Nos próximos dias 6 e 7 de Junho, decorrerá na Universidade Autónoma de Lisboa – «Luís de Camões», uma homenagem por ocasião do Centenário do Nascimento (1924-2024) de Justino Mendes de Almeida. O homenageado, fundador e primeiro Reitor daquela universidade, destacou-se no Ribatejo em particular, no CIEC– Centro Internacional de Estudos Camonianos, de Constância, na década de 90 e anos seguintes. Natural de Benavente, onde nasceu em 1924, licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e obteve doutoramento em Filologia Clássica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em Constância, sabe-se agora, não consta qualquer referência ao seu nome no programa oficial camoniano dos ditos 500 anos do poeta. A obra publicada pelo CIEC é vasta e deve-se em particular a Justino Mendes de Almeida (e a Manuela de Azevedo, fundadora da Casa-Memória de Camões). Nunca é demais patentear-lhe publicamente a nossa gratidão, tanto mais que se trata, de um centenário de um ilustre camonista a quem Constância tanto deve nas áreas da investigação, da educação e da obra editada. Infelizmente, é já recorrente a amnésia local neste domínio. Posso citar o caso da Doutora Maria Clara Pereira da Costa cujo passamento passou ao lado da câmara…. Na altura publiquei um artigo na imprensa sobre esta ilustre investigadora. A tempo também me pronunciei pelo facto do Município de Constância ter deixado escapar a oportunidade das comemorações nacionais destes 500 anos de Camões. Não me recordo de ter lido nada sobre o assunto nas actas das reuniões camarárias (?). Será?
Da carreira profissional de Justino Mendes de Almeida, poderíamos destacar, por exemplo, além do seu papel na UAL, a Vice-presidência, da Academia de História, do Instituto Português do Património Cultural, da Sociedade de Geografia de Lisboa. Ainda: Presidente do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia; Secretário-geral da Academia das Ciências de Lisboa.
A sua carreira político-administrativa não é menos notória: Presidente da Junta de Investigações do Ultramar; Presidente do Grupo de Missões Científicas do Zambeze; Inspector das Bibliotecas e dos Arquivos; 1961-1968 – Director-Geral da Educação do Ministério do Ultramar; 1968-08-19 a 1971-05-24 – Subsecretário de Estado da Administração Escolar; 1972 – Procurador à Câmara Corporativa por indicação do Conselho Corporativo.
Da sua carreira parlamentar temos registos de 1969 a 1973/74.
Tenho pela memória de Justino Mendes de Almeida, grande respeito e inexcedível admiração, por tudo quanto me ensinou e transmitiu, seja nos fóruns camonianos seja na Associação da Casa-Memória de Camões. Grande Humanista português, verdadeiro Homem de Letras. Amava Portugal. O seu percurso deixa rasto na História da Educação e da Cultura portuguesas. A profusão e diversidade da sua sabedoria tornaram-no num cidadão de nomeada, exímio investigador da lusofonia. Não admira portanto que haja toda um escol de distintas personalidades de díspar origem académica no alcance da sua biografia.
Tenho aqui à mão, por exemplo, um exemplar com dedicatória pessoal elogiosa, datada de 30 de Agosto de 1999, «STVDIVM DILECTVM» – Colectânea de Homenagem, pelo seu 50º Aniversário de actividade científica, edição da Academia Portuguesa da História. O Doutor Justino impulsionou, organizou e foi um elemento central na criação e actividade do Centro Internacional de Estudos Camonianos, a partir de Constância. As suas prelecções, os seus estudos, a sua oratória… era sempre fonte de abertura a novas perspectivas científicas, novidade, desafio.
Caiu-me há horas a vista ao ler o programa das comemorações dos ditos 500 anos de Camões, de organização do Município de Constância e de outras entidades. Nem uma referência ao centenário do homem que, a par de Manuela de Azevedo, deram vida e corpo ao CIEC, a partir de Constância. Talvez por desconhecimento e distraçcão, não tenham incluído nas comemorações a devida homenagem ao professor Doutor Justino Mendes de Almeida. De alguns meses a esta parte tenho vindo a incluir nas minhas crónicas referências várias às publicações do CIEC sob a égide de Justino Mendes de Almeida.
Do programa publicado pela UAL, com reserva de lugares
No dia 6 de Junho, pelas 10h00, a sessão de abertura contará com diversas intervenções. Passa-se a citar: Professor Doutor José Amado da Silva, actual Reitor da Universidade; Doutor António de Lencastre Bernardo, Presidente Conselho de Administração do Grupo Autónoma; Professor Engenheiro Luís Aires-Barros, Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa; Professor Doutor Artur Anselmo, Academia de Marinha; Professora Doutora Manuela Mendonça, Presidente da Academia Portuguesa da História; Professora Doutora Natália Corrêa Guedes, Academia Nacional de Belas Artes.
Pelas 15h00, no Salão Nobre da Academia das Ciências, terá lugar uma intervenção do Professor Doutor José Cardoso Bernardes
Universidade de Coimbra, intitulada «Justino Mendes de Almeida — Camonista».
Pelas 19h00, celebrar-se-á a Santa Missa na Igreja do Canto Condestável em Campo de Ourique.
No dia seguinte, 7 de Junho, pelas 10h00, caberá ao Professor Doutor José d´Encarnação nova intervenção, desta vez sob o título «Justino Mendes de Almeida — Epigrafista». Seguir-se-ão as seguintes intervenções:
–Anonymus Neapolitanus, Professor Doutor José Cardim Ribeiro; «História Antiga e Epigrafia», Professor Doutor Vasco Mantas; «Justino Mendes de Almeida e epigrafia de Lisboa», Professor Doutor Amilcar Guerra; «O devir da Ciência Epigráfica de Justino Mendes de Almeida ao presente», Professor Doutor Armando Redentor.
Às 15h00, retomados os trabalhos, tempo ainda para uma intervenção tripartida sobre «Justino Mendes de Almeida e o seu Contributo para a Educação». Serão oradores: Doutor Alarcão Troni (Universidade Autónoma de Lisboa), Dr. José Miguel Pestana de Mello Moser e a Dr.ª Maria do Rosário Santos, Antiga Aluna.
A sessão de encerramento está prevista para as 16h45, intervindo: Doutor Carlos António Pinto Coutinho, Presidente da Câmara Municipal de Benavente; Doutora Isabel de Mello Moser, Universidade Autónoma de Lisboa; Doutor António de Lencastre Bernardo,
Presidente Conselho de Administração do Grupo Autónoma.
José Luz
(ex-presidente do Conselho Fiscal da Casa de Camões e antigo aluno dos Fóruns Camonianos do CIEC, presididos por Justino Mendes de Almeida).
PS – Não uso o dito AOLP. Durante vários anos alertei, sem sucesso, quer o Município de Constância, quer os órgãos da Casa-Memória de Camões que sucederam a Manuela de Azevedo, para não deixarem sair da vila o Quadro de Fernão Gomes «Aparição de Cristo à Virgem» que há seculos permanecia em Constância. Ninguém se importou com a sua venda em 2012 por 40 mil euros. Afinal o autor é, nem mais nem menos o autor da Vera efígie (retrato fiel) do próprio Camões. Leio agora no programa constanciense uma conferência sobre… Fernão Gomes. Legenda da foto: À esquerda, Justino Mendes de Almeida, que veio a ser Presidente do CIEC, em Constância.