
“A cidade é um processo!”. Li esta frase algures, numa das minhas muitas leituras e ficou-me para sempre na memória. Ultimamente, fala-se muito do conceito de cidade inteligente, cidade criativa, cidade cívica…no fundo, um novo paradigma de uma cidade para as pessoas. O importante, a meu ver, está no facto de sermos capazes de usar a engrenagem da cidade para pensar como melhorar a vida dos que a habitam.
Todavia, as variáveis são muitas.
Uma cidade para as pessoas implica pensar a cidade com todos e para todos e o Entroncamento não foge à regra.
Somos muitos nestes 13,8 Km2 e agradar a todos, em simultâneo, não é possível (Somos muitos e sempre a aumentar).
A busca por soluções para os problemas sociais, económicos e culturais da cidade torna a tarefa de quem lidera o “barco”, certamente, difícil. Mas têm-se verificado algumas melhorias na nossa cidade que muitos abraçam, ainda que para outros a crítica negativa esteja, sempre, na ordem do dia.
Muito há a fazer, dirão alguns e muito mais se poderia fazer, dirão outros.
Momento alto da vida da nossa cidade aconteceu com a inauguração do Cine Teatro S. João, em novembro último. Um ícone caído no esquecimento por alguns anos e recentemente renovado pelo executivo socialista à frente da autarquia. E foi um acontecimento! A tal ponto que choveram “reclamações de uma ponta à outra da cidade, reivindicando um lugar grátis para assistir ao espetáculo inaugural.
Quero enfatizar a palavra “grátis” que servirá de mote ao propósito da minha narrativa de hoje.
Abrir (ainda mais) a cidade à cultura serviu de estímulo à renovação deste espaço cultural, requalificado por amor à cidade e à sua história. A aposta numa programação cultural diversificada, reforça a intenção de tornar o Entroncamento, cada vez mais, numa cidade para as pessoas. Assim as pessoas o entendam e aceitem fazer parte deste processo de revitalização da cidade, aderindo de forma massiva aos diferentes eventos e espetáculos que esta nova sala nos trará.
O fim de semana passado, a sala abriu-se novamente ao público. Desta vez não foi grátis, a entrada. Mas desta vez, a sala não estava cheia e ninguém reclamou.
João Pedro Pais, inaugurou o espaço, no dia do município e cantou…”tenho saudade de te ver, saudade de te abraçar…”. E a saudade ficou à porta, pois, lá dentro desfilam músicas, danças, cantigas, teatro, entre outros, que as pessoas trazem para as ruas, para os cafés e esplanadas, para a praça, para o novo mercado, animando a cidade com conversas prazerosas sobre uma nova vida que esta ganhou.
Hoje, temos uma cidade viva, dinâmica, para todos e com todos, para memória futura e coletiva, dos entroncamentenses que, desde 1965, se habituaram à dinâmica que o Cine Teatro S. João trazia ao centro da cidade e que presentemente nos traz.
E que assim continue. Que os que sempre cá viveram possam abraçar a sua cidade com carinho e satisfação. E que, os que a escolhem para viver, se sintam em casa e participem na sua vida (grátis ou não), tornando-a cada vez mais uma cidade cívica, criativa e atraente, ao serviço de todos.