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Manuela Poitout manuelapoitout@entroncamentoonline.pt

Hoje, dia 17 de novembro, assinala a Sociedade Cooperativa dos Ferroviários e Aderentes o 108.º aniversário da criação da Sociedade, por escritura celebrada em 17 de novembro de 1913, no cartório de Miguel Serra, em Torres Novas, escritura exarada de fl. 5 a fl. 15, do livro de notas para atos e contratos entre vivos n.º 263.

Está a Cooperativa a festejar este aniversário, que é notável, pois trata-se de uma das mais antigas associações do Entroncamento. Assinalo eu, também, esta efeméride, contribuindo com alguns documentos de arquivo pessoal, ou retirados da imprensa, de modo a dar a conhecer um pouco da História desta tão antiga e útil instituição.

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Hoje, a sociedade é uma Cooperativa de Consumo, mas, no seu início, foi uma Cooperativa de Crédito e Consumo, conforme atesta a capa do seu Regulamente Interno, impresso em 1916.

Os seus objetivos iniciais eram os seguintes:

“1.º A fornecer todos os artigos necessários à alimentação e vestuário dos sócios e todos os utensílios necessários aos usos domésticos, tudo de boa qualidade e em condições favoráveis de preço, contratando com estranhos os fornecimentos que não possa fazer de conta própria, e tudo de harmonia com estes estatutos e regulamentos especiais que se fizerem.

2.º A criar, conservar e desenvolver uma riqueza chamada “capital de continuidade”, além do fundo individual, e, para mais garantia da sua existência, este capital será formado conforme se indicar nestes estatutos.

3.º A emprestar, exclusivamente aos seus associados, quaisquer quantias com juro módico.

4.º A promover, por todos os meios ao seu alcance, o aperfeiçoamento intelectual e profissional dos sócios, criando aulas, oficinas e bibliotecas, e realizar conferências e cursos profissionais.

5.º Logo que as circunstâncias o permitam, a sociedade poderá adquirir, por compra, edifício ou edifícios próprios para dar desenvolvimento às suas operações e para instalação das suas secções.

O capital social é variável, do mínimo de 50$00 já subscrito pelos sócios fundadores em partes iguais. É formado com as quantias resultantes de quotas, joias, estatutos, diplomas, cadernetas, lucros e donativos.”

Em 9 de junho de 1969, foi certificada a escritura inicial, no cartório do notário licenciado Patrício Bismarck, e em 23 de maio de 1989, por publicação no Diário da República n.º 118 III Série, a Cooperativa passou-se a chamar-se Cooperativa de Consumo Ferroviários e Aderentes CRL, S.C.A.F.A.

Segundo Eduardo O. P. Brito, a Sociedade instalou-se inicialmente junto à passagem de nível, no rés-do-chão de um prédio há muito demolido, onde hoje está instalada a Tipografia Central.

Foi uma estadia curta, pois, passado pouco tempo, adquiriu ao farmacêutico João Bispo o seu prédio, e aí se instalou. Havia, nesse tempo, uma pequena farmácia do mesmo sr. Bispo, que funcionaria no mesmo prédio, e da qual falou, nas suas recordações, D. Estrela Pedroso, funcionária que trabalhou na Cooperativa durante anos, e que aparece numa antiga foto, com outras colegas da Cooperativa, a qual se inclui, também, nos documentos anexos. Da esquerda para a direita D. Luisa Cabral, D. Estrela Pedroso, uma senhora de apelido Gaudêncio e D. Emília.

O prédio primitivo, que aqui se mostra numa imagem antiga, foi depois ampliado, o que se pode ver, observando as duas imagens do edifício.

Em agosto de 1960, foi inaugurado o novo café SCAFA. Copio da imprensa local, a notícia respetiva.

A Sociedade Cooperativa dos Ferroviários e Aderentes, da nossa vila, acaba de inaugurar o seu novo café – amplo e elegante estabelecimento que, no seu ramo é, sem dúvida, um dos melhores da nossa região.

O novo café veio assim a suceder ao seu antigo congénere –  feliz criação do sr. Eduardo Coelho, quando presidente da Direção da Cooperativa, onde a sua passagem jamais será olvidada, pelos múltiplos benefícios que a velha coletividade lhe ficara e está devendo – por necessidades de remodelação da mercearia, cujas instalações totalmente obsoletas para um estabelecimento comercial da importância da nossa Cooperativa, já há muito que andavam a pedir “reforma”.

(O Entroncamento n.º 324, 05-09-1960)

 

Manuela Poitout

 

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