PEDRO GONÇALVES | Entroncamento a ver… plástico
Hoje escrevo estas linhas com uma certa mágoa, uma mágoa que não é por mim mas por todos nós e pelo nosso planeta. O ambiente é algo que se deve preservar e que cada um de nós deve fazer o máximo para o proteger, para o melhorar, essa atitude deve começar na nossa casa, nos sítios onde trabalhamos, onde exercemos influência.
Não sou um sonhador utópico, mas sou alguém que reconhece que o plástico é um problema e há que saber utilizar esse plástico de uma maneira mais duradoura e menos descartável ,ou seja de uma forma sustentável. Cada vez mais o objectivo é aplicar bem os recursos petrolíferos e os que são usados, serem reutilizados de maneira a prolongar a vida útil dos mesmos, o petróleo não é infinito e tanto a sua transformação como os resíduos que deixa são bastante poluentes.
Um dos grandes problemas que tem existido, são os plásticos descartáveis, recurso utilizado, recurso usado, recurso em fim de vida e por fim são gastos recursos para serem reciclados, outros são incinerados com o lançamento de poluição atmosférica ,outros são colocados em aterro com consequências ambientais nefastas.
Nesse sentido a União Europeia tem legislado para o fim destes plásticos descartáveis e em Portugal temos tido até a preocupação de antecipar, cito aqui o Ministro do Ambiente : “não faz qualquer sentido utilizar um material indestrutível para um uso descartável”.
Posto isto, eu enquanto pessoa com algumas responsabilidades políticas, juntamente com a deputada do CDS-PP na assembleia municipal, elaboramos uma proposta para o fim do uso dos copos descartáveis nas festas da nossa cidade e em todas as festas patrocinadas pelo município. Esta proposta foi aprovada pela assembleia municipal a 20 de Setembro, tendo contagiado outras localidades a fazerem moções e recomendações com o mesmo conteúdo face à pertinência do tema. De Setembro até Junho passaram 9 meses, 9 meses em que o município deveria ter-se preparado para colocar em prática a recomendação aprovada na assembleia municipal.
Tal não aconteceu! O município optou por continuar com os copos descartáveis. Tendo tentado minimizar os estragos da irresponsável decisão, lançou uma campanha de recolha dos copos em troca de uma bebida. Lamentável. O reutilizar é bem mais barato para o nosso ambiente e para o nosso futuro, do que o reciclar. O reciclar envolve recursos, tem custos e todos sabemos que não será 100% eficaz. O reutilizar poderia levar ao ajustar de alguns dos nossos hábitos de consumo, mas em prol de um bem maior, o ambiente.
Uma das razões apresentadas pelo executivo é de que não houve tempo útil suficiente, deixem-me dizer que 9 meses dão para gerar um filho. Outra das razões apresentadas é a de quem queira pagar uma bebida ( o chamado pagar um copo) a alguém teria dificuldade em identificar o copo de quem… não devem ter ido a um grande evento ou festival nos últimos tempos onde esta opção do copo reutilizável é já uma realidade.
Pior que tudo isto, é que terão de o fazer até ao fim de 2020, pois existe uma lei que os irá obrigar, lei essa efectuada por um governo com a mesma orientação política deste executivo. Pois bem a 20 de Setembro não havia nenhuma lei nacional a exigir, estaríamos assim na vanguarda da luta pelo ambiente. Lamentável a decisão. Como diz o bom português, empurraram o problema com a barriga, para mais tarde, quando for obrigatório.
Já não nos bastava as faixas de plástico nas ruas a fazer de decoração, como ainda teremos os copos de plástico a infestar o nosso recinto das festas.
Mais uma vez o comboio da inovação, do ambiente e da vanguarda passou no Entroncamento, mas não parou e nós ficamos a ver… a ver o plástico.