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João Fanha Vieira joao.vieira@entroncamentoonline.pt

Quando tomei posse pelo terceiro mandato consecutivo e com uma quantidade razoável de pelouros, o presidente Jaime Ramos tinha na manga a mais apetecível das tarefas: “O Sr. Vice-Presidente fica; também, com o pelouro do trânsito”. Já tínhamos conversado sobre essa matéria, e fazia algum sentido, pois tinha acompanhado a equipa de técnicos que nos tinham ajudado a implementar os Transportes Urbanos na cidade (TURE).

Ora, como todos(?) sabemos, o Entroncamento não surgiu de um plano estratégico, definido e pensado e que envolveria, logicamente, a circulação rodoviária da (agora) cidade.

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Devo dizer que a indefinição com que foram criadas muitas das ruas do Entroncamento é gritante, pois foi crescendo ao sabor dos construtores que por aqui pululavam e com a complacências das autoridades municipais.

Cada um construiu quando quis e como quis e as diversas instâncias camarárias iam aceitando aquela mixórdia de projetos individuais, nunca se conseguindo colocar ou unificar os diversos projetos apresentados.

Resumindo, durante muitos anos (demasiados anos…). Quem planeou o Entroncamento foram os construtores civis. Desta forma, esta cidade é o resultado de diversos projetos individuais e, ao contrário, das peças de um puzzle não se encaixavam…

É, pois, muito complicado atribuir uma lógica ao trânsito no Entroncamento, atendendo a que a construção e as rodovias foram aparecendo sem respeitar qualquer plano pré-estabelecido, fazendo da localidade um enorme labirinto.

Mas, e voltando ao pelouro que me tinha sido atribuído, naquela altura a Câmara era fustigada por reclamações vindas dos nossos concidadãos e, muitas delas, tinham a ver com o chamado cruzamento do Santo António…

Reinava, por ali, o caos: as queixas vinham de todo o lado… Ora não havia estacionamentos na rua 1º de Maio, ora os semáforos da Rua Pedro Álvares Cabral demoravam muito até aparecer o “verde” ou, mais grave ainda, as filas de trânsito que iam do estabelecimento “Rui Madeira” (junto à escola de condução), até mais de meio do viaduto, conflituando com as duas rotundas aí existentes.

Foram muitas as horas a observar os fluxos de trânsito… Não havia fins-de-semana! Quando recolhemos os dados que achámos serem os necessários, reunimos e debatemos os dados de que dispúnhamos.

Após muitas reuniões, muitas experiências e simulações, optámos por apresentar uma proposta aparentemente lógica, mas algo radical: colocar sinalização horizontal e, em simultâneo, retirar os semáforos. Reconheço que o plano era ousado, mas todos os que tinham participado no projecto sabiam que iria funcionar.  A verdade é que não só funcionou, como foi um sucesso!

As filas tinham terminado! O trânsito e os peões fluíam sem quaisquer problemas. Toda aquela zona de conflito desapareceu e tudo fluía…

No entanto, e apos vários anos de sucesso e sem quaisquer problemas, alguém se lembrou de voltar a colocar os malfadados semáforos e fazer o Entroncamento recuar 20 anos! Vamos, pois, voltar às filas, à consequente demora dos fluxos rodoviários, aos carros parados (aumentando os níveis de poluição) à espera que caia “o verde”, ao atrito entre motoristas, às buzinadelas e às acelerações nos “amarelos” para escapar ao “vermelho”!

Termino recordando que a colocação de semáforos não é a primeira opção para controlar o trânsito, mas sim a última…

(O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico)

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