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Henrique Leal henriqueleal@entroncamentoonline.pt

Na última reunião da Câmara Municipal, realizada no passado dia 3 de Agosto, foi aprovada a construção de uma bomba de gasolina no Bonito. Sim, caro leitor, leu bem, foi aprovada uma bomba de gasolina no Bonito. Mesmo ao lado do recém inaugurado supermercado Pingo Doce e, tanto quanto sei, integrando o mesmo projecto de negócio.

Vai ficar mesmo em frente à pista de atletismo e a todo o subjacente parque verde e complexo desportivo do Bonito. Agora é que vai ser. Querem melhor paliativo para o esforço decorrente da prática desportiva? Pois aí têm. Vapores de gasolina e gasóleo, permanentes e fresquinhos, irão certamente ajudar os atletas a ter mais energia e a correr mais depressa.

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Queremos dar um passeio ou fazer uma corrida no parque verde? Pois agora podemos desfrutar de um ambiente aromatizado pelos vapores da tal gasolineira.

Está a pensar comprar ou construir casa naquela magnífica zona residencial? Pois agora tem um bom motivo energético para fugir a sete pés de uma zona que, por obra e graça de uma desastrosa deliberação da Câmara Municipal do Entroncamento, vai assim passar de bestial a besta.

Estou indignado. Neste tempo em que tanto se fala de descarbonizar, da necessidade de substituir as energias fósseis – altamente poluidoras e inimigas do ambiente – por energias limpas e saudáveis, a Câmara Municipal do Entroncamento deliberou, impávida e despudoradamente, autorizar uma bomba de gasolina no Parque Verde do Bonito, o pulmão da cidade, como se ouve dizer tantas vezes.

Como é possível, senhores autarcas, viabilizar-se uma barbaridade destas, mesmo em frente ao complexo desportivo?

Como é possível que não tenha havido nenhum parecer técnico e paisagístico a desaconselhar tal instalação naquela zona, contígua, não apenas ao parque verde mas também a uma área residencial já consolidada e em expansão?

Como é possível que entre os sete eleitos do executivo apenas a vereadora do Bloco de Esquerda tenha tido a coragem de votar contra, denunciando, ao mesmo tempo, o atentado ambiental que a maioria estava a viabilizar?

Como é possível que outros organismos oficiais, como a Direcção Geral de Energia ou a Secretaria de Estado do Ambiente tenham feito vista grossa e permitido tamanho atropelo à qualidade de vida das pessoas?

Tenho sido abordado na rua e por telefone por cidadãos e cidadãs da nossa cidade inconformados e revoltados com esta deliberação tão desconforme aos princípios da boa política ambiental e devastadora da qualidade de vida da população. E perguntam-me: é esta a cidade para as pessoas que andou por aí apregoada nos cartazes?

A política é o governo da cidade e a cidade tem sempre de ser governada. Mas bem governada. Por isso, é bom que os governados registem estes actos lesivos da sua qualidade de vida para que, quando estiverem a escolher os governantes, possam separar o trigo do joio e votar em quem efectivamente protege os seus interesses, os interesses de toda a população e não os interesses particulares de um qualquer investidor das Caldas da Rainha que aterrou no Entroncamento porque cá lhe deixaram construir uma bomba de gasolina no Parque Verde do Bonito.

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