serrão Santos (Ministro do Mar, para quem não saiba) e, pior ainda do Livre e do PAN. Só falta mesmo Eduardo Cabrita (Ministro da Administração Interna). A hacker dizia, sempre que o seu adversário era Marcelo mas, na verdade, eram António Costa e este PS, menos extremista e mais centrista. Este projecto, sem princípio e sem fim desapareceu. Os socialistas agradecem…
Apenas duas notas para terminar:
Os portugueses têm, democraticamente, o direito de escolha e a democracia não está em risco quando não se vota à esquerda.
Seria, ainda, interessante saber quantas pessoas votaram em Eduardo Batista, o primeiro candidato do boletim de voto…
(O autor não escreve segundo o actual acordo ortográfico)