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Fernanda Alves
fernanda.alves@entroncamentoonline.pt

Se há problema na sociedade que todos gostaríamos de eliminar, a violência doméstica é um deles. Este é um padrão de comportamento humano que tem vindo a aumentar, independentemente dos tempos, das raças, dos estratos sociais ou de qualquer outra característica comum ao ser humano. Seja de que forma for, é um atentado à dignidade do ser humano, seja homem ou mulher, mais novo ou mais velho.

O certo é que a violência doméstica se enraizou no nosso vocabulário, provocada pela intolerância nas relações, no casamento ou união de facto, contra crianças ou idosos, mas é sobretudo contra as mulheres, que tal facto está mais associado.

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Por isso mesmo há a necessidade de existir um dia Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado a 25 de novembro. Trata-se de denunciar a violência contra todas as mulheres e exigir a criação de políticas por todo o mundo, para a sua irradicação.

A violência existe e há que reconhecê-lo. Mais do que reconhecer, devemos encará-la como uma questão a ser combatida e resolvida.

A mulher tem sido, ao longo de décadas, entendida como o elemento mais frágil no seio do casal. Aquela que, para se proteger e proteger os seus filhos, se submete ao seu marido ou companheiro, marcada pelo estigma do macho dominador e ela, a dominada. Mas essa passividade vai-se esbatendo quer no seio familiar quer na sociedade em geral, relegando para canto aquela velha máxima de que “entre marido e mulher ninguém meta a colher”. Estamos, atualmente, muito mais despertos para este flagelo, adotando, muitos de nós uma atitude muito mais assertiva, solidária e interventiva, no que à violência doméstica diz respeito.

É também certo, que nos tempos que correm, alguns homens, também eles vítimas de violência doméstica, comecem a “sair da casca”, livres de complexos, ou de estereótipos sustentados em chavões de dominância masculina, de machismo ou até de superioridade em relação à mulher.

Dados do Observatório de Mulheres Assassinadas apontam para que em 10 dos 16 femicídios, ocorridos entre 1 de janeiro e 15 de novembro de 2020, havia sinais de violência. Desde 2004, foram 564 as mulheres mortas em contexto de violência doméstica. Em alguns casos, existiram crianças presentes no ato e muitas mais ficaram órfãos em consequência dessas mortes.

Esta não é, certamente uma sociedade digna para os nossos filhos e netos.

As Mulheres Socialistas Portuguesas, lideradas por Elza Pais estão atentas aos números e muitas têm sido as ações levadas a cabo, com entendidos na matéria, como forma de sensibilização para esta problemática.

Neste dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, as Mulheres Socialistas do Entroncamento, também dizem presente, repudiando toda e qualquer tipo de violência contra as mulheres em geral.

A motivação de género é algo que não podemos ignorar. É real e é nosso dever alertar e abanar consciências.

Fica o mote: todos somos responsáveis e a todos cabe a nobre tarefa de intervir, quanto mais não seja, denunciando para que não nos pese na consciência mais uma morte.

Fernanda Alves – Coordenadora das Mulheres Socialistas do Entroncamento – Igualdade e Direitos (MS – ID)

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