PUB

A cerimónia de celebração dos 50 anos do 25 de abril realizou-se esta manhã, em frente aos Paços do Concelho e foi presenciada por muitas dezenas de populares que ali ouviram os discursos dos deputados municipais e líderes da autarquia e da assembleia municipal

Como é normal neste dia, os discursos exaltaram os feitos da revolução dos cravos, mas também os poemas de três jovens alunos do concelho, vencedores do concurso de poesia alusivo à revolução organizado pelo Agrupamento de Escolas.

PUB

Entre os discursos, que atravessaram as várias forças políticas representadas na assembleia municipal, ficou bem clara a diferença da mensagem. Desde os avisos e alertas da esquerda (PS, Bloco de Esquerda e CDU) contra os populismos e a necessidade de defender a liberdade, à contestação da direita representada pelo Chega, CDS e o deputado independente que, mesmo celebrando o 25 de Abril, não deixaram de lembrar a importância de 25 de Novembro, uma disputa antiga sobre qual a data mais importante para o nascimento da democracia. Já o PSD centrou o seu discurso na justiça, como uma das áreas mais importantes do país e para a qual a revolução foi fundamental.

O Presidente da autarquia, Jorge Faria, exortou os jovens a defender a liberdade e elencou muitas das conquistas de Abril sob forma de estatísticas, comparando os tempos de ditadura com os tempos de democracia.

Numa cerimónia que contou com músicas de Abril cantadas pelo orfeão da cidade, foi o discurso da representante da assembleia municipal jovem, Sofia Catarina Almeida, a granjear o maior aplauso da manhã. Numa cidade marcada pela diversidade populacional, Sofia Almeida afirmou que “somos jovens que temos ouvido repetidamente muitos lugares comuns sobre o 25 de Abril (…) mas desejamos muito mais, que a Grândola Vila Morena seja crioula, mulata, negra e acolha com generosidade todos os emigrantes que entram no nossos país. Temos cada vez mais colegas de origem angolana, cabo-verdiana, brasileira, entre outras nacionalidades, que se sentam ao nosso lado nas salas de aula e têm enriquecido extraordinariamente as nossas turmas. Que o povo seja de facto unido, vigoroso e inclusivo para aceitar as diferentes identidades: de género, orientação sexual, ideologia política, religião, estética ou de moral”.

“Que o Depois do Adeus seja uma verdadeira despedida às desigualdades e injustiças, aos grandes contrastes económicos, à exclusão social e tecnológica permitindo assim que cada jovem possa escolher livremente o seu caminho. Que a madrugada esperada seja um rasgo de esperançara e equidade respondendo às necessidades e expectativas de qualquer um”.

“Que as portas que Abril abriu continuem de facto bem abertas e sem medos, com uma atitude de alegria e gratidão pelos que chegam, sabendo que nos fazem muita falta e que vivemos num mundo irreversivelmente globalizado”.

A finalizar, a jovem deputada afirmou que “nós, como muitos jovens em todo o mundo, partilhamos sem dúvidas as mesmas ambições. Não terão o jovens da Ucrânia, Israel, Rússia, Palestina ou mesmo do Irão os mesmos ideais de paz, segurança e felicidade que perseguimos? Certamente que sim”.

Sofia Almeida exortou ainda os líderes nacionais e mundiais a “ouvir mais os jovens e que bebam mais deste espreito juvenil e de fraternidade e de união que nos conduza à mudança”.

A cerimónia foi finalizada com uma canção de Pedro Dyonisio especialmente escrita pelo músico entroncamentense para celebrar a liberdade do 25 de Abril.

Texto e Fotos: Ricardo Alves

PUB