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João Fanha Vieira joao.vieira@entroncamentoonline.pt

    

Mais um novo ano escolar se inicia… Para alguns alunos é o regresso ao sacrifício, para outros é o regresso ao convívio com os colegas e, para outros ainda, porque é importante para o seu futuro.

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Para os encarregados de educação, na sua maioria, finalmente começam as aulas, os seus educandos estarão num espaço vigiado e controlado (apesar da evidente escassez de pessoal…) e também porque precisam de aprender para evoluir na vida.

E os professores? Bem, os professores começam com muitas reuniões para preparar não só o início, mas também todo o ano lectivo.

Entretanto iniciam-se as aulas. Claro que o cidadão comum vê o professor como um profissional que ensina e apoia os alunos no seu processo de aprendizagem, bem como procede à sua respectiva avaliação. No entanto, não é bem (ou só) assim…

Os profissionais de educação têm, de uma forma sucinta, como objectivos principais o saber ensinar os alunos e a existência de uma relação franca com os respectivos encarregados de educação. No entanto, esses objetivos básicos e essenciais são diluídos e desbaratados por uma verdadeira loucura de processos e procedimentos que, na maioria dos casos, são mera burocracia que contribui para extenuar e desmotivar os professores. Esta ocupação de tempo em aspectos paralelos ao ensino, só servem para desviar os professores da sua verdadeira motivação: o sucesso dos alunos.

Para que não pensem que os professores se andam constantemente a queixar sem razões evidentes, apresento-vos exemplos da carga burocrática e de procedimentos que têm que ser elaborados e cumpridos (a ordem é aleatória): o PAA (Plano Anual de Actividades); o PPA (Plano Plurianual de Actividades); o RTP (Relatório Técnico-Pedagógico); o PEA (Projecto Educativo do Agrupamento); o PM (Pano de Melhoria); o PAE (Plano de Acção Estratégica); o PT (Plano de Turma); o PCT (Plano Curricular de Turma); o PEI (Plano Educativo Individual); as AC´s (Acomodações Curriculares); o PRA (Plano de Recuperação de Aprendizagens); a S/I (Supervisão/Intervisão); o PCA (Percursos Curriculares Alternativos); a ADD (Avaliação de Desempenho Docente); as PEF (Provas de Equivalência à Frequência); a AHA (Auto e Hetero Avaliação); as PFC (Provas Finais de Ciclo); os REPA (Relatórios de Escola das Provas de Aferição); os DAC (Domínios de Autonomia Curricular); o PIEF (Programa Integrado de Educação e Formação); o RGHR (Relatório do Grupo de Homogeneidade Relativa); o RCDT (Relatório Crítico do Director de Turma)… Estes são alguns dos exemplos dos procedimentos a cumprir.

Todos estes procedimentos tiveram origem nos diversos governos que nos têm (des)governado. Os Agrupamentos pouco ou nada podem fazer sobre estas constantes avalanches de conteúdos burocráticos, de meros actos administrativos e de duvidosa mais-valia. Têm que cumprir com o que lhes é superiormente exigido pelos gabinetes arredados da realidade e nada mais podem fazer senão tentar pôr em prática aquilo que muitas vezes é ilógico e muito difícil (ou impossível) de materializar.

Terão os professores, também, que elaborar relatórios sobre o seu desempenho e frequentar acções de formação (muitas delas pagas!) em que cada professor é avaliado e que só se realizam fora do tempo lectivo (aos sábados, por exemplo) para que possam subir na carreira. É, pois, uma total falsidade dizerem que os professores não são avaliados!

Há mais? Sim, há muito mais! Estes são apenas alguns exemplos em que tudo isto obriga a que os professores se focalizem mais em papelada do que em ensinar e os professores gostam de ensinar!

(O autor não escreve segundo o acordo ortográfico)

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